Ananda Taira: Mandalas, customização para grandes marcas e riqueza em detalhes

A artista Ananda Taira desenha, customiza, personaliza, cria e se destaca com sua arte, que é principalmente feita de mandalas e referências indianas.

Ela nos contou que desde pequena sempre gostou de desenhar, explorando fases que vão desde o realismo até plantas e mangá. Cursou Relações Internacionais e no futuro pretende fazer uma exposição com seus diferentes tipos de traço.

Fomos atrás dessa artista incrível para saber um pouco mais sobre sua trajetória, os desafios hoje em dia com a arte e as inseguranças desse começo. Confira! 

Tatuagem feita a partir do desenho da Ananda. Se você gosta de mandalas veja aqui mais de 30 referências de tatuagens de diferentes estilos para se inspirar!

FTC: Como você começou a definir seu estilo de traço?

Ananda: É muito difícil. Eu ainda não acho que eu tenho estilo definido, mas tento criar isso porque sei que as pessoas hoje em dia remetem muito a símbolos, estilos do artista, então isso fica marcante. Mas desenho desde pequena e já passei por várias fases diferentes.

Já gostei de desenhar realismo, quadrinhos, plantas e até mangá uma época quando eu tinha uns 11 anos. A partir de 2010 aproximadamente, no colegial, eu comecei a me interessar muito por cultura indiana, budismo, hinduísmo etc, pelo conteúdo das apostilas. Tive uma evolução porque eu comecei com mandalas, depois a estilizar mandalas, criar imagens parecidas com mandalas e assim fui começando a me desenvolver.

FTC: Você tinha objetivos no começo?

Ananda: No começo não, desenhava por hobbie, por ser algo que me relaxava, flui minha criatividade sem limitações. Em 2013 entrei na ESPM e fiz Relações Internacionais, mas lá também tem cursos de Propaganda, Publicidade e Design, então tinham muitos concursos de desenho e eu me interessei, comecei a participar e comecei a ganhar. Tenho dois grafites expostos na ESPM até hoje e todo semestre eu participava algo, de eventos.

Ananda: No começo de 2015 eu já tinha começado meu Instagram e comecei a fazer capas de celular à mão com o intuito de só divulgar. Depois disso, falei com uma amiga (Maria Montoro) de amiga minha (Patrícia Gigante) que na época me divulgou.

Tirou uma foto da minha capinha e um amigo dela, o André Guazzelli, gostou e me chamou para fazer um ação. Fiz um projeto pro Capão Redondo junto com a Sony, para que pudessem usar a minha arte em fones de ouvido e reverter isso em valores de crowdfunding (ação de financiamento coletivo) para depois virarem doações de cesta de natal. A ideia deu certo!

FTC: Como você faz para sempre criar desenhos únicos e maravilhosos?

Ananda: Gosto de trabalhar com o que vem na minha mente. Eu já tenho um tipo de traço que eu fiquei muito confortável em fazer, que eu gosto muito. Até porque no final do dia, o meu desenho é de muita repetição então ficou algo muito fluido e intuitivo para mim. Acabo fazendo o que vem na mente e se tenho algum tema, tento adaptar para isso. Mas às vezes é difícil criar, então são momentos diferentes. E por serem da minha cabeça, nenhum vai sair igual, então sempre saem vários desenhos únicos.

Falando em únicos, relembre o trabalho da Aline Miguel, que combina rostos de mulheres negras com estampas, formando imagens maravilhosas em suas obras!

FTC: Qual foi o trabalho mais desafiador que você teve e por quê?

Ananda: Eu acho difícil eu falar disso porque cada fase que eu tive de amadurecimento de conhecer o que eu gosto de fazer e da minha arte, eu tive uma dificuldade. Então a primeira foi de quando comecei a fazer desenhos não só para mim, mas que as pessoas iam ver, como meu primeiro grafite, na ESPM. Então a primeira vez eu tive uma aula de umas 2 horas com o Mundano, um grafiteiro.

Eu nunca tinha pego em uma latinha antes, achei super difícil, mas as pessoas colocaram muita pilha em mim. No final fiquei super feliz com o resultado, com o desafio. Todo mundo já tinha terminado seu grafite e eu ainda estava lá, até que minha mãe chegou para me buscar e ainda me ajudou a terminar

Ananda: Depois eu tive alguns desafios com o live painting, que é quando você faz alguma ação que você pinta ao vivo na hora. Fiz um desenho no FAM Festival 2016, no Jockey Club São Paulo. De novo eu correndo para terminar e como já era um evento bem maior, havia muita gente passando e tirando foto. Todos os live paintings que eu fiz foram complicados por conta disso, porque é muito detalhe.

Hoje é mais tranquilo para mim, mas no começo quando tem um monte de gente te olhando é muito diferente. Mas como eu vou criando da minha cabeça quando eu vejo – já estou lá há 3 horas desenhando. Com o crescimento do mundo criativo, empresas tentam aproximar isso diariamente da vida das pessoas.

FTC: Que tipo de trabalho você gostaria muito de fazer?

Ananda: Olha, eu já fiz objetos grandes e pequenos, já customizei tênis, móvel, um fone gigante da Chilli Beans, então eu queria algo diferente, que não fiz ainda e que fosse um convite de uma marca legal, uma marca que eu gosto. Já pensei por exemplo de pintar um carro e gostaria também de fazer uma exposição.

Tenho algumas ideias que gostaria de colocar em prática de desenhos que estou fazendo e acho que é muito diferente do que as pessoas normalmente veem. Então seriam 5 estilos que eu acredito que tenho: preto e branco, preto com dourado, colorido com várias mandalas, um com fotografia e outro com plantas. Queria fazer um mix disso tudo de uma forma interativa, penso muito nisso.

Customização para a @elephantparadebrasil em colaboração com outros artistas

Customização de shape para a @sambaboardsoficial

Customização de carroça para catador de lixo no projeto “Pimp my carroça”

Veja também a arte da artista brasileira Katryn Beaty , que já mostramos antes aqui no FTC!

FTC: Você foi trabalhar em algo que não tem nada a ver com a sua arte. Você pensa em algum momento apenas com seus projetos artísticos?

Ananda: Totalmente! Eu trabalho hoje em uma empresa de meios de pagamentos com a parte de negócios. Com certeza não tem nada a ver com arte, mas tem a ver com a minha faculdade e um pouco do que eu acredito, porque eu não fiz nada relacionado a arte pelo medo da arte acabar virando uma obrigação.

Mas sim, penso em ter um tempo ganhar dinheiro com o meu trabalho artístico e aos poucos focar no que eu faço de arte e ir deixando o resto de lado.

FTC: Gostaria de acrescentar algo?

Ananda: Acho que vale compartilhar que quando você gosta muito de fazer uma coisa, não necessariamente você vai conseguir fazer essa coisa na sua vida. Talvez não na maior parte do seu dia e tá tudo bem. Fique ciente disso para não se frustrar e para as pessoas de fora não ficarem também aquém das expectativas. Porque isso vai e volta, mas se você gosta, é válido não deixar isso de lado e sempre buscar isso dentro de você! 

Acompanhe Ananda Taira no Instagram! – Contato: [email protected]

Por Tereza Ribeiro

Tereza Ribeiro é estudante de Arquitetura e Urbanismo com muito prazer e está sempre procurando aprender mais sobre um pouco de tudo, principalmente sobre cenografia, criatividade, inovação, filosofia, negócios e novas formas de viver. Regida sob novos desafios e convivência constante com a arte.