Cusco Rebel: artista fala sobre suas inspirações na cultura do skate e leva arte urbana até para o design de ambientes

Cusco Rebel

Autodidadata, apaixonado por skate e arte urbana, o artista visual multidisciplinar brasileiro mais conhecido como Cusco Rebel conta para o FTC um pouco sobre o seu processo de trabalho, e como coloca criatividade e boas energias em tudo o que faz.

Embora também trabalhe como designer, tanto de interiores, produtos e gráfico, Cusco encara tudo com uma visão artística em seus trabalhos, desde quando começou a se expressar, em 1989.

Hoje, Cusco Rebel possui um estúdio exclusivo (que leva seu nome) para oferecer projetos de design com inspiração na arte, cria ambientes irreverentes, mas sempre pensando na personalização do ambiente de acordo com o cliente. Nas mãos de sua equipe, paredes, mobiliários e objetos passam por intervenções e transformações únicas. Confira entrevista:

FTC: Qual foi seu momento “a-ha”, seu estalo, para se interessar por arte?

Sempre gostei de desenhar, era uma das minhas brincadeiras favoritas. Mas em 1988, aos 15 anos, ganhei um skate de aniversário e minha cabeça pirou. Fiquei fascinado pelas artes dos shapes, das camisetas e dos anúncios das revistas, que na época, ainda sem a internet, chegavam de 2 em 2 meses na bancas, era um momento muito esperado!

Como morava em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul, quase no Uruguai, que não tinha nenhuma skateshop, comecei a confeccionar as coisas que eu via, pintando meus shapes, camisetas, as rampas dos campeonatos que fazíamos para promover o skate na cidade, tudo que eu via pela frente.

Nesse momento saí do suporte convencional que até então eu usava, a folha de papel, para outros materiais como tecido, madeira e suportes tridimensionais. Aprendi a usar técnicas como stencil, colagem, pintura acrílica e com spray. O olhar criativo que o skatista tem quando anda na rua me ajudou a observar também as coisas de um jeito diferente: existiam muitas possibilidades para eu aplicar a arte, além dos muros.

FTC: Quando resolveu viver de sua arte?

Em 1995 fui morar em Porto Alegre e formei uma dupla com um amigo que também curtia desenhar e andar de skate, se chamava “Os Crazy Parede” – começamos a fazer pinturas artísticas comerciais.

Em mais de 10 anos fizemos muitas fachadas, vitrines, cenários para televisão e tudo que vinha pela frente. Mais uma vez tive que desenvolver novas técnicas e ter a capacidade de criar sobre diversos temas, pois um dia estávamos pintando um Pet Shop e no seguinte fazendo um cenário para a Hot Weels, por exemplo.

FTC: Quando surgiu o estúdio e como funcionam os trabalhos?

Comecei a namorar a minha esposa e com 2 meses de namoro já éramos sócios. Criamos uma marca de roupas, a Yoisho. Com a dificuldade de colocar a marca nas lojas criamos uma loja multimarcas chamada Saladatômica, que só vendia estilistas novos.

Na Saladatômica, a cada 2 meses um artista ou coletivo fazia uma exposição. Quando minha esposa ficou grávida a loja ficou pequena e fomos para um sobrado antigo, onde em cima ficava a loja e no térreo uma galeria de arte.

Como a decoração era muito maluca, pois usávamos materiais alternativos, re-significávamos os objetos, colávamos lambe-lambes nas paredes, e vários artistas que passavam deixavam uma marca, a decoração começou a chamar a atenção e a CuboCC, que tinha um office ali pertinho nos pediu um projeto para fazer a primeira sede delas em São Paulo. Topamos e foi incrível!

Cusco Rebel e a décor artística criada exclusivamente para a produtora La Casa de la Madre em SP;

O processo da galeria se transformar em uma produtora de arte foi rápido, pois vimos uma boa oportunidade do negócio ser mais sustentável financeiramente. Além da decoração, também começamos a fazer projetos próprios, desenvolver produtos, projetos para publicidade e mais um milhão de coisas, afinal o universo era amplo!

Com a vinda para São Paulo, pouco mais de 4 anos, focamos no design de ambientes e cenografia. Também lançamos um toyart, o Jesus Felizão, que é a nossa versão do cara mais famoso do mundo. Mas já está dando uma vontade de botar mais alguns projetos próprios novamente na rua!

Além dos trampos do estúdio também desenvolvo trabalhos autorais como artista plástico, onde não tenho muita folga. Além das encomendas e do que faço para publicidade, tem o calendário das exposições que participo, ou seja, não dá pra parar de pintar!

FTC: Pode contar pra gente um pouco do seu processo criativo no seu dia a dia?

Meu dia é uma correria com 2 filhos e meu atelier em casa, mas sei que esse momento que estamos mais juntos é importante para nós. Vou intercalando as tarefas do dia-a-dia com foco nas necessidades do meu trabalho, como reuniões e momentos de dedicação nos projetos.

Minha cabeça está sempre trabalhando, as vezes quando estou voltando após levar um filho no colégio, faço um brainstorm. Amo o que eu faço e não tem como eu não pensar nisso! Na hora da criação curto escutar um som que me deixe super empolgado e me ajude a encontrar o flow criativo. Sempre acredito que vai vir uma grande ideia!

FTC: O que te dá mais prazer no seu trabalho? E o que dá menos?

Sinto mais prazer no momento da criação, quando o sangre ferve! E não gosto muito quando o assunto é burocrático, me cansa muito!

FTC: E agora, o que vem pela frente?

Estamos desenvolvendo alguns projetos próprios pelo estúdio e tenho uma exposição na galeria da Chilli Beans!

FTC: Pra finalizar, um bate bola jogo rápido.

-Pessoa Incrível? Rodney Mullen;

-Música/Banda? Blitzcrieg Bop / Ramones;

-Artista/Designer? Futura 2000;

-Marca? Adidas Originals;

-Sobremesa? Chocolate;

-Se ganhasse na loteria? Ia trabalhar mais ainda!

Confira mais projetos personalizados que unem arte + design criados pelo seu estúdio e acompanhe Cusco Rebel no Instagram.

Por Carol T. Moré

Carol T. Moré é editora do FTC. Internet, café, todo tipo de arte, viagens e pequenos detalhes da vida a fazem feliz. Acredita que boas histórias e inspirações transformadas em pixels conectam pessoas.