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Regionalidade, traços marcados e cores harmônicas constroem as narrativas visuais do artista plástico pernambucano Ninhol

O apelido do artista Ninhol surgiu na infância, e talvez te remeta à palavra “ninho”. Mas apesar do termo não necessariamente ter uma ligação direta com seu nome, ele interpreta muito bem o imaginário do pernambucano, que saiu de seu ninho para alcançar altos voos.

Natural de Olinda, Jamerson Lima viveu sua infância cercado de referências da cidade materna. Procissões católicas, peregrinações e símbolos religiosos se aparelham com bonecos de carnaval, frevos e maracatus. Esses elementos, personagens, cores e histórias constroem o legado que Ninhol traz em sua memória e expressa em sua pintura.

Além dessas memórias de criança, o artista incorpora outros diversos elementos culturais brasileiros na construção de narrativas visuais com traços marcantes e cores harmônicas. Sua linguagem, inclusive, muitas vezes pode nos remeter a vitrais de templos religiosos.

Estendendo seu trabalho também a campanhas publicitárias e editoriais, a pluralidade de suas obras pode ser fortemente sentida através das cores. Suas peças que, ora são coloridas, ora em preto e branco, revelam um sentimento de difundir e preservar a memória cultural brasileira, complementando o desejo do artista de expressar essa multiplicidade através da pintura.

ENTREVISTA ARTISTA PLÁSTICO NINHOL

O FTC entrevistou o pernambucano para experimentar maior proximidade com o seu universo criativo, influências, e relação com a pintura. Confira:

FTC: Conta pra gente num tweet, quem é o Ninhol?

Ninhol: Um ser tímido mais extremamente inquieto, fã de cultura popular, ficção científica e que considera “Da Lama ao Caos – CSNZ” um dos melhores álbuns de todos os tempos.

FTC: Sabemos que Ninhol é seu apelido de infância, mas de onde ele vem e como ele se conecta com seu trabalho?

Ninhol: Realmente vem da infância e sinceramente eu não sei a origem ao certo. Sei que foram meus irmãos que começaram a me chamar assim e chegou a um ponto que nem minha mãe deve lembrar mais o meu nome oficial por assim dizer. E foi quase natural de certa forma adotá-lo, nem consigo me ver ou ao meu trabalho sem essa conexão, é quem eu sou.

FTC: Qual foi seu momento “a-ha”, seu estalo, para se interessar pela arte?

Ninhol: Foi o dia que consegui realmente expressar o que sentia, de uma forma que nenhuma outra ferramenta havia me permitido. É isso que eu quero fazer, é assim que eu sei fazer.

FTC: Como surgiu essa sua relação com a pintura?

Ninhol: Durante muito tempo, as cores principalmente me assustavam, mas eram quase essenciais ao que eu queria expressar. Neste momento a pintura surgiu, quase que como um exercício para tentar lidar melhor com as cores. E passei a me dedicar de uma forma quase obsessiva a este exercício que acabou meio que por definir hoje as características principais do meu trabalho, extremamente colorido e detalhado.

FTC: Quais as influências que estão por trás das suas obras?

Ninhol: Eu diria que tenho o nosso país como inspiração principal, vivemos em lugar onde enxergo uma coexistência fantástica, quase brutal de inúmeros elementos culturais que de certa forma se fundem e dão origem a elementos únicos. É extremamente complexo e uma fonte que ainda tem muito a ser explorada.

 

FTC: Pode contar pra gente um pouco do seu processo criativo no seu dia a dia?

Ninhol: É quase metódico. A partir do momento que desenvolvo o interesse por algum elemento que venha a se transformar em uma obra eu irei estudar, buscarei o máximo de informações a respeito de tal. De posse de tais informações eu vou para o papel, e tento enfim construir algo, só então, depois de adquirir contornos ele ganha cores.

FTC: Há muitos contrastes de cores nas suas obras. O que determina se uma nova criação será colorida ou P&B?

Ninhol: Eu diria que são trabalhos que se completam de alguma forma. O colorido é frenético, é vivo, te desafia a manter o equilíbrio diante de tantos elementos. O preto e branco é minha paz, desacelera, me leva par o outro lado da moeda, aqui o exercício é exatamente conseguir se expressar usando tão pouco. Alguns diriam que é definido pelo estado de espírito.

 

Você encontra mais conteúdo sobre Ninhol em seu site e também em seu blog e perfil no Instagram.

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