De ponto a ponto, Thiago Bartels cria incríveis handpoked tattoos
Você já ouviu falar em handpoked tattoos? Neste estilo tradicional de tatuagem, o desenho é criado ponto por ponto, sem máquinas, totalmente artesanal. São diversos grupos de agulha que ‘cutucam’ (poked) a pele. Às vezes os pontos tem tamanhos diferentes, ângulos mais abertos ou fechados, tudo isso para criar os efeitos dos desenhos.
Um artista no Brasil que tem se destacado muito justamente por seguir essa ideia é Thiago Bartels, mais conhecido como Trigs. Thiago tem 34 anos e é nascido e criado em Juiz de Fora-MG. Desenha desde sempre, mas não levava isso a sério. Se dedicou por um bom tempo ao skate e ao trabalho em uma skateshop.
Mas o tempo passou e o trabalho no comércio já não era tão satisfatório, então resolveu entrar no curso de artes e design. No início, o curso era interessante, porém teve algumas frustrações com a faculdade e, nessa época, já sofria pressão de alguns amigos para começar a tatuar, por eles curtirem suas ilustrações.
Foi aí que um amigo tatuador deixou ele experimentar uma self-tattoo. Ele gostou, esses amigos que o incentivaram a começar viraram seus voluntários nas primeiras tattoos, a faculdade entrou em greve, ele decidiu abandonar o curso e se dedicar somente à profissão. Foi quando se juntou aos amigos José Hansen, André Castanheira e Frederico Rabelo para fundarem o Covil Tattoo.
Conversamos com Trigs para saber mais sobre o processo das suas handpoked tattoos e suas inspirações. Confira:
FTC: Por que você resolveu se dedicar ao Handpoke?
Depois de dois anos tatuando com máquina, o André Castanheira me mostrou umas tattoos da Slower Black que me deixaram um tanto curioso. Uma amiga tatuadora, Lis Mainá Pinceli, experimentou e disse que curtiu. Então eu resolvi tentar criar as handpoked tattoos. Acredito que também agi sob influência das culturas lo-fi e DIY, com as quais me identifico. A primeira foi bem simples, uma concha de onde saem pernas de mulher. Não foi fácil, mas foi o suficiente para eu me identificar com o processo, tanto pela experiência estética quanto por achar algo mais no meu ritmo, curto o silêncio, a simplicidade, ter tempo de pensar em cada passo e o resultado.
FTC: Com o que você se inspira?
Com qualquer coisa, sou curioso e estou sempre procurando algo para me inspirar. Muitas coisas que faço surgem de conversas, caminhadas, noites de insônia, internet etc. Ultimamente tenho buscado muitas referências no design gráfico pré-computador por me identificar com a estética.
FTC: Está tocando algum projeto especial ou específico atualmente?
Meu projeto no momento é me dedicar exclusivamente ao handpoke, mas pretendo em um futuro próximo produzir alguns prints, estampas de camisa e patches.
FTC: Handpoke dói mais?
A maioria das pessoas que eu tatuo acha que dói menos, eu mesmo tenho duas e achei menos doloridas. É menos invasivo, dá para notar pela cicatrização que é sempre rápida e tranquila. O problema é que o processo do handpoke é lento e, por isso, as pessoas que “sofrem”, sofrem por mais tempo.
FTC: Você tem algumas dicas para quem se interessar e resolver experimentar a técnica?
Para mim a primeira coisa que se deve saber ao querer tatuar é desenhar. Fora isso, é importante que você tome todos os cuidados para que ninguém corra riscos durante o processo. Tente algo simples, seja paciente. Existem várias formas de fazer a ferramenta para handpoke, o legal é encontrar a que você acha melhor.
Você pode encontrar Trigs no Covil Tattoo em Juíz de Fora, MG. No Instagram: @trigscovil. Tumblr: trigs-tattoo.