Não é a toa que Cape Town é o destino número 1 na lista dos 52 lugares para se visitar no mundo pelo do New York Times. E engana-se quem pensa que a África do Sul se resume a leões, elefantes e safaris.
Há alguns anos atrás, à convite do Cape Town Turism, embarquei para a Cidade do Cabo para participar da campanha #LoveCapeTown. O objetivo? Experimentar a cidade e contar para todos o que estava vivenciando, através do FTC e das redes sociais.
Fui para a África com o coração aberto, pois não sabia o que esperar. O resultado final foi “uma das melhores viagem da vida”. A visita aconteceu em muitos lugares interessantes, desde townships – aqui no Brasil mais conhecidas como comunidades – até restaurantes e hotéis 5 estrelas.
Conversei com diferentes pessoas que no dia a dia nunca teria a oportunidade de conhecer, aprendi muito ao escutar as histórias locais e com a diversidade. Abri a mente. Agora vejo a vida com outros olhos. Também conheci vários projetos criativos que aconteceriam esse ano, por ser a Capital Mundial do Design em 2014.
Mas, por que eu estou falando tudo isso? Porque se o local não está na sua “bucket list” (lista de cidades para se visitar), você deveria repensar seriamente. Eu tenho 10 motivos para te inspirar:
1) CORES: Não poderia começar a lista sem falar das cores, é claro. Elas estão por todos os lados. Nos diferentes bairros (Bo-Kaap é supercolorido), nas praias (olha a Muizenberg Beach), na roupa das pessoas. Nas paisagens, na decoração de restaurantes e por onde mais você olhar.
2) NATUREZA: Montanhas, florestas, praias. Deus estava inspirado quando criou esse lugar. Em uma mesma cidade, você é capaz de ver diferentes animais como rinocerontes, girafas e até pinguins (sim, em Boulders Beach em Simon’s Town), além de passear por praias paradisíacas como Camps Bay e Clifton, estradas cenográficas (Chapman’s Peak – 9km e um cenário incrível sobre o Oceano Atlântico), ver o Cabo da Boa Esperança e o farol em Cape Point. Vale a pena também subir até o topo das montanhas Lion’s Head e Table Mountain, uma das 7 maravilhas do mundo.
A Table Mountain é o topo da cidade. Por onde você olha, ela está lá. Para subir, dá para fazer trilha, escalada ou usar o Cable Car. A vista é linda de qualquer jeito. Bonito também foi conhecer o poder dos fynbos, um tipo de vegetação única, usada também medicinalmente, que cresce no sul e sudoeste da África do Sul, e as Proteas, a rainha das flores. Em alguns lugares como na vinícola de GrootePost em Darling Hills e em Grootbos, dá até para fazer safari de flores e ver alguns animais (antílopes, zebras, veadinhos). O passeio é bem interessante!
Quer aventura? Mergulhe com um tubarão em Gaansbai (1h e 45 min de Cape Town) ou simplesmente vá até Hermanus (2 horas de Cape Town) ver as baleias em alto mar, antes de migrarem. Uma das cenas mais lindas. A magia fica completa ao se hospedar no Grootbos, reserva natural 5 estrelas no meio do “nada”.
3) CULTURA: Molo! Leia-se Olá em Xhosa. São 11 idiomas oficiais na África da Sul, entre eles o Afrikaans, xhosa, zulu e outras línguas, mas praticamente todo mundo fala inglês. A dança e a música estão presentes por onde quer que você vá, com ritmos que fazem a gente sorrir.
As pessoas estão sempre dispostas a contar suas histórias, que muitas vezes se confundem com o que a gente ouviu nas aulas e livros da escola. O artesanato é étnico, rico e colorido. Green Square Market é um lugar bacana onde você pode encontrar peças típicas locais para levar um pedacinho desse país para a sua casa.
4) HISTÓRIA. Entender a África é entender parte do Brasil, acredite. Se você se interessa pelo assunto, visite o Museu Iziko em Bo-Kaap, aproveite e dê um pulinho na loja de temperos em frente, a Atlas Trading (uma das mais antigas da cidade) e siga para o museu District Six, bairro onde 60.000 pessoas (negros) foram removidas à força de suas casas pelo governo para darem lugares aos brancos.
Ainda existem catadores de lixo com carroças pelas ruas, flanelinhas de carros a espera de dinheiro e crianças pedindo esmolas em vários lugares, assim como no Brasil. A separação racial da época do apartheid pode ser lembrada ao visitar uma township, onde negros e mestiços eram colocados depois de serem tirados de seus lares originais. A maioria é fora da cidade e tem condições precárias.
