Por muito tempo, a tapeçaria foi considerada uma arte menor. Mas, no século 20, o artista francês Jean Lurçat (1892 – 1966) revolucionou a arte têxtil, servindo de inspiração para grandes nomes da arte como Picasso. Suas obras, cheias de motivos da natureza, animais e cosmos, foram ficando cada vez mais ambiciosas e detalhadas.
Graças aos novos materiais e processos disponíveis, o mundo então começou a se tornar um terreno ainda mais fértil para estes artistas, que passaram a revalorizar práticas ancestrais em fibras e tecidos, mas também, a explorar técnicas como tingimento, impressão, bordado, tecelagem de pastilhas e confecção de rendas, em conjunto.
Hoje, a arte têxtil oferece possibilidades infinitas de propostas e tramas. É transgredindo alguns valores e convenções que os artistas contemporâneos tem dado um toque único, estimulante e altamente envolvente aos trabalhos. A tapeçaria deixou de ser suporte – e virou um meio de resistência, de insistência, de expressão.
Abstratos, experimentais, provocativos ou ecléticos, muitas peças são tão incríveis que o MoMA de NY, o maior museu de arte moderna do mundo, inaugura constantemente exposições inteiramente dedicadas ao assunto. Para te inspirar, em parceria com a El Cabriton, selecionamos 5 artistas têxteis brasileiros pra ficar de olho:
Entre tramas e resistências
Randolpho Lamonier
Randolpho Lamonier nasceu em Contagem, MG, mas vive e trabalha em Paris. Artista visual, seu trabalho transita entre diferentes mídias, mas tem como protagonismo a arte têxtil.
Começou a fazer seus têxteis utilizando pedaços de suas próprias roupas, retalhos de lençóis antigos, toalhas e cortinas para construir peças híbridas e cromáticas. A costura é herança da família – o avô trabalhou como alfaiate no interior de Minas, a avó costurava em casa e a mãe foi costureira na indústria automotiva por mais de 20 anos.
Em sua pesquisa, palavra e imagem estão sempre em diálogo, expondo assuntos diários como política, urbanidades, tretas sentimentais, crônicas, memória e ficção.
Karen Dolorez
Karen Dolorez é artista têxtil e visual. Seu trabalho se manifesta diante da transitoriedade da vida, ao questionar padrões sociais, políticos e ideológicos.
Ao utilizar diferentes linguagens para dialogar sobre o corpo como lugar de protesto, objeto de expressão e metáfora da sociedade, sua pesquisa busca resgatar a mulher tecelã na história, que tem grande importância e influência.
A intenção de seus trabalhos é também fazer com que a interação do público com suas obras proporcionem experiências sensoriais reflexivas, através das texturas e do próprio toque.
Alex Rocca
Com forte inspiração em cinematografia, arquitetura modernista e paisagismo, Alex Rocca desenvolve sua arte de forma solitária, contemplativa e meditativa; assim percebe as texturas, as
cores e os padrões que o mundo apresenta.
O artista têxtil curitibano cria artesanalmente tapeçarias únicas feitas com matérias primas naturais, fios e fibras como a lã e o sisal. Sensoriais e tridimensionais, suas peças instigam o olhar pelo equilíbrio, formas e padrões.
Segundo Alex, suas tapeçarias são muito mais que decorativas; transbordam camadas de memórias afetivas, são espelhos da própria alma, da potência de viver e a constante busca pela liberdade artística.
Luiza Caldari
Os trabalhos manuais sempre estiveram no caminho de Luiza Caldari, que encontrou na tapeçaria, a forma mais prazerosa de se comunicar com o mundo.
Formada em moda, a designer já contribuiu com criações para marcas brasileiras de grande renome, mas hoje, está focada em criar produtos únicos, com propósito e intenção de abraçar os olhos de quem os vê.
Seu trabalho consiste em atingir essa sensação utilizando um material conhecido por todos, simples e natural: a lã.
Jessica Costa
Jéssica Costa trabalha com técnicas manuais têxteis há mais de 10 anos e já percorreu diferentes espaços dentro deste meio. A artista aplica a técnica de tapeçaria feita por tufagem manual, um processo que se assemelha a pintura em tela, propondo matizes de cores, degradês, texturas e tridimensionalidade ao “esculpir” a lã.
Suas principais referências são a subjetividade feminina e a relação com o espaço doméstico, uma tentativa de provocar o aguçamento dos sentidos, trazer associações e memórias particulares, o que faz sua produção têxtil ganhar vida própria.
Outros nomes para ficar de olho
Também vale a pena ficar de olho no trabalho do Tapeto Atelier, Voador Tecelagem, Paola Müller, Bruna Octaviano, Gabriel Pessoto, Helena Obersteiner e Raphael Dias.
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