O Turista: enxergue a cidade com outros olhos
Olhar a cidade com outros olhos. Será que só quem é turista que consegue essa proeza no meio da rotina? Gabriel Vanini acha que não. Tanto que há cerca de 2 anos, iniciou uma intervenção urbana através de colagens e algum tempo depois, se deu conta que tinha criado um personagem.
O Turista, uma imagem de um fotógrafo com uma câmera em mãos. Por trás de um simples autoretrato, há tantos significados. Conversarmos com Gabriel para ele nos contar a história incrível de como surgiu o seu projeto:
FTC: Gabriel, como teve a ideia de criar o Turista?
Eu moro em Florianópolis, sou formado em turismo, mas venho fotografando profissionalmente desde o fim do ciclo acadêmico. Na profissão, trabalho com fotografia editorial, publicidade e várias outras experiências (tem que pagar as contas né?). Faço eventos, arquitetura, fotos pra e-commerce de lojas da cidade e por aí vai.
Já pessoalmente, fotografo bastante temas e tenho alguns projetos. A ideia do Turista nasceu por acaso, de um suposto projeto de conclusão de curso que não teve continuidade. Por morar em Florianópolis, cidade que tem toda essa relação com o turismo, sempre pensei o por quê de não existir algo que sinalizasse lugares interessantes, pontos fotográficos estratégicos que se entrelaçavam com a cultura e a história.
Um tempo depois, já assistente de um fotógrafo publicitário, fiz uma série de auto retratos em um dia que fiquei sozinho no estúdio e aproveitei pra testar uma luz. Foi meio sem querer que o Turista nasceu, mas sabia que no inconsciente aquela imagem era um ‘sinal’ do que um dia eu tinha pensado. E um dia fui pra rua e fiz um, e outro, e outras colagens, outros personagens, me tornei viciado em lambe lambe, admito.
FTC: No dia a dia, com o que você se inspira?
Me inspiro com a cidade, com a sua cultura, com as coisas boas e também com seus problemas. Eu me dei conta de que o turista ganhou vida pelas reflexões necessárias de uma cidade turística em ascensão, como Floripa.
Então, eu faço a colagem tanto em lugares de grande fluxo turístico, quanto em cantos escondidos, quebradas, esconderijos, lugares de difícil acesso, proibidos e afins. Porque na verdade, o turista é assim, um explorador, que vai descobrindo a cidade a cada passo.
FTC: Qual a mensagem por trás da sua intervenção urbana?
A reflexão de como vemos a cidade onde vivemos. Posso ver como um lugar chato – afinal, a gente já conhece tudo e todo mundo – ou um lugar infinito, onde todo dia eu olho para alguma coisa que não tinha visto antes. O artista de rua vê o mundo assim, e isso me fascina.
Tentar ir em um lugar onde você acha que ninguém foi. Toda essa exploração da cidade junto aos artistas de rua me parecem com a pré história, onde o ser humano pratica um dos seus instintos mais básicos desde a era das cavernas: deixar sua marca. Eu acho foda!
FTC: Quantas cidades e qual o lugar mais legal por onde o Turista passou?
O Turista é um entusiasta da cidade, um explorador, e fotografa tudo! Tal como um turista empolgado, em seu primeiro dia de viagem. Na verdade, tínhamos que ser assim todo dia, não é verdade ? O turista nasceu e vive em Floripa, mas é um turista, oras! É claro que ele viaja.
Já foi pra Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Balneário Camboriú, Montevideo, Punta del Leste. O lugar mais legal que ele passou foi Las Vegas, onde foi bem ousado de aparecer. San Diego, Los Angeles, na Rota 66 e em outros lugares dos Estados Unidos. O turista ainda vai conhecer o mundo inteiro. É um personagem em constante evolução.
A grande verdade é que o Turista é meu alterego, mas lógico, isso é o que menos interessa. O que eu quero é que o turista desperte em todo mundo o desejo de ver a cidade com outros olhos!