Qual o poder das cores pra você? Qual a importância que elas possuem no seu dia a dia? Provavelmente não pensamos muito em tais questões, mas elas merecem um pouco da nossa atenção. Quem não lembra do filme “O Mágico de Oz” cuja protagonista procura o caminho dos tijolos amarelos e vestia icônicos sapatos de lantejoulas vermelhas? Considerando que as cores nos rodeiam o tempo todo e que o nosso cérebro capte várias informações através delas, trabalhar esse efeito como urbanismo tático.
A ponte Puji, situada na cidade de Shanghai é um bom exemplo para elucidar a importância dessa estratégia. Inicialmente construída em 1997 conectando os distritos de Zhabei e Jing’anem, uma das áreas com maior densidade no centro de Shanghai, o empreendimento era destinado apenas a pedestres. No ano de 2009 foi adaptado para incluir a circulação de bicicletas e scooters melhorando, assim, o fluxo na área.
Em 2020, a ponte Puji ganhou um projeto elaborado pelo escritório 100 Architects, no qual as cores foram utilizadas com maestria ao longo de seu 1 Km de extensão. Confira o Antes x Depois:
Com o propósito de transformar o local em uma espécie de parque elevado e criar uma experiência urbana inusitada, o projeto não lançou mão de grandes artifícios da engenharia. De acordo com os arquitetos, não houve interferência na estrutura da obra de arte (sim, tecnicamente algumas pontes são classificadas como obras de arte), apenas foram implantados alguns decks e houve setorização do espaço através das cores e do mobiliário urbano.
A PONTE EM SHANGAI SOBRE O RIO SUZHOU
A estratégia magistral foi adotar uma hierarquia colorida que possibilitará ditar os trajetos e ritmos de travessia ao longo da ponte. O verde limão vibrante indica a via rápida para o trânsito de bicicletas e motos. Já o caminho magenta foi desenhado propositalmente de forma sinuosa para acalmar os passos dos transeuntes e incentivá-los a desfrutar a vista sobre o rio Suzhou.
O fundo em azul ciano define os espaços de socialização, lazer e contemplação. Nele estão indicados os decks, áreas para piqueniques e mini anfiteatros. A intenção dos arquitetos é que o espaço deixado vazio incentive a presença de vendedores que já são comumente vistos na ponte e a realização de eventos como mercados temporários noturnos.
Complementando as funções atribuídas à área azul, o mobiliário foi desenhado em amarelo para reforçar o convite aos usuários a se apropriarem do espaço urbano. Ainda em amarelo, foram projetados vasos de plantas que funcionam como barreiras físicas e como elemento decorativo.
Com apenas algumas modificações e quatro cores bem marcantes, o espaço da ponte Puji sofreu um grande upgrade na sua estética e funcionalidade, prova de que nosso cérebro interpreta muito bem as cores e as mensagens que elas nos passam. Muitas vezes o simples é genial, né?
Imagens: ©100architects