A tecnologia blockchain está ganhando força rapidamente no Brasil em setores-chave como bancos, educação, saúde e varejo, que tem investigado e apostado em seus benefícios potenciais. No entanto, quando se trata de aplicação da tecnologia blockchain, como veremos neste artigo, o entretenimento é frequentemente um dos mais subestimados.
Uma visão geral da tecnologia blockchain
A tecnologia que foi projetada para ser a base do bitcoin está agora disponível para uso em uma variedade de novos negócios e indústrias.
A blockchain essencialmente permite que transações sejam executadas entre um remetente e um destinatário em uma rede sem a necessidade de uma autoridade central, aumentando a velocidade e diminuindo os custos de cada transação.
Uma blockchain é, na prática, um banco de dados digital e descentralizado que registra transações em tempo real, cronologicamente e imutavelmente. A transação antes de ser registrada, passa por protocolos e certificados de confiança, assim, a tecnologia fornece a autenticidade das informações e garante o controle contínuo dos dados, sem a possibilidade de manipulação e erros.
Qual será o impacto da tecnologia blockchain na indústria de entretenimento?
Muitos acreditam que a blockchain possibilitará modelos de negócios inteiramente novos no futuro, já que as empresas buscam, cada vez mais, a digitalização e a inovação. Um exemplo interessante, e que ilustra bem, é a indústria de entretenimento. Esportes, cinema, concertos virtuais (não apenas shows), turismo, streaming, estão entre áreas que merecem atenção, dentro das mudanças:
Diminuição da violação de IP
Violação de propriedade intelectual (IP), pirataria digital e duplicação de conteúdo virtual custam muito dinheiro às indústrias de entretenimento ao redor de todo o mundo.
No futuro, artistas e produtores de conteúdo poderão utilizar a blockchain para gerenciar e manter seus direitos de propriedade intelectual em um registro imutável, bem como digitalizar os metadados de seu conteúdo original.
Artistas, gravadoras, plataformas e ouvintes terão uma relação mais linear. O artista, por exemplo, poderá saber onde, quando e como sua música ou obra foi consumida, o que facilita, por exemplo, o processo de checagem dos direitos autorais.
Na moda, diante deste cenário, a Prada e a Richemont se uniram à LVMH no consórcio Aura Blockchain, que criou um mecanismo de rastreabilidade dos produtos. Na prática, cada artigo recebeu um certificado único, com informações protegidas digitalmente. A tecnologia funciona como um registro dos dados.
Redução da dependência de intermediários
Indústrias de mídia e entretenimento estão repletas de intermediários. Serviços de conteúdo sob demanda, como YouTube, Spotify, Apple Music e Soundcloud, atuam como intermediários e são peças-chave na indústria da música, ao lado de gravadoras, editoras e distribuidoras.
Em Hollywood, o lançamento do 25° filme do James Bond, que arrecadou US$ 119 milhões na estreia internacional, fez uso da tecnologia de criptoativos e blockchain. O estúdio garantiu a satisfação dos cineastas, varejistas e espectadores, ao modernizar o modelo de produção e distribuição de filmes.
Na indústria de jogos de apostas, o cenário também já vem mudando. Cada vez mais, plataformas descentralizadas, também chamadas de ‘bitcoin casino’ (dentre muitos outros nomes) vem ganhando popularidade por serem uma solução mais transparente e segura.
Permite micropagamentos
Depois que um conteúdo é registrado na blockchain, a rede acompanha cada uso desse conteúdo. Esse rastreamento permite técnicas de precificação baseadas em consumo em tempo real, adaptáveis e completamente transparentes.
Através dos contratos inteligentes, que usa tecnologia de ponta para garantir a auto execução das cláusulas, por exemplo, é possível fazer pagamentos automáticos entre um espectador e criador do conteúdo. Recentemente, o Twitter adotou os micropagamentos em BTC a usuários.
O papel do blockchain na indústria de entretenimento
A tecnologia blockchain no Brasil tem o potencial de alterar drasticamente as indústrias de rádio, TV e música. No futuro, talvez ignorar serviços de streaming e repasse de royalties será possível graças à tecnologia – e isso dá aos criadores de conteúdo o controle do mercado.
Como a indústria brasileira de entretenimento é vasta, a tecnologia tem o potencial de beneficiar e alterar os negócios das principais partes mais interessadas. Como resultado, futuras soluções de pagamento e contratos baseados em blockchain eliminarão o risco associado a muitos componentes complexos da cadeia de valor deste mercado.
De fato, essa disrupção tem o potencial de influenciar fundamentalmente os preços, a forma como são feitas as publicidades, o compartilhamento de receitas e os royalties. Para transações ou vendas de anúncios, uma autoridade centralizada pode não ser mais necessária.
A expectativa é que, em breve, as transações financeiras em toda essa indústria fiquem mais baratas e a distribuição de lucros totalmente automatizada ao utilizar-se de soluções predefinidas em contratos inteligentes.