Fiz um passeio em Langa, a township mais antiga, com os guias da Coffee Beans Route. Ali, muitos resquícios de uma época dividida. As crianças em volta estão sempre empolgadas com os turistas e muitos moradores adoram tirar fotos com os visitantes. É triste a maneira que os barracos são “invadidos” para mostrar a situação atual. Legal visitar o centro de cultura e arte – Guga’sThebe – que tem projetos sociais para os moradores. Almoce no LeLapa, restaurante típico com comida deliciosa Cape Malay. A cena mais marcante do dia? Senhoras defumando cabeças de carneiros para fazer smileys, iguaria local.
5) MANDELA: A história de vida de Nelson Mandela é uma das mais inspiradoras do mundo. “Tata”, na língua da tribo Xhosa, é chamado assim porque o consideram como um membro de suas famílias. Muitos sul-africanos adotaram o termo também para demonstrar afeição e respeito pelo homem considerado o pai da África do Sul democrática.
Não deixe de visitar Robben Island e fazer o tour Footsteps to Madiba. Ver onde Mandela fez seu primeiro discurso como um homem livre depois de 27 anos de prisão é realmente impressionante. Nelson representa igualdade, liberdade e esperança para o país. Não é por menos.
6) PESSOAS: sempre felizes e com um enorme sorriso no rosto, os sul-africanos são a maior riqueza da nação. Eles conversam facilmente com estranhos, estão sempre alegres e cumprimentam uns aos outros. Com 11 línguas oficiais, uma infinidade de culturas e religiões, sabem se misturar apesar de toda a história de discriminação.
Sentem muito por isso, são honestos, bebem mais vinho do que água e tem uma enorme força para acreditar que as melhores coisas estão por vir. Para mim, as pessoas que encontramos pelo caminho da viagem são um dos motivos que mais fazem uma viagem valer a pena. Conhecer uma realidade diferente da nossa, ouvir histórias e fazer conexões nos ensina muito.
7) INFRA-ESTRUTURA. A cidade conta com uma ótima infraestrutura para receber os turistas. Cape Town é para todos: preguiçosos, viciados em adrenalina, para quem gosta de dias calmos e até de compras! Existem muitos hotéis, restaurantes e atrações incríveis. Seja qual for o seu estilo, não deixe de visitar o V&A Waterfront, complexo de lojas e restaurantes com vista para a Marina.
Procurando hospedagem? Existem apartamentos e casas mobiliadas que podem ser alugadas pela Nox Rentals em vários pontos da cidade. A melhor cama do mundo com certeza é a do Mount Nelson, hotel das celebridades, que oferece o High Tea – chá da tarde com delícias francesas como croissants e doces de confeitaria. A noite, ali mesmo, o Planet Bar ganha música animada e pessoas descoladas.
Quer relaxar? Vá até o Spa 12 Apostles e faça uma massagem medicinal com fynbos. Turístico, mas muito legal, o passeio com o City Sightseeing Bus, ônibus vermelho que passa nos principais pontos da cidade.
8) GASTRONOMIA: Biltongs, koeksisters, vetkoek, samosas, smileys são algumas delícias típicas da gastronomia sul-africana. Falei aqui o que cada uma significa e posso dizer que estava disposta a conhecer qualquer novidade, sem preconceitos. Ok. Confesso que deixei de lado os smileys em Langa, que são as bochechas de carneiro cozidas, iguaria da tribo dos Xhosas.
Tive a experiência de comer nos melhores restaurantes como o Chef’s Table, por exemplo, comandado por Rudi Liebemberg. A mesa fica dentro da cozinha e você vê todo o preparo dos alimentos – no Hotel Mount Nelson. Falei sobre uma refeição toda baseada em sorvete aqui e me surpreendi com os temperos Cape Malay. Ao mesmo tempo em que tudo é apimentado, é também doce, por conta da mistura de sabores tradicionais vindos de outros lugares da África, Índia, Sri Lanka, Malásia e Indonésia, dos povos que ali se estabeleceram antes do apartheid.
Valeu a pena ir também a um dos restaurantes “performáticos”, o The Africa Café. Tem dança, decoração típica, muita simpatia e comida local gostosa. Você também vai reparar que beber vinho é que nem beber água (ou cerveja no Brasil). Recomendo um almoço com degustação no Hilda’s Kitchen em GrootPost. A vinícola é uma das melhores do país e tem o Riesling, delícia de vinho frutado. Também tem a adega da Haute Cabrière em Franschhoek, que tem uma vista linda.
Se você gosta de café, não deixe de ir ao Truth Coffee, considerada a melhor cafeteria do mundo. Tão bom que dá para tomar tranquilamente sem açúcar. Quer um lugar badalado para ir no fim da tarde? Brewers and Union (tem boas cervejas por lá) ou Cafe Caprice, ponto turístico em Camps Bay para tomar uns “sundowners“, drinks de happy hour.
Se gosta de feirinhas orgânicas, experimente ir até Oranjezicht City Farm no sábado ou vá no domingo ao Bay Harbour Market em Hout Bay. As crianças adoram a Charly’s Bakery, confeitaria famosa de uma série na TV, com bolos e cupcakes coloridos. Para um café da manhã caprichado, experimente comer no Jason Bakery.
