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Cores – O Filme

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Cores é um longa-metragem produzido pela Kinoosfera Filmes e Dezenove. Dirigido por Francisco Garcia. O filme fala de 3 jovens nascidos nos anos 80 que tem vidas sem rumo e que caminham com lentidão para um destino incerto. Convidamos Márcia Granja do Blog Lá da Granja e do lindo Projeto Sonhos no Potinho para contar um pouco mais sobre essa produção nacional que estréia hoje. Márcia entrevistou o diretor de fotografia do filme, Alziro Barbosa e nos trouxe suas impressões:

É irônico escrever um post colaborativo para o Follow the Colours quando o assunto é a estreia de Cores, o primeiro longa-metragem de Francisco Garcia, e ele ser preto e branco. Cores aborda uma descolorida geração em crise, onde as relações interpessoais são fracas e quase ausentes. Com isso, a ausência das cores é proposital. No cinema, cor e luz possuem dois propósitos:
_ Contribuir para a impressão de realidade
_ Construir sentido

Para compreender a cor e a luz enquanto construção de sentido em um filme, é preciso analisar contextos históricos e sociais, além da pluralidade cultural que o filme irá abordar.

Numa rápida entrevista com o diretor de fotografia do filme, Alziro Barbosa, observei boas particularidades deste filme que já despertou minha curiosidade. A trama de Gabriel Campos e Francisco Garcia conta a história de 3 amigos com um ‘bug geracional’. Todos possuem trinta e poucos anos, e não se adaptaram ao crescimento do país, nem às questões contemporâneas. Por isso, não possuem perspectivas para recomeçarem a vida aos quase 40 anos, uma vez que suas ilusões estão perdidas. Luara, Luca e Luiz retratam bem a geração dos que não se especializaram, não foram atrás de suas ambições, e hoje se sentem aprisionados pelos seus próprios ideais. Ela trabalha em uma loja de peixes ornamentais, namora Luiz e é uma moça cheia de sonhos, mas sem iniciativa para realizá-los. Luca é um tatuador que mora no subúrbio com a avó, e que se acomodou em viver da pensão dela e não se incomodar com a falta de clientela. Já Luiz vive em uma pensão no centro e trabalha numa farmácia. Ele é o mais inquieto deles, e não gosta de ter responsabilidades.

Alziro conta que a transformação não serve para eles, que, sem grandes convicções, passam o tempo bebendo, fumando e circulando pela cidade, preservando suas individualidades. Ele diz que para Luara trabalhou-se muito com reflexos, transparências e texturas acetinadas. Para Luca, por ele ser mais humanizado, utilizaram-se de fundos opacos e seu enquadramento é sempre paralelo à câmara. Por sua vez, e pela sua personalidade desafiadora, os enquadramentos de Luiz são diagonais e as cores ao seu redor, mais densas. E aponta que quando o filme é P&B, mesmo que este tratamento seja dado em pós-produção, tudo tem que ser olhado com mais cuidado: luzes, elementos, intensidade de brilhos nas locações. “Por isso, Cores é um filme especial, pelo desafio da concepção fotográfica diante de uma construção incomum”.

Perguntei a ele o que foi mais interessante durante a produção, e, ao contrário do que o filme aborda, ele diz que a integração da equipe foi surpreendente. “Cores é um filme de amigos rodado entre amigos, cúmplices do processo, e empenhados na colaboração do todo, sem prevalência de egos”. O filme, portanto, é um relato emocional como registro dos sentimentos de uma geração urbana. Um presente para ser sentido.

Este post foi escrito ao som de Straight to hell, do The Clash.

Para saber mais > Filme Cores.

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