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Casa Bola em São Paulo é um marco da arquitetura minimalista e funciona até hoje como residência

Projeto nasceu como uma maquete experimental e tornou-se uma casa de verdade, além de objeto de fascínio

São Paulo é uma cidade para todos. Todos os tipos de pessoas, movimentos, ideias, oportunidades. Ao longo de sua história, presenciou fatos importantes na política, economia e cultura. Abriga alguns dos mais importantes museus do Brasil, bem como exibe alguns dos grandes monumentos arquitetônicos do nosso país.

Há quem não goste da cidade e há quem ande sempre com um olhar curioso e observador, mesmo depois de anos, e acaba sempre descobrindo algo novo na capital. Seja como for, é em São Paulo que podemos ver algumas das coisas mais divertidas e inusitadas. Uma delas, por exemplo, é a chamada Casa Bola.

CASA BOLA

Criada na década de 1970 pelo arquiteto Eduardo Longo, a casa está localizada na zona oeste da cidade e chama bastante atenção pelo seu formato redondo. Parece mais um disco voador que aterrissou em cima de um terreno mas, para além de um projeto de apreciação, a obra realmente serviu de lar para o arquiteto e sua família durante alguns anos.

Com oito metros de diâmetro, a casa reflete um estilo minimalista, fornecendo apenas o necessário para quem mora em uma capital que não dorme. O formato circular ajuda a manter um padrão econômico, mas exigiu algumas adaptações, como portas e janelas similares à de um barco ou submarino, que acompanhassem a curvatura da estrutura.

Baseada em anéis, a casa é firmada por chapas soldadas que fazem o papel das vigas, apoiadas nas vigas da casa original sob a qual a Casa Bola foi construída, como uma espécie de anexo. Suas paredes externas consistem originalmente de três camadas, feitas com argamassa e isopor. Posteriormente, foi adicionada uma camada externa de alumínio.

O que era apenas uma maquete virou casa para uma família de 4 pessoas morar. A intenção foi criar uma alternativa ao cimento e ao tijolo com o objetivo de baratear o custo de produção de moradias.

A ideia era usar materiais que pudessem baratear o custo de produção, já que o arquiteto imaginou que a Casa Bola poderia ser uma espécie de modelo pré-fabricado, para ser vendido em grandes quantidades. Ele chegou a conceber até mesmo uma maquete de um conjunto habitacional de casas-bola. Alguns dos móveis internos – bancadas, pias, vasos sanitários e camas – são fixos e feitos do mesmo material que reveste a estrutura.

Na época, em 1978, Eduardo pintou a Casa Bola de azul para mimetizar com o céu. Por dentro, o bege imitava e humanizava a pele, segundo o arquiteto. As bordas arredondadas, como um fundo infinito, ampliam o espaço interno.  

O salão principal do edifício possui um pé direito de quatro metros de altura, com uma sensação de amplitude graças às bordas arredondadas. Já os quartos são mais compactos e similares às cabines náuticas. Junto com Charles Holmquist, construtor de barcos, Eduardo Longo levou seis anos para finalizar a casa de 135 m² e possui 3 andares, dividida em sala de estar, copa, cozinha, três suítes, lavabo, área de serviço e sótão.

A Casa Bola existe até hoje, onde seu criador mora. Em 2013 foi aberta para visitação em um evento criado pelo Museu da Casa Brasileira durante a Bienal de Arquitetura. Aqui, o próprio Eduardo conta sobre a ideia da Casa Bola:

Na época, a casa super diferente, fez surgir boatos. Um deles dizia que Longo era um médico e estava construindo uma antena circular para se comunicar com a mulher morta. 

Super diferente não? Você moraria em uma Casa Bola? Eternizada, a Casa Bola fica na Rua Amauri, 352, no bairro de Itaim Bibi, São Paulo, mas atualmente não é aberta para visitações. 

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