O que fazer com aquelas peças artísticas que não podem ser simplesmente expostas ou deixadas em destaque num estande? Digo mais: o que fazer com aqueles trabalhos independentes geniais, sejam pôsteres, cartazes, caixas, zines, hqs, vinis, blocos, catálogos alternativos, enfim, trabalhos gráficos que não cabem no circuito cultural mainstream? Pois é justamente desse tipo de material artístico – que precisa ser analisado de perto, manuseado, virado de ponta cabeça, justamente para ser a arte que seus criadores imaginavam que seria – que se ocupa a Feira de Arte Impressa Tijuana, cuja sexta edição acontece nesse final de semana no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
Não se trata apenas de um espaço para editoras e artistas exporem sua produção de arte impressa, mas também um local que promove a troca entre todos que se envolvem com essa arte, produzindo ou consumindo. A ideia é abrir, ver, mexer, tocar nas obras e, obviamente, interagir. Salas de leitura, debates com artistas e oficinas de serigrafia e encadernação fazem parte da programação.
O evento contará esse ano com a participação de cerca de 120 editoras vindas de diversos estados do Brasil e de outros países. Estarão lá a plataforma criativa paulistana Meli-Melo Press, a carioca A Bolha, a Esperteza de Teresina, a par(ent)esis de Floripa, a argentina Big Sur, a Kitschic de Barcelona… Destaque ainda para o ateliê do coletivo OcupeaCidade, que oferecerá oficinas de produção editorial independente; a exposição de maquetes em homenagem ao arquiteto húngaro Yona Friedman; e um workshop com o João Varella da Lote 42 sobre criação de editoras e publicação de livros. Marca presença também o francês CNEAI, centro de arte contemporânea dedicado a publicações e impressos, e a exposição “Os Livros mais bonitos da Alemanha”, segundo competição organizada em 2013 pela Stiftung Buchkunst. Ufa!
Além de todos esses atrativos, a Feira Tijuana acontece na legendária Casa do Povo e na Oficina Cultural Oswald de Andrade, tudo ali no bom e velho Bom Retiro. Minha dica é dar uma passada por lá e depois aproveitar a estada e comer um moussaka no Acrópoles. Que tal?
Detalhe: a entrada é livre e gratuita (que nem a Bienal que coincidentemente também começa essa semana – só que não!)