Todos os anos, a Akzo Nobel (fabricante da Tintas Coral) divulga o Colour Futures, uma publicação com a previsão de tendências e cores na decoração. A empresa convida um respeitado grupo de especialistas para discutir ideias, comportamentos e sentimentos do que acontece no mundo todo. Juntos, esses profissionais compartilham seus pontos de vista e percepções.
Depois de muitas observações, pesquisas e estudos, chega-se a um consenso. Essas ideias são “traduzidas” e ganham uma apresentação especial, na qual tivemos o prazer de participar mais uma vez, na semana passada em São Paulo.
Além de lançar a cor do ano, o Colour Futures apresenta as influências dominantes e mais 4 tendências na decoração para inspirar clientes e consumidores. Em 2016, o tema central do estudo chama-se “Olhando para os dois lados”. Em tempos de crise, olhar os dois lados da vida (o bom e o ruim também, por que não?) é importante para se reinventar. Foi exatamente isso que os especialistas envolvidos perceberam.
Podemos ver vantagens na tradição, mas também na inovação. Que levar em consideração pontos de vista divergentes, nunca foi tão relevante. Que o moderno e o digital vieram para ficar, mas que também não podemos deixar de olhar para o passado para projetar o futuro. A dualidade é a maior inspiração dominante em 2016. Os opostos podem ser vistos em todas as tendências.
Mas antes de falar nas tendências, vamos apresentar a cor do ano. O Colour Futures, da Tintas Coral, indicou “Ouro Monarca” como a cor de 2016.
Esse tom de amarelo identificado tem tudo a ver com o tema-chave. Além dele ser o principal, todas as tendências apresentadas acabam tendo um toque de ouro. Esse Ocre-Dourado é levemente brilhante, perfeito para atrair a atenção e combinar com outros tons. Confira:
A cor tem sido bastante utilizada em todas as áreas do design, assim como na arquitetura, moda, beleza e decoração – tanto em ambientes internos e externos. Ela vem como uma transição natural do tom de laranja acobreado de 2015.
O “Ouro-Monarca” pode ser combinado com beges, rosas, marrons e demais tonalidades do amarelo, além de tons suaves de azul e de cinza, criando diferentes efeitos. A coleção desse ano é formada por 45 nuances das famílias dos vermelhos, amarelos, violetas, laranjas, azuis, verdes e neutros (frios e quentes). E o que podemos notar?
A paleta desse ano é amena, sofisticada, baseada em meios-tons suaves. Eles tem uma sensação calorosa, porém sutil. As cores deixaram de ser primárias avançando em uma direção a uma matiz mais sóbria, agradável, com uma faceta escura e misteriosa.
-Os amarelos são de caráter complexos com um toque ligeiramente verde ou mostarda;
-Os verdes chegam perto do cinza e apresentam uma nuance pálida que remete ao deserto;
-Os azuis trazem uma sensação aquática e tranquila, com uma elegância simples e acessível;
-Violetas são suaves e se aproximam do azul, resultando em uma aparência neutra e sofisticada;
-Os neutros são frios, básicos e requintados, com uma paleta quase perfeita de branco e preto;
-Vermelhos vem em uma tonalidade alaranjada e são de fácil convivência;
-Laranjas são frutados e convidativos / ou suaves e em tom cor de pele;
-Os neutros quentes são diversificados e nos lembram as planícies africanas;
Agora confira as 5 tendências:
Essa tendência mostra que ao contemplar o passado é possível projetar o futuro. Na feira de design de Milão, por exemplo, muitas empresas estavam mostrando sua linha do tempo juntamente com seus lançamentos futuros. Por quê? Porque sua tradição lhes dá autenticidade e credibilidade, além de promover uma ideia de longevidade.
Ao olhar para os dois lados, elas são capazes de buscar inspiração no passado, para demonstrar a base de sua identidade e ganhar confiança para seus próximos passos.
Referências históricas antigas podem contrastar – ou apoiar – os dias de hoje; e existe um consenso de que valorizando nossa história, como pessoa ou empresa, nós agregamos valor e nos tornamos mais firmes e preparados para desenhar o futuro.
Traduzindo isso em uma paleta de cores, vemos vermelhos que refletem nossa rica tradição, mas que têm também uma sensação viva e contemporânea que aponta para o futuro.
Vivemos em uma época de saturação visual, onde cada momento é registrado e postado nas mídias sociais. Como resultado, vemos mais quantidade do que qualidade, resultando na desvalorização da imagem pelo uso excessivo.
A conhecida frase “uma imagem vale mais que mil palavras” agora tem seu sentido praticamente invertido, já que palavras – escritas ou faladas – vêm sendo espremidas em nossas vidas tão corridas.
Elas são restritas ou abreviadas nas mídias sociais, enquanto cada vez mais nos comunicamos usando apenas imagens (que obviamente podem ser alteradas por meio de Photoshop, portanto nem sempre são confiáveis). Como consequência, surge uma força recém-descoberta nas palavras, especialmente quando são usadas no contexto correto.
Na China, a tradicional arte de contar histórias voltou à moda – e estamos começando a ver clubes e comunidades com este objetivo também no mundo ocidental. A tendência da valorização das palavras pode ser vista também na aplicação de letras em detalhes, na arquitetura e na decoração, porém ao invés de palavra e imagem estarem em oposição, uma complementa a outra.
A paleta de cores dessa tendência utiliza a tinta azul e o cinza do grafite, contrastando com os tons familiares das mídias sociais.
Essa tendência celebra a importância da escuridão para um bom sono, uma vida mais disposta ou até para enxergar as estrelas no céu. Assim como a luz, a escuridão é importante para a vida. A introdução da “Hora do Planeta”, na qual milhões de pessoas no mundo inteiro desligam suas luzes no mesmo dia, mostrou como a poluição luminosa nos afeta.
Pesquisas provaram a importância de termos um sono repousante, para recarregar e reorganizar nossa energia, sem sermos incomodados pela luminosidade. A poluição luminosa afeta a atividade biológica noturna das plantas e dos animais selvagens também.
As cores desta paleta então, se mesclam suavemente, lembrando as nuances do anoitecer e do amanhecer, durante a “hora dourada”.
Encontrar a si mesmo, “soltar as amarras”, deixar a imaginação fluir. Neste mundo moderno, isso é mais do que preciso. Pessoas que trabalham, tem cada vez mais a necessidade de atividades extras ou matinais, agências digitais organizam grupos de tricô, valorizando a oportunidade de produzir algo físico e tangível. Perder o controle pode parecer assustador, mas é como encontramos a nós mesmos.
Nós necessitamos ter limites em nossa vida, mesmo que queiramos nos rebelar contra eles; essa liberdade só tem significado dentro do contexto de uma estrutura. Ou, em outras palavras: você não pode sair da caixa, se você não tem uma caixa.
Por isso, as cores nesta paleta são vivas e lúdicas, ainda que contidas pelo branco e preto das grades.
Gostou? Você não precisa trocar a cor da sua casa ou escritório agora, mas talvez fique com vontade depois de conhecer todas essas tendências! Veja o estudo completo ou baixe a versão digitalizada do livro CF16 aqui.
*A jornalista viajou a convite da Tintas Coral. Follow the Colours tem total controle editorial e opinião própria sobre o conteúdo publicado.