Trabalhar com ideias não se resume apenas a um lugar físico e específico. O cumprimento das funções diárias pelos criativos e as inspirações acompanham essas pessoas para onde elas vão. O job que começa na empresa, muitas vezes acaba, ou é prolongado em casa.
Algumas perguntas aparecem em nossas mentes quando pensamos no chamado home office – relacionadas a como manter a produtividade, a organização e, acima de tudo, as boas ideias sempre na cabeça. Mas, não é difícil encontrar pessoas que transformaram oficialmente seu próprio lar em local oficial de trabalho. Aliás, é uma grande tendência atual.
Pensando nisso, o site Co.Create convidou criativos de diversas grandes empresas para abrirem suas casas e mostrarem seus espaços pessoais. Confira as decorações, histórias e inspire-se:
1 – Tobias Van Schneider – Diretor de Arte do Spotify.
Como você descreveria a sua casa, seja seu design estético ou apenas como você a vê? O que você ama sobre ela?
Tobias: Eu diria que minha casa é mais prática e casual. Eu amo que nós (minha namorada e eu) temos diferentes peças de mobília; Há algo autêntico nisso que me faz sentir em casa. A maioria das peças foram aparecendo no apartamento ao longo dos anos e não há uma visão específica ou planejamento envolvido desde o começo.
O que eu mais amo sobre o apartamento é que nós temos janelas em ambos os lados. De manhã, o sol está inundando a cozinha e a sala de jantar, e a tarde nós temos sol entrando em nossa sala – e quarto.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Meu espaço favorito no apartamento fica definitivamente na sala de estar, a minha cadeira Eames, especialmente sentar ao sol quando ele está entrando, me relaxa, adoro ler um livro ali.
Em qual lugar você trabalha em sua casa?
Eu trabalho muito em casa e normalmente em minha mesa que está cercada com muitas coisas que eu gosto – ou projetos inspiradores que já trabalhei. É onde passo a maior parte do meu dia a dia. Caso contrário, eu gosto de sentar na cozinha com meu iPad e uma xícara de chá – é onde eu respondo meus e-mails.
2 – Chuck McBride – CCO e fundador da Agência CUTWATER;
Como você descreveria a sua casa?
Eu tenho que dizer: a arquitetura da Califórnia durante os anos 50 atingiu um nível baixo. Não é arquitetura. As casas parecem ranchos com telhados planos, não uma casa planejada de bairro. Uma caixa realmente. Uma caixa que costuma capturar a exposição do sol com o reflexo da luz de uma lagoa nos fundos.
Foi a luz que me chamou atenção – o ricochetear da água preenche a minha casa durante o inverno. É como ter a Aurora Boreal em nosso teto. Meu filho, quando tinha 12 anos, disse para mim quando entrou pela primeira vez na sala de estar: ‘Pai, a gente precisa morar nessa casa.’ E foi o que fizemos. O resto tem sido um trabalho em progresso.
Decks, janelas, pintura, pisos e bancadas. Superfícies, cores e texturas. Pensando no tema ‘água’, minha esposa projetou o interior (ela tem sua própria empresa de design, Vanessa McBride Design) e a batizou de Praia Boêmia Moderna.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Nós encontramos uma antiga cabeça gigante de Buda da Tailândia que flutua em uma caixa acrílica em um ferro-velho e fica no canto das janelas. Sabe aquelas coisas que você vê e fala ‘vou comprar isso’? Uma vez que você coloca ela em um cômodo, tudo deriva dali.
Nós também compramos uma mesa longa de café e uma espreguiçadeira para combinar. Um pequeno pedaço de Bali em Larkspur. Eu tenho colecionado pinturas legais, arte gráficas de lojas de surf e artistas locais ao longo da costa. Assim, o tema água se destaca além das paredes.
Onde você trabalha em casa?
O deck atrás da casa é provavelmente a parte mais viva, com o clima que nós gostamos em Marin. É o oposto de São Francisco, é como viver no sul da Califórnia. É onde você sempre vai me encontrar.
Eu tenho alguns lugares que sento para escrever em cada extremidade da casa. Se nada vem para a caneta em um lugar, eu mudo para outro. Um hábito estranho, mas os diferentes ambientes mudam as coisas. Eu também sento e escrevo na ilha da cozinha, acredite ou não. Nada como colocar para fora scripts tarde da noite ali, me sinto em casa.
3 – Joanna Monteiro, Vice-Presidente e diretora criativa da FCB Brasil;
Como você descreveria a sua casa?
