recortes no metrô
Art Attack

Recortes no Metrô: ao misturar fotografias, pensamentos e aquarelas, artista ilustra passageiros que encontra no caminho da faculdade

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O aluno do curso de Comunicação Digital, Pablo Aguiar pega todos os dias o trem urbano para chegar até a sua faculdade. E é justamente durante esse trajeto que exercita suas duas paixões, o desenho e a escrita.

Conforme o tempo foi passando, Pablo teve a brilhante ideia de começar a desenhar os passageiros que via durante o percurso do metrô em sua cidade, reescrevendo suas características. Assim surgiam pequenos “recortes” de seus pensamentos através de belíssimas fotografias, cores e aquarelas: nascia o “Recortes no metrô”.

O artista de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, conta que criou o projeto há 5 anos. Em 2015, graças a um intercâmbio, teve a oportunidade de estudar 1 ano na Espanha e também pode visitar outros países da Europa.

“Aproveitei essa oportunidade para conhecer outros metrôs, bondes e trens e, claro, registrar tudo isso com a minha câmera fotográfica e a minha caixa de aquarela. Ao todo conheci mais de 14 países. Tirei muitas fotos das estações e das partes internas dos metrôs para que eu pudesse ilustrar todos esses lugares novos e interessantes”. 

Um dos detalhe mais interessantes em suas ilustrações é que Pablo gosta de imaginar o que as pessoas estão pensando e, dependendo do país, o idioma logicamente muda. O resultado final é uma série de desenhos autênticos e super bacanas.

Confira a entrevista que fizemos com ele:

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FTC: Queria que você falasse um pouco sobre como chegou até a ilustração – e ao projeto; 

Desde pequeno, gostei de desenhar. Entretanto, desenhava muito raramente. E por isso, por não praticar, cada vez mais estava deixando de lado o desenho na minha vida.

Para chegar na minha faculdade precisava pegar um ônibus e um trem. Era mais ou menos 2 horas de viagem. Eu, na época, não tinha o hábito de desenhar em casa e isso me incomodava, pois sabia que se quisesse melhorar o meu traço deveria praticar. E, olhando para a minha rotina, percebi que poderia aproveitar o meu tempo no transporte público para fazer exatamente isso. Era um momento infelizmente perdido no meu dia, seria legal se eu pudesse fazer algo útil.

Em 2011 eu comecei. Tentei desenhar as pessoas no ônibus e no metrô, mas com o tempo eu vi que era impossível – balançava muito e eu não tinha uma visão boa dos passageiros. Porém, no metrô era perfeito. O trem não balançava tanto e os passageiros ficavam em posições perfeitas para serem desenhados. O meu trajeto durava em torno de 40 minutos, o tempo necessário que eu precisava para desenhar os meus companheiros de transporte. Nascia o Recortes no Metrô.

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FTC: Quais materiais utiliza? 

De lá para cá o meu traço e as técnicas que utilizo mudaram. No início, eu utilizava apenas uma lapiseira 0.9, o meu bloco e o photoshop para mesclar os desenhos com a foto. Hoje em dia estou tentando novas técnicas para ilustrar como a aquarela e a tinta guache.

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FTC: Qual a influência das cores nos seus trabalhos?

Gosto muito de pinturas coloridas, como as feitas e inspiradas na fase impressionista e fauvista da arte. Nunca pensei em como uma cor, solitária, poderia me inspirar. Acredito que é a mágica de uni-las – que os pintores modernistas sabiam fazer tão bem – que me inspira.

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FTC: Está tocando algum projeto específico atualmente? 

No momento está acontecendo uma exposição do meu projeto na estação de trens de Porto Alegre, a Trensurb. No futuro gostaria de me dedicar mais aos quadrinhos e a livros infantis.

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FTC: O que é arte para você e como você definiria a sua arte? 

Nossa, que difícil! Para mim, arte é qualquer forma de expressão comunicada de uma maneira poética para a outra pessoa. Posso te dizer “olá, bom dia!”, mas também posso te dar uma flor e em uma das pétalas estar escrito bom dia. Esse é um mau exemplo, mas não deixa de ser uma outra maneira de dizer bom dia. E, quem sabe, uma forma arte.

Como eu definiria a minha arte? Eu queria contar sobre o meu cotidiano. Contar sobre os transportes públicos, sobre os passageiros que vejo. Como fazer isso? A minha ideia foi mesclar desenhos, fotografias e textos. Essa foi a maneira criativa, poética, de mostrar o que vivi. Há milhares de formas possíveis, meu trabalho é só mais uma opção dentre tantos outros que estão por aí, esperando para serem encontrados.

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FTC: Com o que você se inspira? 

Me inspiro no cotidiano, com as pessoas. Há pessoas que têm rostos, cabelos e olhos que me surpreendem e isso me inspira e me deixa com muita vontade de desenhá-las. Amo desenhar os idosos também. Sem falar nas histórias que cada um tem para contar.

Me inspiro também, para melhorar a minha técnica, em grandes artistas. Ultimamente ando encantado com o Henri Manguin e as cores intensas que ele usava nas pinturas, além da ilustradora inglesa Briony May Smith.

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FTC: 5 coisas que não consegue viver sem.

Folhas, lápis, livros, amigos e surpresas.

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FTC: Uma frase que tem tudo a ver com o “Recortes no Metrô”;

Registrando os instantes que passam pelo meu caminho.

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“Meu lápis é a minha tesoura. O balançar do metrô, o balançar da rotina: o ritmo que embala a minha arte.” 

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