Artista Diane Meyer trabalhou com bordados para imitar pixels em imagens, unindo o digital e o analógico
Portão de Brandenburgo
Diane Meyer, uma artista radicada em Los Angeles – Califórnia, dedicou boa parte de seu tempo meditando a respeito do Muro de Berlim e tudo aquilo que se relaciona à essa obra histórica. Assim nasceu o seu mais recente trabalho, intitulado Berlim, no qual Meyer bordou à mão 43 fotografias com pequenos pontos de linha que, juntos, formam muros.
A ideia é justamente retratar o Muro de Berlim em cenas do cotidiano, fazendo com que o espectador se questione a respeito desse monumento e de seu impacto. Ao estudar o famoso muro, a artista buscou entender também as divisões físicas e visuais entre os dois lados da construção e dentro de cada cultura dessa divisa.
Potsdamer Platz
O bordado feito por Diane Meyer é meticuloso e tem o objetivo de imitar os pixels de imagens, um jogo que a artista fez ao usar uma característica da linguagem visual digital em um processo totalmente analógico, feito à mão. Em seu site, ela diz que estava interessada em explorar nesse projeto o peso psicológico do muro no território que ocupava e nas formas pelas quais a história do passado permanece viva até os dias de hoje.
Área da fronteira florestal perto de Hohen Neuendorf
“Enquanto eu seguia o muro, todo mundo estava nas ruas, apenas seguindo seus caminhos e às vezes era difícil imaginar que dois muros gigantes estavam ali apenas há alguns anos”, disse a artista.
As fotografias do projeto Berlim foram feitas pela artista que percorreu – a pé ou de bicicleta – toda a extensão que o muro já teve um dia. Para criar sua rota, ela contou com uma trilha de caminhada estabelecida pela capital alemã em 2006. Para recriar pontos em que o caminho se desvia do original por conta de construções que foram feitas no local, Meyer usou um app que dava a antiga localização exata.
Antiga casa na árvore na área de Frohnau
Em algumas imagens, as faixas de bordado representam a mesma escala e localização do antigo Muro de Berlim, fornecendo uma imagem pixelada do que há atrás dele. Diane consegue assim usar o bordado como uma intervenção translúcida nas paisagens de suas fotos, que não existem mais. Porém, a reconstrução do muro por meio das linhas resgata o peso dessa parede na história e na memória coletiva.
Antiga área do muro em Landwehrkanal
“Ao bordar de forma que imite os pixels, eu estou fazendo uma conexão entre o esquecimento e a corrupção de arquivos digitais. Estou interessada na natureza porosa da memória e nos meios pelos quais a fotografia transforma a história em objetos de nostalgia que obscurecem a compreensão objetiva do passado”, escreveu a artista em seu site.
Escadas em Bösebrücke
Quadra de basquete, Parque Am Nordbahnhof
Como parte dos eventos que marcam os 30 anos da queda do Muro de Berlim, a série de Diane Meyer estará em exposição na Klompching Gallery, no Brooklyn, em Nova Iorque, até o dia 20 de janeiro de 2020.
Ponto de verificação Checkpoint Charlie
Antiga torre de guarda de Puschkinallee
Bernauer Strasse II
Mauer Park
Greibnitzsee
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