O Pritzker é o maior prêmio de arquitetura do mundo. E na edição deste ano o casal francês Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal foi o vencedor. Mas por quê esse prêmio é tão importante? Pois bem, ele existe como o Oscar, que tem uma relevância em trazer novas referências e destacar pessoas pelo seu belo trabalho. Além disso, quando criado em 1979 foi pautado no prêmio Nobel com a intenção de encorajar arquitetos. No entanto, se isso te desperta felicidade, vamos com calma.
PRITZKER: O COMEÇO
Apesar de ter um grande reconhecimento na comunidade arquitetônica no geral, o prêmio também é alvo de muitas críticas negativas. Isso porque, durante seus primeiros 26 anos apenas homens foram homenageados, desconsiderando às mulheres da profissão. A Arquiteta Zaha Hadid foi a primeira mulher premiada, em 2004. Infelizmente Zaha faleceu de ataque cardíaco em 2016 com 65 anos.
Não somente, Robert Venturi ganhou o prêmio sozinho em 1991, ainda que sua esposa Denise Scott Brown era co-autora dos projetos que o fizeram levar o prêmio e ela apenas reivindicou seu mérito 22 anos depois, sendo assim uma luta eterna pelo reconhecimento. Então o casal Lacaton & Vassal ter ganhado evidência em 2021 foi uma evolução do prêmio Pritzker, ainda que pequena e sutil em relação aos anos anteriores. Mas junto com os últimos vencedores, nos permite sonhar em uma premiação mais inclusiva.
PRITZKER MAIS INCLUSIVO
Nos últimos anos da premiação, mais profissionais japoneses tiveram espaço no Pritzker como o escritório SANAA, Toyo Ito, Shigeru Ban e Arata Isozaki. Além disso, o chileno Alejandro Aravena foi uma revelação em 2016, assim como o 1º indiano premiado, Balkrishna Doshi, vencedor em 2018 (39ª edição). Ou também dos grupos premiados, temos o Espanhol RCR (2 arquitetos e 1 arquiteta) e a dupla irlandesa de mulheres Yvonne Farrell e Shelley McNamara no ano passado.
Portanto, o casal francês à frente do escritório Lacaton & Vassal com mais de 30 anos de projetos tem grande importância na representatividade feminina. O podcast Arquitetura de Boteco traz o episódio #11 dedicado à trajetória do Pritzker – e você pode conhecer mais a fundo dessa história. Em relação ao casal vencedor, a essência de suas obras é baseada na simplicidade construtiva e foco nas habitações sociais, espaços culturais, educacionais e públicos. Vamos conhecer mais sobre eles a seguir?
Lacaton e Vassal ouvindo a premiação do Pritzker 2021, antes de ganharem o prêmio. | Via: UKB, foto: TillBude
O CASAL VENCEDOR DO PRITZKER
A dupla francesa é famosa por seus projetos de habitação sustentável e pelo Palais de Tokyo, uma galeria de arte contemporânea em Paris. Lacaton e Vassal têm projetos frequentemente leves, com transparência e valorizam o construído, sendo contras à demolição (que já disseram em entrevistas ser um ato de desperdício e de violência). Além disso, usam materiais de fácil acesso na Europa e principalmente nos edifícios de habitação social buscam promover mais conforto e bem estar para os habitantes.
A cultura Africana teve grande influência na produção deles, pela pobreza extrema do país. Na década de 1980, Jean-Philippe se mudou para o Níger, África Ocidental. Ele foi praticar planejamento urbano enquanto Anne fazia o mestrado em planejamento urbano em Bordeaux, na França. Anne frequentemente visitava o parceiro e foi em Níger que encontraram profundos aprendizados da simplicidade arquitetônica.
Neste artigo do ArchDaily, há uma citação de Vassal, que diz:
“O Níger é um dos países mais pobres do mundo, e o povo é tão incrível, tão generoso, fazendo quase tudo sem nada, encontrando recursos o tempo todo, mas com otimismo, cheio de poesia e inventividade. Foi realmente uma segunda escola de arquitetura.”
Anne Vassal também conta que a falta de arquitetura da forma como eles aprenderam na faculdade foi um choque e isso os fez mais livres para conhecer em detalhes como as pessoas viviam naquele contexto de pobreza e ainda assim, com poesia.
Confira abaixo alguns projetos do casal, novo vencedor do Pritzker 2021:
Reforma de +500 unidades em Bordeaux, na França. Fachada antiga x Fachada após intervenção. Criaram longas varandas unificando os andares com estrutura auxiliar e melhoraram o bem estar dos habitantes. Projeto em parceria com Frédéric Druot + Christophe Hutin Architecture.
Vista interna da nova varanda no conjunto de apartamentos em Bordeaux | Foto por: Philippe Rualt. Via ArchDaily
Ampliação do Museu Palais du Tokyo, em Paris. O casal optou por não rebocar paredes e pilares para investir mais o dinheiro na ampliação. Essa proposta mais industrial acabou virando tendência para outros museus e galerias que optaram pelo visual mais rústico. | Foto por: 11h45, via ArchDaily.
FRAC Nord-Pas de Calais, Dunquerque | Foto: Philippe Rualt, via: LacatonVassal.com
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