9) DIVERSIDADE: religiosa, cultural e natural. Posicionada entre dois oceanos, Cape Town tem uma certa magia no ar. É moderna, mas ao mesmo tempo preserva suas características locais. Com influência da Inglaterra, Holanda, Portugal, França e Alemanha, as referências europeias são facilmente encontradas por toda a cidade.
O clima é mediterrânio. Sempre venta bastante. O verão é quente, seco e o inverno frio, úmido. Os capetonians amam o calor, já que saem para beber, fazem festas ao ar livre, gostam de música ao vivo e aproveitam a praia. A maioria dos moradores apenas tentam sobreviver com as temperaturas mais baixas e chuvas, rezando para o sol voltar. A primavera é espetacular. O Jardim Botânico de Kirstenbosch (2h de CT) é um ótimo lugar para ver as flores, os fynbos e as proteas.
Culturalmente falando, o símbolo da maior diversidade atual é a Long Street, rua onde turistas e moradores se encontram. Uma das mais antigas da cidade, tem restaurantes étnicos, galerias, lojas e bares e atrai gente de todo o mundo. Também tem uma série de albergues que oferecem acomodação, vários teatros que mostravam peças anti-apartheid nos anos 70 e 80, embora a maioria já está fechado.
10) DESIGN: Em 2014, Cape Town foi a Capital Mundial de Design (WDC2014). O objetivo da iniciativa é usar o design como ferramenta de transformação. A cidade recebe diversos projetos relacionados ao assunto e eu fui conferir como tudo iria acontecer. Não imaginava que a cena criativa em CT fosse tão grande. Além dos eventos relacionados a WDC, existem muitas pessoas interessantes. São estilistas, designers, conferências, exposições, estabelecimentos e artistas que se movimentam o tempo todo. Anualmente também acontece o Design Indaba, um dos encontros mais importantes de criatividade do mundo todo. Os lugares descolados estão por toda a cidade, mas anote os que você tem que visitar: Woodstock,The Fringe, Kloof Street, Bree Street e Old Biscuit Mill.
Woodstock é o bairro mais cool. No complexo Woodstock Exchange ficam alguns estúdios, agências, galerias de arte e lojas com produtos incríveis. Alguns criativos abrem as suas portas no final de semana para receber visitantes e contam suas novidades. Ali você encontra os Honest Chocolate e suas embalagens sensacionais, as mochilas legais da marca Chapel, o Superette, ótimo restaurante para fazer um lanche rápido. Vale a pena dar uma volta pela redondeza através do tour de street art e ver as obras coloridas pelas ruas.
O distrito de Fringe foi totalmente transformado e hoje alavanca a economia criativa local. Na Kloof Street, várias lojas legais, bares e restaurantes. Não deixe de passar na The Fringe Arts e comprar itens únicos como presentes. Tem objetos crafts e com muito design como pôsteres, colares e itens de decoração, criados por artistas independentes sul-africanos.
A Bree Street é a rua onde os moradores predominantemente descolados estão no dia a dia. Hipsters. Como sempre, coisas boas acontecem onde essas pessoas estão. É ali que fica a padaria artesanal Jason Bakery, o bar Brewers and Union, a loja da incrível da MissBaba com bolsas e acessórios coloridíssimos e muito mais.
No fim de semana, passeie pelo Old Biscuit Mill, uma fábrica de biscoitos desativada que agora é ponto de encontro da galera. Todo sábado acontece o The Neighbourgoods Market, iniciativa com comidas orgânicas e food trucks, além de uma feirinha de design com artistas e marcas legais. Não deixe de conferir as bijuterias da Famke, as bolsas da Chapel que também são vendidas ali, as camisas incríveis da Blue Collar White Collar. Um dos melhores restaurantes da cidade também está aqui, é o Test Kitchen.
Bom, se você chegou até aqui, acho que eu consegui te convencer a incluir a cidade no seu roteiro, não? Encerro esse post com muita vontade de voltar para lá. Sim, a África conquistou meu coração. I #lovecapetown.
O que você precisa saber: A companhia aérea oficial do país é a South African Airways. Leve a moeda local, o Rand, já que pouquíssimos lugares aceitam dólar (ao contrário do que eu li em muitos sites e blogs). Não esqueça de fazer o seu certificado internacional de vacinação (CIVP). Sem ele, você não entra no país. Segurança: não dê bobeira com iPhones, câmeras e carteiras, é bem parecido com o Brasil.
“Esse post é resultado da campanha #LoveCapeTown, uma colaboração entre iambassador e Cape Town Tourism. O FTC possui total controle editorial e opinião própria sobre o conteúdo publicado neste blog.”
Imagens: FTC, The Fresh Exchange, Nox Rentals, The Old Biscuit Mill.