Art Attack

Rafo Castro: Artista leva para suas obras diálogo entre lúdico e divertido, colorido e sombrio, de forma descontraída

Foto: Marcelo Oliveira 

A arte está por diversos cantos e se manifesta de diversas formas. Se você ainda tem dúvida basta olhar para o artista Rafo Castro. Com 20 anos de carreira, Rafo se reinventa constantemente e uma das últimas novidade é estampar rótulos do sake gaseificado GÀZ. Por ser um dos idealizadores do projeto #Streetartrio, o artista carioca transita pelo street art, galerias, estúdios de tatuagem e projetos de design e acredita que se expressar em diferentes frentes colabora com a proliferação da arte para públicos distintos.

Seja com pinturas urbanas ou como designer, ilustrador e tatuador, Rafo Castro leva seu talento e suas criações para diversos cantos do Brasil, espalhando originalidade e obras lúdicas recheadas de formas, linhas e cores. Conhecido pelo seus personagens grotescos e engraçados que estampam as ruas do país desde 2003, Rafo teve como influência nomes como Obey Giant e Shn, artistas que têm como base o trabalho com cartazes e pôsteres, os famosos lambe lambes.

Rafo Castro hoje ministra aulas e oficinas (atualmente é professor do Núcleo de Design Gráfico do IED). Também já foi júri de algumas categorias da Bienal Brasileira de Design Gráfico, além de ter em seu currículo mais de 30 exposições individuais e coletivas. É realmente um artista visual multimídia. Confira entrevista que fizemos com ele e conheça um pouco mais sobre seu estilo:

FTC: Como surgiu a ideia de um traço “grotesco e engraçado” na criação de seus personagens?

Desenhar criaturas sempre aconteceu, desde quando eu era criança. Fazer com que a “coisa” tivesse uma personalidade própria pode ter sido uma das primeiras ideias para chegar nesse diálogo. Gosto de deixar a dúvida sobre o que aquela figura está pensando ou o que iria fazer. Os olhos expressam muito, por isso acredito que a ausência das pupilas permite que o expectador defina as expressões e características do personagem.

FTC: De onde surgiu a ideia de aplicar seus desenhos do street art aos rótulos de bebida?

Ilustrar o rótulo do GÀZ foi uma encomenda dos responsáveis que desejaram “o meu traço”. O que me possibilitou liberdade total para executá-lo, recebi como briefing somente os sabores e o resto ficou por minha conta. Foi ótimo!

FTC: Você acredita que essa seja uma forma de disseminar arte?

Claro! Arte aplicada em produtos e em embalagens singulares pode os transformar em itens colecionáveis. Excelentes exemplos são a vodka Absolut® e os relógios Swatch®. Estas duas marcas sempre me inspiraram para aplicação de trabalho gráfico em produtos para consumo.

FTC: Sua arte tem chegado em outros estados além do Rio de Janeiro?

A street art me possibilitou ultrapassar fronteiras intermunicipais e internacionais. Gosto de conhecer pessoas, trocar experiências. Estas trocas me dão novos amigos e fazem o meu trabalho evoluir. Foi assim que consegui levar minha exposição “Risco” para outras cidades e estados e colaborar com projetos de artistas gringos.

FTC: Ao desenvolver algo, você a adapta pensando em qual finalidade terá ou cria independente da forma de ser usada?

As duas situações podem acontecer, acho até que uma complementa a outra. Eu desenho a todo momento, sempre tenho comigo caneta e caderno! Guardo todos desenhos, ruins ou bons e, volta e meia, eu os revisito para desenvolver algum material. Não tenho uma regra, tudo isso depende. O lance é estar sempre criando!

FTC: Para você, o que é arte? Sempre é possível adaptá-la para diversas aplicações?

Essa pergunta é “braba”! Uma combinação de várias coisas: inspiração, expressão, trabalho, suor, persistência, experiência… tanta coisa! Não posso definir se a arte pode ou não ser adaptada a outras aplicações, isso é uma escolha do artista respeitando o propósito com sua obra.

Foto: Cintya Hein

FTC: O que e quem te inspira para criar?

Meu dia-a-dia e meus “mulekes” João e Estevão. Desenhos de crianças são as primeiras representações mais puras e isso é o que mais me inspira. Minha exposição “Cíclico” é um projeto que desenvolvi com o João, com 8 anos na época, em que ele produziu “sketches” de ideias e me dirigiu finalizando seus desenhos, resultando em uma pequena coleção cartazes no formato de lambe-lambe.

Exposição Cíclico. Foto: I Hate Flash

FTC: Qual a sua relação com as cores?

O que me guia quanto ao uso das cores é o uso e a forma de produção/impressão. Na verdade, não penso muito sobre isso. Cada situação mostra sua necessidade naturalmente. Minha preocupação maior é principalmente com o uso das cores complementares, pois o daltonismo do meu filho me trouxe uma nova relação com o emprego das cores – hoje as vejo de outra forma e é ótimo fazer esse estudo.

FTC: Quais músicas/cantores/bandas sempre estão na sua playlist de criação?

Ah, isso depende da época, mas o que não consigo é ficar sem música! Atualmente tenho ouvido muita coisa e isso abre portas para um caminho sem volta, né? O que não sai da playlist de jeito nenhum: DEFTONES, BNegão e Seletores de Frequência, Baiana System, Talking Heads, PIXIES, Ratos de Porão, Dead Fish, NoFX e toda essa galera (Fat Wreck Chords e Epitaph), Suicial Tendencies… por aí vai.

Foto: Henrique Madeira

FTC: Alguma arte sua feita para outra finalidade foi levada para alguma GÀZ?

Para os rótulos de bebidas não, mas personagens de rascunhos foram escolhidos para compor o cenário da passarela do Afroreggae no SP Fashion Week Primavera/Verão 2008 e já teve quadro meu que foi adquirido pela Nike para estampar um par de chinelo no exterior.

UM POUCO MAIS DE RAFO CASTRO

Para saber mais, acesse o site de Rafo Castro e o acompanhe em seu Instagram!