Um projeto colaborativo sobre histórias de pessoas que mudaram a história de outras pessoas em pouco tempo. É sobre gratidão que o Temporary People, criado por Juliana Casemiro, fala. E ela explica:
“Ouvir o que as pessoas têm a dizer foi a melhor (auto) ajuda que recebi nos últimos anos. Tive muita sorte e tenho muito orgulho de contar histórias de tanta gente que não apenas passou, mas aconteceu na minha vida. Estou falando das pessoas que carinhosamente apelidei de temporarypeople.
São aquelas que surgem aleatoriamente, seja para pedir uma coordenada ou que puxam assunto na fila do supermercado. São aquelas palavras que você não pediu para ouvir, mas chegaram até você. Duram pouco tempo, mas tornam-se memórias felizes e que mudam o dia. E a forma que encontrei de guardá-las para sempre foi escrevendo cada uma delas.
Sorte minha, amigos toparam compartilhar suas histórias e eu resolvi criar este espaço para dar continuidade à grandiosidade desses momentos.
Sou muito grata pela vida ter feito meu caminho cruzar com o de pessoas incríveis, mesmo por pouco tempo, e dedico esse espaço àquelas que mudaram – e melhoraram – a minha história. Torço pra que um dia a gente se encontre de novo e escreva juntos as próximas!”
Conversamos com Juliana para saber mais sobre suas inspirações:
FTC: Jú, como chegou até o projeto Temporary People? Como você teve a ideia de criar o projeto?
Eu tenho 29 anos, nasci em Santos e moro em SP desde 2003, quando vim fazer faculdade. Entre colégio e faculdade tive o privilégio de morar 5 meses em Londres. No voo que me levou pra essa jornada, eu conheci a primeira história do temporarypeople. Londres foi inspiração do começo ao fim e, não à toa, voltei completamente depressiva pro Brasil. Passei muita madrugada escrevendo sobre tudo que vivi lá como um escape, mas sem formato. Anos depois eu me dei conta que eu falava muito mais das pessoas e suas histórias, do que do todo – a minha relação com a cidade é meio doentia hahaha então eu guardo pra mim. Até por isso, surgiu a necessidade de voltar.
Me formei na FAAP em Comunicação Social em 2007 e embarquei de novo pra lá em 2011, onde passei mais um ano inesquecível naquele lugar. Ali, oficializei a necessidade de falar de pessoas. Mandei um email pra amigos de vários países pedindo histórias e explicando a ideia, como um teste. Muita gente respondeu e me fez abrir o olho que todos temos mesmo histórias pra contar.
Em janeiro de 2013 nasceu a primeira versão do temporarypeople, mas num formato bilíngue (um sonho!) e logo eu entrei numa decrescente pesada no trabalho que me fez paralisar tudo. Parei de fazer o que mais gostava (a gente se boicota, né) e em agosto do ano passado dei o grito de liberdade: me demiti do mundo corporativo. O processo todo é bem hardcore e ainda estou em adaptação. No primeiro semestre desse ano senti na pele muitas questões difíceis e me deixei abater de novo e, em uma tentativa de colorir um dia bem cinza, revisitei minhas pessoas e minhas histórias. Descobri que fazia uma semana que eu não SENTIA, que eu não sorria. Era preciso retomar aquilo.
A versão que você conhece do tp nasceu no dia 1o de abril de 2014 com muito frio na barriga, insegurança e uma certa “vergonha” de me expor. Mas acho que está dando tudo certo agora!
FTC: Seu projeto é sobre gratidão. O que a palavra significa para você?
Hoje, significa aquele sentimento de coração transbordando de coisa boa. Me emociona, me move e me inspira todos os dias.
FTC: As histórias e o projeto te transformaram de alguma maneira como pessoa? O que mudou após a criação do TP?
Sem dúvidas e o tp nada mais é que o reflexo disso. É a forma que eu encontrei de agradecer a essas pessoas que mudaram tantos dias, que mudaram a minha vida. Eu me sinto mais paciente e resistente. Sinto também que o coração está mais leve. Gosto da ideia de ter algo que alivia o dia das pessoas. Os meus, sem dúvidas, são muito melhores desde então.
FTC: Qual a história que ouviu que mais te marcou?
De verdade, todas me marcam. Meu dia para quando chega a notificação de história nova no email. Já interrompi conversa pra ler hahaha é muito <3!
Mas tem um lado muito forte que eu nunca imaginaria viver e que me pega demais: quando sinto que é a primeira vez que a pessoa está falando aquilo. Já recebi muitas dores, desabafos. Temáticas de perdas, preconceitos e até abuso sexual. E é impressionante a força que as pessoas têm de reverter aquilo. Tenho a sorte de que muitos retornam os meus emails de agradecimento e passam a enriquecer mais ainda as histórias.
FTC: Com o que você se inspira?
Naturalmente, eu me inspiro nas pessoas. Outro dia, no ônibus, a mulher do meu lado falava tão eufórica sobre o novo emprego que eu até cheguei no trabalho mais motivada. E eu me inspiro nas pessoas que conheço e quero que se orgulhem de mim também. Quero ser uma boa história pra contar.
FTC: Qual a sua cor favorita e por que?
Eu sou tipo criança com cor. É colorido, me faz sorrir. Mas não nego que o preto e branco têm colorido muito os meus dias nos últimos meses.
FTC: Uma frase que vc carrega para a vida
Diga se você ama alguém (tenho tatuado “say if you love somebody”). Pedi licença para essa dona da história para usar na dela.
FTC: Se fosse criar uma pequena história para o FTC, o que escreveria?
Poxa, aí você me pegou. Criar seria difícil, mas com certeza eu contaria que o coração acelerou com o recadinho no Instagram e continuo sorrindo com o simples fato do tp ter chegado até aqui. Poder ter essa troca é muito especial, sou realmente fã faz tempo.
No Facebook: /temporarypeople. Instagram: @temporarypeople. Conte a sua história também!