Quem convive com crianças sabe que elas se entregam totalmente as suas emoções. Quanto mais nova, mais espontânea e intensa é essa entrega. E suas reações mudam com uma velocidade impressionante. Bateu um vento e pronto, passaram de irritadas à contentes. Outro vento: de serenas à raiventas. E assim vão o dia todo.
Quando vão crescendo, as emoções “crescem” também, ou vão ficando mais complexas e misturadas. Novos sentimentos vão sendo experimentados, assim como as exigências sociais. Alegria, esperança, frustração, medo, raiva, culpa, amor e mais tantos outros. Imaginem que elas sentem tanto quanto os adultos! E precisam aprender a lidar com essas emoções para conviver na família, na escola, na praça, no mundo todo.
Tarefinha difícil essa, para nós que precisamos ajudá-los (e lidar com as nossas emoções) e para eles. Ainda bem que está cada vez mais claro que quanto mais os pequenos aprendem a lidar com as emoções, mais autoconfiantes, mais abertos ao aprendizado (não tem tanto medo da crítica) e mais motivados e tolerantes à frustração vão ficando.
As crianças que compreendem as próprias emoções também se tornam compreensivas com os outros e isso é o que nos permite viver em paz numa sociedade. Além disso, quanto mais segura de si mesma, mais encontra melhores soluções para os problemas cotidianos ou ainda situações mais sérias. Digo ainda bem porque assim também nos motivamos nessa empreitada.
E é no dia-dia que esse desenvolvimento emocional vai acontecendo: quando a gente escuta com atenção e paciência o que estão sentindo, quando a gente deixa de dizer ‘não é nada’ ou ‘vai passar’ e quando a gente dá valor aos sentimentos.
Uma maneira prática de fazer isso é: perguntar o que estão sentindo. Dar nomes aos sentimentos dá um grande alívio. Saber o que sente é mesmo reconfortante. Depois perguntar sobre o que sentem, isso faz com que se sintam iguais aos outros (embora cada um sinta de uma maneira única, os sentimentos são comuns!) e isso melhora a auto aceitação e os aproxima dos outros, gerando empatia e amor ao próximo. E para essa tarefa ainda ficar mais lúdica, vão aí três dicas!
1 – Brincar ‘De que expressão é essa!?’
Coloque um espelho na frente da criança e peça para ela fazer as diferentes expressões: alegria, tristeza, raiva, timidez, calma. Depois de observar suas expressões, peça para ele desenhar a que mais gosta ou que achou mais difícil! E aproveitem para conversar!
2- Brincar de mímica;
Brincar de mímica com as emoções também é um ótimo exercício. Você pode propor que representem ações que podem levar a algum tipo de reação e as crianças adivinham qual o sentimento. Por exemplo, a mímica de receber um presente.
Quando eles adivinharem a ação, você pergunta: ‘O que sente alguém que recebeu um presente que gostou? E um presente que não gostou? E um presente inesperado?’ E por aí vai. Divertido! E não se surpreenda se acabar descobrindo algumas novidades de seus filhos! (Desenhos de Benjamin)
3 – Pintar os sentimentos;
Uma atividade bem gostosa e que também traz à tona as emoções é trabalhar com as cores e a música. Com tinta, canetinha, lápis ou giz. Você pode colocar uma música (triste, alegre, calma, etc) e pedir para a criança relacionar com algum sentimento.
Depois, a convide para escolher uma cor para expressar esse sentimento. É incrível, mas existe algum conhecimento coletivo que nos leva a escolher cores vibrantes e fortes para sentimentos positivos e as cores mais escuras para os sentimentos negativos. Deixe a criança pintar à vontade e depois converse sobre o que sentiu. E se você animar, pinte o seu também! (Pintura: Amora, 2 anos)
Imagens: Vana Campos e Unsplash.