Eu gosto de viver em um duplex por causa do espaço. Minha estante de livros é um espelho pra mim. Ela conta um pouco da minha história: fotos, coisas que eu trouxe de diferentes partes do mundo. Eu não gosto de uma casa cheia de coisas. Espaço é bom para criar, imaginar e bom para a minha filha dançar.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Eu realmente gosto de algumas peças de arte que eu tenho em casa além das feitas pela minha filha de sete anos. Eu escolhi duas peças que eu amo: Uma é a fotografia de Rita Lee, uma das maiores roqueiras brasileiras, que revolucionou a música nos anos 60, com o grupo ‘Os Mutantes’ durante o movimento da Tropicália. A foto foi feita por João Bittar, um grande fotógrafo brasileiro (1951-2011).
E a outra, é uma peça do artista contemporâneo chamado Herbert Sobral, o qual se tornou famoso no mundo com a série de trabalhos feitos em Playmobil e então fotografados. O trabalho que eu tenho em casa é ‘A Favela’, o qual é parte da série ‘Violência não é brincadeira’.
Onde você trabalha em casa?
Eu amo minha mesa. Nela eu trabalho, assisto TV, leio, faço tarefas com minha filha, tudo ao seu redor.
4 – Kate Stanners – Creative Partner – Saatchi & Saatchi – Reino Unido;
Se estou trabalhando em casa, eu estarei entre dois cômodos. Ler meus e-mails é o que eu gosto de fazer na mesa da cozinha, então sempre sento lá com meu filho enquanto ele faz a tarefa. Isso faz com que eu me sinta silenciosamente conectada e nos permite conversar no final do dia.
Se eu quero ficar quieta e preciso pensar, eu vou trabalhar na escrivaninha. Fica na frente da casa e tem uma pintura grande de meu marido e meu filho acima dela, feita por David le Fleming.
Esta pintura abaixo, já fica perto da mesa da cozinha. Foi feita por um pintor bahamense chamado Amos Ferguson e embora eu não seja de uma religião em particular, eu amo as três histórias capturadas na pintura. Ela me lembra de maravilhosos feriados em família nas Bahamas e traz cores e um raio de sol para as manhãs cinzentas de Londres.
5 – Farid Mokart, Fundador e chefe criativo do escritório Xangai da Fred & Farid Group;
Como você descreveria a sua casa e o que você ama sobre ela?
Minha casa é preenchida com uma energia que mostra de onde nós viemos: Paris. Mas vai além. Ela traz mais do que a França. Traz um pouco da Argélia e Colômbia, que é o país da minha esposa, e todos os países onde nós construímos nossa vida juntos como Inglaterra, Estados Unidos e China. O centro é Paris, em uma estética que unifica todas as diferentes culturas.
Eu me mudei de casa muitas vezes, mas como uma tartaruga que carrega seu casco para todo lugar, minha alma/espírito segue para onde eu vou. Esse universo continua coeso enquanto cresço com novos elementos que surgem de novas experiências. É um refúgio de tranquilidade, onde as vibrações são positivas.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
O valor de um objeto para mim é baseado nos meus sentimentos em relação a ele, (coisas) que estão ancoradas em sua história. O Buda, um presente de Fred quando ele retornou para a França pela primeira vez depois que se mudou para a China, é como um Bluetooth espiritual de longa distância que alivia meu humor.
A peça do bar foi criada pela minha esposa para o meu aniversário e brilha, traz sua luz e amor para mim. Eu sou tão sortudo, estou sempre bem cercado, e isso inclui os objetos.
Onde você trabalha em casa?
A escrivaninha que eu uso para chegar nas ideias é uma mesa muito velha, mas que carrega uma enorme história e tem uma estética interessante. Eu amo o paradoxo de estar em um universo de agilidade e proatividade, onde ideias formam 140 caracteres, são espalhadas pelo mundo à velocidade de um único tweet, e ver elas nascerem em uma imensa peça de madeira, que dorme ali por mais de um século e pesa mais de 100 Kg.
Ideias sempre nascem de uma mente feliz, independente do lugar: em casa, na agência ou andando de bicicleta.
6 – Fred Raillard, fundador e chefe criativo do escritório de Paris do Fred & Farid Group;
Como você descreveria a sua casa e o que você ama sobre ela?
Eu vivo em uma casa em Paris, nas cercanias da residência onde o escritor francês Emile Zola costumava morar. Paris é cheia de histórias antigas… Eu amo história. Isso faz o normal não ser normal. Uma casa em Paris é um sentimento muito diferente do que um apartamento. Você está diretamente ligada ao chão. É um sentimento diferente… uma conexão mais forte com a rua, a cidade.
Nossa casa tem uma energia muito positiva, já que era usada como um lugar secreto da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. No porão e no jardim, nós encontramos bandeiras militares francesas antigas, retratos de resistentes mortos por alemães, emblemas do FNCR (“Front National des Combattants Républicains”) com o típico roundel vermelho da Revolução Francesa de 1789, pôsteres de antiga propagandas e folhetos anti alemães.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Meu cômodo favorito para inspiração é o anexo da casa, nos fundos, atrás do pátio, uma sala cúbica simples de 50 metros quadrados, com um teto alto de oito metros e uma luz zénital. Costumava ser uma casa de impressão secreta de um antigo jornal francês, chamado “Le Combattant Républicain”, que tinha como slogan “La liberté ou la mort”.
