Joshua Vermillion: Como as ferramentas de IA podem revolucionar o design arquitetônico
Embora não seja engenheiro, Joshua Vermillion construiu uma grande ponte: a que conecta a arte orientada por IA com a arquitetura;
Joshua Vermillion é professor de arquitetura na Universidade de Nevada. Desde 2022, vem experimentando ferramentas de IA dentro de seu processo de design, além de incentivar seus alunos a fazerem o mesmo. Foi assim que começou a explorar aplicações arquitetônicas por meio do design computacional e design paramétrico, criação digital, robótica, sistemas responsivos e outras tecnologias emergentes.
Em seu trabalho, utiliza principalmente o Midjourney, Photoshop e Stable Diffusion, além do ChatGPT para escrever prompts para as plataformas. Josh acredita que a tecnologia tem o poder de revolucionar o estágio inicial de um projeto, facilitar o trabalho colaborativo e a visualização das ideias – e deixa claro que esta prática não deve ser aplicada para decisões estruturais, mas sim, para simular efeitos e propriedades de materiais, luz, texturas e cores.
Quando a IA encontra uma ponte com a arquitetura
Como em qualquer experimento, muitos resultados “acidentais” surgem de seus comandos, o que para ele, são sempre bem-vindos e, de fato, procurados, já que frequentemente busca uma linguagem que possa subverter a tendência do modelo em gerar o mundano, o literal ou o óbvio.
“Muitas vezes você consegue o que pediu, mas não o que queria, o que considero uma dinâmica muito interessante. Nesse sentido, a IA é mais como uma parceira de design do que uma escrava das demandas”, completa.
Ao discutir o impacto das ferramentas de IA no pensamento crítico e nas habilidades de julgamento de design entre jovens arquitetos, o professor conta que o processo têm sido fundamental para impulsioná-los e compreender a relação entre suas ideias e o que projetam.
“Se a IA pode nos ajudar a resolver questões de ‘como’ desenhar, desenvolver e implementar uma ideia de design de forma mais rápida e completa, então talvez o intelecto humano possa se concentrar mais em ‘quais’ são os objetivos e ‘por que’ eles são importantes”, fala em entrevista.
A inevitabilidade da mudança
Ao abordar preocupações sobre o futuro mercado de trabalho na arquitetura, ele afirma que a IA não substitui a imaginação, mas sim, ajuda a amplia-la.
“O trabalho de um arquiteto é criar, entender o que é possível e o que não é. Com a IA, é como se tivéssemos que escolher opções em meio a um mar de possibilidades, sempre visando a melhor decisão para guiar o design. E, mesmo com toda a tecnologia avançada, não podemos esquecer da importância do toque humano e do pensamento crítico, qualidades essenciais para o sucesso na profissão.”
Joshua Vermillion
Vermillion também enfatiza a capacidade da IA de lidar com problemas ambíguos, afirmando: “Modelos de linguagem podem lidar com problemas muito mais confusos, no início dos processos, quando ainda há muita ambiguidade na direção do design”.
A IA permite simular rapidamente como um edifício pode parecer ou funcionar, ou como pode ser a sensação de estar dentro ou fora dele. Para a arquitetura, traz benefícios como agilidade e precisão, oferece opções, materiais e formas, aperfeiçoa e otimiza a visualização das obras antes de pensar em qualquer construção. Além disso, possibilita criar projetos mais específicos e personalizados para cada cliente, coletando dados sobre seus gostos e necessidades.
O futuro, por Josh Vermillion
Para ele, a prática funciona como um sketch generativo da imaginação. Apesar de muitos profissionais ainda terem muito receio sobre esta exploração, Joshua Vermillion acredita que os arquitetos não serão substituídos tão cedo, e afirma: “Certamente não estamos nem perto de substituir os arquitetos — ainda”.
“Com a IA, os arquitetos precisarão fazer um trabalho ainda melhor, já que o toque humano e o pensamento crítico são fundamentais nesta profissão.”
Todas as imagens @joshuavermillion.