Que tal ter um amigo amigurumi para chamar de seu? Conheça o trabalho lúdico de Patrícia Nakamura
Que o tricô e crochê estão com tudo na decoração, não é nenhuma novidade. A técnica manual de artesanato se transforma cada vez mais em expressão de bom gosto e estilo. O material está sendo usado por designers e entusiastas do faça você mesmo como protagonista em diversos produtos. São puffs, tapetes, almofadas, vasos, luminárias e até camas para pets.
Alguns profissionais brasileiros também tem inovado na hora de apresentar e vender suas peças. O processo é todo feito à mão e as ideias dos objetos decorativos (para a casa, escritório ou uso pessoal) vão além. Hoje temos toys inusitados, cestas para organização e muitos outras coisas que fazem os olhos (de crianças e adultos) brilharem.
Este é o caso de Patrícia Nakamura, também conhecida por sua arte como Patty Mimos. A crafter desenvolve desde 2008 produtos únicos e coloridos com base nos amigurumi. Os amigurumis são os bichos de pelúcia feitos de crochê usando a técnica japonesa. Apesar da popularidade com os bonecos, é também utilizado para alegrar utensílios domésticos e surgem até em formato de comidinhas com características antropomórficas.
Com o tempo, desenvolveu um estilo só seu. Em 2013, ela resolveu inovar mais uma vez e deu vida à ‘Crochederm
Suas fofuras handmade se espalharam pelo Brasil e hoje, além das encomendas, Patrícia dá oficinas, workshops, participa de bazares e tem um projeto para levar sua arte para as ruas. Para ela, basta uma agulha e novelos de lãs para transforma
Confira entrevista exclusiva que fizemos com a artista:
Amigurumi em formato de comidinhas com características antropomórficas;
“Tenho 42 anos, quase 43, sou libriana, vivo me equilibrando entre a ordem e o caos dos pensamentos. Não tenho formação superior. Trabalho como secretária em escritório de representações e paralelamente faço meus crafts. É um pouco puxado, mas como é meu ‘outro mundo”, me desdobro para continuar e seguir nesse caminho. Na infância gostava muito de livros de pintar, revistas de bonecas de papel, giz de cera, massinha, guache… E acho que por isso minhas aulas favoritas eram de educação artística.”
“Lembro do dia que aprendi minha primeira correntinha de crochê, na casa da minha tia, ela que me ensinou e só voltei a fazer de muitos anos depois. Sempre fui curiosa, mente inquieta e estava sempre procurando aprender algo novo, entre ponto cruz, estampar tecidos, bonecos de biscuit, toys de feltro, bordados. Um dia voltei ao crochê e nele que me encontrei. Foi os amigurumis – técnica japonesa de criar bonecos de crochê e tricô que hoje sou a Paty Mimmos!”
Crochedermia criada por Patrícia = crochê + taxidermia;
FTC: Patty, como você começou a criar os amigurumis e como desenvolveu seu estilo próprio?
Em 2008, comecei a fazer os amigurumis como hobbie e pra presentear amigas, depois vieram as encomendas e comecei a participar de eventos e bazares. Me inspirava em livros e revistas importadas, na minha ansiedade. Nunca parei pra entender e seguir os gráficos, acho que por isso depois de um tempo, minhas peças começaram a ficar com um estilo próprio.
Às vezes viajo nas ideias e com isso surgiram o macaco com rabo de cachecol, coelho com orelhas de cenoura, gato com rabo de peixe, polvo caolho… Isso é um pouco meu jeito de ser, de encarar a vida, aceitar e respeitar o diferente. Sempre usei lãs coloridas, com o tempo comecei a usar linhas, barbantes, fios de malha, um mix de materiais.
FTC: Conta mais sobre o uso das cores, como você as escolhe?
Ah as cores… cores são fundamentais pra mim, acredito muito no poder das cores. Acho que define a energia de cada pessoa e por isso, quando invento um projeto de amigurumi novo a primeira cor escolhida é que comanda as outras.
Mesmo nos dias sem inspiração, é só entrar em um armarinho antigo com novelos coloridos até o teto que saio de lá inspirada e com a mente fervilhando de ideias.
FTC: Tem algum projeto especial rolando?
Sempre rola algo bacana pra fazer com outros artistas e artesões no mundo craft. Já fiz parcerias e exposições com alguns, adoro! Isso faz com que me aproxime de outras artes, outros mundos pra explorar em minha cabeça.
No momento, estou organizando minhas Oficinas de amigurumi livre, do Projeto Aperitivo no Sesc Pompéia em São Paulo. As aulas serão ao sábados e domingos, pra quem trabalha como eu, aproveitar e aprender artes nos finais de semana.
Junto com minha amiga Claudia Fajkarz (Estúdio Fainhand) tenho o projeto ‘Decalques Urbanos‘: espalhamos decalques floridos pelas ruas de São Paulo.
Ainda em processo de criação, também pretendo levar meu crochê para as ruas e quem sabe colorir mais a cidade.
FTC: Como você define Arte?
Arte é vida e vida é arte! Não consigo nem imaginar a possibilidade do mundo sem arte. Sem ela, com certeza não estaria aqui. Toda arte tem a essência do seu criador, vivência, história, emoções. A minha é lúdica, colorida, brincalhona e as vezes agridoce. É como enxergo e sinto o meu mundo interior.
FTC: Com o que você se inspira?
São tantas inspirações! Exposições, músicas, flores e plantas, livros infantis que coleciono! Sair pelas ruas do centro de SP, observar a movimentação das pessoas entre os prédios antigos, descobrir sebos e lojas de antiguidades, garimpar, móveis, objetos, discos e roupas me inspiram muito.
Crianças são pura inspiração! Enfim, minha inspiração vem de muitas coisas e a qualquer momento.
FTC: Conte um pouco mais sobre a Crochedermia!
Em mente inquieta, às vezes, dá um bode em fazer as mesmas coisas. No final de 2013, comecei a ver cabeças de animais de pelúcia e tecidos, resolvi testar em crochê. Fiz 2 peças e levei pra um bazar de Natal, foi um sucesso.
Em 2014, fui convidada pela Rita Paiva da Revista Make para fazer uma matéria com as cabeças, e de lá pra cá rolaram muitas cabeças, exposições, parcerias e encomendas. Precisava de um nome, então juntei crochê + taxidermia = crochedermia.
FTC: Você vende peças prontas ou somente por encomenda?
Quando tenho bazares e eventos, levo as peças prontas. Nas encomendas, a pessoa tem a opção de escolher as cores, a moldura, o fundo, as cores da cabeça e assim o projeto vai ficando conforme o cliente quer. Elas são minhas preferidas, pois ativam minha criatividade.
Os quadros em Crochedermia, por exemplo, demoram em média 6/8h, desde crochetar a cabeça, pintar a moldura e fixar o fundo, isso se fosse feito em apenas 1 dia. Mas sigo a ordem de encomendas e eventos e peço de 15 a 20 dias para enviar o pedido.
Ateliê da Patrícia. A decoração é incrível, assim como seu trabalho, não?
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