A capital portuguesa, Lisboa, conta com uma série de novidades de design urbano e arquitetura que tem transformado o dia a dia dos portugueses e visitantes
Não é difícil se apaixonar por Lisboa. A cidade cai facilmente na graça de qualquer pessoa. E a sua arquitetura histórica é responsável por grande parte do charme. Porém, há alguns anos, a cidade se abriu para a possibilidade do redesenho urbano. Fez um plano de reabilitação, encomendou novos espaços e repensou as áreas existentes. Inclusive, muitos brasileiros foram para lá, em busca de um lugar melhor para morar e muitos investiram em um bom projeto de arquitetura em Lisboa e já não pensam mais em voltar ao Brasil.
Essa mistura entre a arquitetura moderna e os inúmeros patrimônios nacionais, não chama a atenção apenas dos turistas; Maria Melo, livreira e editora da A+A, luta há 24 anos para divulgar o patrimônio arquitetônico português. Maria, que é uma grande fã de mapas (sim, os bons e velhos mapas de papel) ainda os usa, assinala os locais onde almoçou, deixa anotações, escreve memórias e passagem pelos locais onde foi feliz – percebeu a falta que fazia um mapa da arquitetura única de Lisboa.
Com a nova onda turística na capital, resolveu arriscar: “Este era o momento para fazer um mapa. Isto tem a ver com a vida das pessoas. As coisas estão tão a mudar, estão tão diferentes do que eram há 20 anos, que têm de ser adaptadas a isso mesmo.” Assim Maria lançou o seu Mapa da Arquitetura de Lisboa, com 170 edifícios assinalados – e também duas pontes sobre o Rio Tejo.
Maria Melo fundou a A+A há 24 anos (Filipe Amorim / Global Imagens / Site Ocio)
O MAPA DA ARQUITETURA DE LISBOA
Por mais que existam inúmeros aplicativos hoje em dia, os mapas de papel nos ajudam a ver realmente a geografia total do local: onde está o rio, o verde, o centro histórico. Ali, você tem a opção de fazer a suas próprias anotações e enxergar com clareza onde estão todas as ruas, dando uma importante noção de território, sem que o GPS apenas nos leve para tal lugar: “Nós perdemos um bocadinho a ideia de perspectiva com os telemóveis, toda a gente sabe para onde vai mas não vê o caminho e a mim aflige-me muito os jovens não olharem para a estrada onde vão“, acentua Maria para o site Ócio.
A edição do mapa é bilingue (português/inglês) – como tudo o que a editora faz – e muitos turistas já o procuraram. Algumas pessoas contam que também que optaram pelo Mapa de Maria, justamente por partilharem deste ritual de desdobrar os papéis e assinalar as passagens, escrevendo as memórias vividas nos locais Lusitanos; desde o Liceu Passos Manuel à Sede da Vodafone, passando pelo Terminal de Cruzeiros ou o Teatro LU.CA.
Hoje a editora A+A tem livros em todo o mundo, levando a arquitetura portuguesa a lugares distantes. “No outro dia chegou aqui um [arquiteto] que disse que os nossos livros estavam no Japão, numa mostra. Fiquei toda contente”.
Ideias não faltam para Maria Melo. “Tenho estrangeiros que vem aqui de propósito comprar as nossas edições. Tenho aqui arquitetos estrangeiros, de renome internacional, que vem incógnitos. Aliás foi por causa de um deles que me veio a ideia de fazer um guia de arquitetura dos arquitetos portugueses”. Ele entrou na loja e pediu um guia da obra do Siza Vieira porque estava com a família, ia percorrer Portugal de Norte a Sul para conhecer as obras do primeiro Pritzker português. “Eu disse-lhe: não há, mas eu vou fazer!”. E fez. Um ano depois saiu o guia dedicado a Siza Vieira, mais tarde o de Souto Moura e, mais recentemente, Carrilho da Graça.
Essa iniciativa é uma excelente maneira de expandir, renovar e estabelecer um diálogo urbano sensível e maduro entre o antigo e o novo – o analógico e o digital.
Por conta do projeto de Maria Melo, Lisboa renasceu enaltecendo a sua história arquitetônica. O Mapa da Arquitetura de Lisboa está à venda nas livrarias (A+A incluída) e no Turismo de Lisboa. Custa 10 euros. A editora quer agora lançar o Mapa da Arquitetura da belíssima cidade de Porto. Legal, não?!