O bordado vem ganhando espaço no cenário artístico contemporâneo — e poucos nomes representam essa nova fase tão bem quanto Irene Saputra, artista têxtil indonésia conhecida pelo pseudônimo Nengiren. Suas obras combinam moda, cor, imaginação e uma estética vibrante que dá nova vida à técnica tradicional.
Criadora das icônicas personagens nona kecil (“pequena mulher”), Irene construiu um universo onde cada peça é um pequeno desfile, uma narrativa visual sobre identidade e expressão pessoal.
De designer gráfica a artista têxtil
Antes de mergulhar no bordado, Irene formou-se em design gráfico e trabalhou por anos em agências de publicidade. A familiaridade com composição, cores e ilustração marcou profundamente seu estilo.
O bordado entrou em sua vida quase por acaso: ela encontrou linhas e um bastidor em casa, experimentou, e o que era curiosidade virou paixão. A partir dali, Irene transformou suas ilustrações em obras têxteis ricas, detalhadas e cheias de movimento.
O universo da “nona kecil”: moda, atitude e poesia visual
O ponto central do trabalho de Irene é uma figura feminina estilizada: sem rosto, cabelo curto, botas pretas, e, principalmente, roupas exuberantes bordadas com flores, estrelas, formas geométricas, padrões e texturas.
Cada “look” é um manifesto visual. Desde 2016, Irene chama essas composições de OOTDs bordados (“outfits bordados do dia”)— verdadeiras celebrações da moda como ferramenta de comunicação emocional.
Suas peças conversam com temas como identidade feminina, autoexpressão, liberdade criativa, introspecção e cotidiano, além de fantasia e memória. O resultado são obras que parecem simples à distância, mas se revelam cheias de camadas, texturas e simbolismos quando observadas de perto.
Técnica: simplicidade nos pontos, complexidade nos detalhes
Embora utilize pontos básicos — como outline, stem stitch, satin stitch e french knots — Irene alcança profundidade visual por meio de sobreposições de cores, composições gráficas, texturas densas e contrastes marcantes.
A fusão entre design gráfico e bordado é evidente. Cada peça parece uma ilustração têxtil — viva, delicada e, ao mesmo tempo, forte.
Influência da maternidade e cotidiano
Irene costuma dizer que a maternidade mudou seu processo criativo. Suas peças tornaram-se mais emocionais, espontâneas e abertas à experimentação.
Seu ambiente de criação é simples e sensível: tempo em casa, cafés tranquilos, observação do mundo, conversas com o parceiro — tudo vira inspiração. Cada bordado é, de certa forma, um fragmento de sua vida transformado em arte.
Onde acompanhar o trabalho da artista
Irene compartilha seu processo e suas peças principalmente no Instagram, sob o nome @nengiren, onde reúne milhares de admiradores da arte têxtil e do bordado contemporâneo.
O trabalho de Irene Saputra é uma prova de que técnicas tradicionais podem ganhar novos significados quando guiadas por uma visão fresca e sensível. Cada bordado é mais do que uma peça decorativa — é um convite para observar, sentir e se reconhecer nas pequenas histórias que suas personagens contam.