Eu coloquei na parede 50 desenhos que eu fiz quando era mais jovem. Eu costumava desenhar o dia todo antes da minha carreira na publicidade. Nessa sala eu tenho também meu saco de pancadas para praticar Karatê. Eu tenho alguns livros de arte, filmes, fotografias e algumas pinturas de alguns amigos. Boa energia.
A mobília foi projetada por Ludwig Mies van der Rohe, Charles Eames, Jean Prouvé e alguns designers escandinavos desconhecidos. Minha peça favorita é uma espreguiçadeira preta Jean Prouvé com cintos de couro laranjas. Apenas amo. Atemporal, bacana.
Onde você trabalha em casa?
Esse lugar é surpreendentemente calmo. Você não consegue ouvir nenhum barulho da cidade. Nada. É cheio de paz. Eu chamo esse lugar de minha “Ty Kamoa”. “Ty” significa pequena casa em Brittnay —a minha região de origem— e “Kamoa” é apenas uma forma fonética engraçada de dizer “Qu’à moi”—apenas para mim — sim!
Meus três filhos sabem que é o lugar do papai. É precisamente a razão do porque eles invadem aqui o tempo todo. Eles amam o lugar do papai. E eu amo que eles amam isso.
7 – Alex Schleifer, chefe de design do Airbnb;
Como você descreveria a sua casa e o que você ama sobre ela?
É um apartamento vitoriano em São Francisco e tem muita personalidade. Nós fizemos questão de não soterrá-lo. Muito da mobília é pequena e da metade do século com respingos de cor. Minha esposa e eu estamos sempre trabalhando em projetos novos, então é importante que todo o espaço possa ser usado.
O espaço nos permite realmente transformar qualquer canto em uma área de trabalho.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Uma das minhas coisas favoritas sobre nossa casa é o quanto de luz nós conseguimos ao longo do dia. A cozinha e a sala de estar recebem muito sol e elas são ótimos lugares para sentar, ler ou trabalhar. Eu não sou muito ligado a objetos, mas eu amo a impressão que nós emolduramos em cima de nossa lareira feita pelo maravilhoso artista chamado Tim Doyle.
É uma interpretação deslumbrante de uma cena do filme Blade Runner o qual minha esposa e eu amamos. Eu também aprecio espaços práticos. Meu espaço de trabalho é construído em uma área estreita fora da cozinha. É pequeno, mas permite que eu fique ali sem me sentir isolado. É também cercado por janelas, o que faz com que o espaço pareça muito maior do que realmente é.
Onde você trabalha em casa?
Na sala de jantar ou em nossa cozinha – quando eu trabalho em grupo. Eu gosto de ter pessoas para colaborar em uma variedade de projetos. Está configurado para que possamos sentar e trabalharmos juntos. Quando eu estou fazendo música, codificando ou preciso projetar algo eu tendo a sentar onde tenho um Mac, um PC com Windows e diferentes peças de hardware que eu armazeno em um sistema de prateleira modular.
Eu trabalho muito com tecnologia, então é legal ter o equipamento certo com acesso fácil. Eu tento manter apenas o que eu preciso, mas é discutível o quão bem sucedido em sou nisso.
8 – Nick Law, chefe criativo global da R/GA;
Como você descreveria a sua casa e o que você ama sobre ela?
Nós moramos em uma casa de pedra marrom nas redondezas de Cobble Hill, no Brooklyn. Nós não temos um carro porque tudo que precisamos está há poucos passos. A residência é uma clássica casa americana.
Ela tem quatro andares, uma varanda no nível do salão e um pequeno quintal. Os interiores são simples e brancos, com algumas características originais (escadaria, lareiras) e mobiliário curioso.
Quais são algumas de suas coisas favoritas (arte, móveis, etc.) ou espaços, e por quê?
Eu amo livros e tenho muitos. Muitos são antigos que eu herdei ou achei em livrarias ao redor do mundo. Minha esposa e eu somos australianos, então nós passamos nossa infância na rua com os pés descalços.
Naturalmente isso nos fez ter certeza que o nível do salão fosse concebido totalmente aberto, sem paredes, com um vidro que se abre em direção do quintal quando o tempo permite.
Onde você trabalha em casa?
Compartilhamos um escritório no terceiro andar, virado para a rua. É um espaço bem projetado, já que minha esposa trabalha em casa e sempre têm coisas para fazer. Nós olhamos para a Court Street, uma vista clássica do Brooklyn com táxis e caminhões de entrega, as pessoas andando com seus filhos, além de uma padaria italiana tradicional que é de frente para nós.
E você? O que mais gosta na sua casa? Conta pra gente!