Conheça a incrível história de Luiz Amorim e seu açougue cultural

Luiz Amorim é natural de Salvador, mas veio para Brasília aos 7 e começou a trabalhar aos 12 anos, foi alfabetizado aos 16 e leu seu primeiro livro aos 18. Empregado de um açougue praticamente falido chamado Triângulo e Damasco, fez uma proposta e o arrematou no longínquo ano de 1994. Imediatamente mudou o nome do estabelecimento para T-Bone. Em meio à peças de fraldinha e picanha, Luiz abriu uma estante onde empilhou alguns livros que passariam a ser oferecidos gratuitamente para a leitura dos clientes. Começou com dez livros, hoje tem um acervo próximo de 20 mil.

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Inquieto, um pouco adiante, criou um projeto de noites culturais, cujo propósito era oferecer um espaço para que o público pudesse ter contato direto com escritores, músicos e artistas plásticos. As reuniões começaram modestas, agrupando cerca de 30 pessoas. Hoje, dez anos depois, contabilizam centenas na Asa Norte. Artistas de renome nacional já se apresentaram no projeto, entre eles: Milton Nascimento, Ivan Lins, Moraes Moreira, Tom Zé, João Donato, Geraldo Azevedo, Jorge Mautner, Belchior, Erasmo Carlos, entre muitos outros.

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Luiz não parou por aí e estendeu sua proposta para os pontos de ônibus da cidade. O projeto intitulado Biblioteca Popular já está em cerca de 40 paradas de ônibus com centenas de livros alocados e emprestados diariamente e também conta com as Estações Digitais, espaços com computadores e acesso à internet.

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Já há alguns anos, ele promove também a Bienal de Poesia do B, evento que acontece na rua, no qual artistas compartilham suas experiências, obras e seu amor pela cultura.

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De fora pra dentro, Luiz também se dedica com afinco a sua causa. Adota técnicas de reforço cultural entre seus empregados: cada um recebe um bônus mensal de 200 reais se ler um livro e entregar um resumo por escrito. O açougueiro não julga a qualidade da obra escolhida. “O importante é que leiam e manuseiem livros, não só carnes”.

“O meu trabalho é um trabalho de arte, o que eu faço é arte. A arte não é só quando você pinta um quadro, quando faz uma composição ou escreve um livro. Para os gregos, na teoria grega, o que eu faço também é arte, tudo que você faz que leve o ser humano a uma reflexão, é arte.”

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Por Paulo Moura

Paulo Moura é jornalista, sócio-diretor da Agência VIRTA e autor do blog Mosca Branca. Além do FTC, também escreve sobre inovação e criatividade para o Hypeness.