Cellograffiti: Ao invés de muros, Evgeny Ches utiliza plástico filme como tela para seus grafites nas florestas da Rússia

Cellograffiti: Ao invés de muros, Evgeny Ches utiliza plástico filme como tela para seus grafites nas florestas da Rússia

É muito comum encontrarmos grafites espalhados pelas superfícies urbanas, certo? Mas já imaginou encontrá-los no meio da floresta? Foi esse o ambiente que o artista Evgeny Ches escolheu para desenvolver a sua série chamada de “cellograffiti”.  Através dela o russo prova que essa expressão artística pode ser levada a qualquer ambiente.

 

CELLOGRAFFITI

O título, “cellograffiti”, surgiu em referência ao celofane, que é um dos nomes dados ao “plástico filme”, o material ultrafino utilizado normalmente para embalar alimentos. Ele permite a aplicação dos grafites de modo que o fundo seja preservado, o que auxilia na camuflagem do painel e o insere de maneira mais natural no espaço.

Evgeny começou a pintar ainda jovem, e com o tempo passou a se interessar pela cultura do hip-hop, o que atraiu sua atenção para o grafite. E a partir de 2014 ele passou a colocar em prática sua expressão artística através da arte de rua.

Ele conta que nunca frequentou aulas de artes e que se formou em um Instituto de Tecnologia, o que o levou a trabalhar na área da engenharia durante alguns anos. Mas a paixão pela arte o fez abandonar a área para se concentrar exclusivamente ao novo ofício.

Apesar de se dedicar atualmente a diferentes estilos de grafite, o início de seu trabalho se deu com a técnica do plástico filme, por ser algo novo pra ele. “Alguns anos atrás eu vi alguns caras, que estavam pintando em plástico transparente, fixado entre duas colunas”, conta o artista.

A ideia de pintar no plástico filme pertence ao artista francês Kanos e mais tarde ele e seu amigo Astro desenvolveram o ‘cellograffiti’. “Achei essa técnica interessante e decidi usá-la em minhas pinturas. Esse contraste parece muito interessante para mim quando a arte de rua se move para um ambiente natural, e esse contraste e harmonia ao mesmo tempo são combinados nas fotos de uma maneira muito incomum”, afirma Ches.

Ele normalmente envolve dois troncos de árvores com o filme e cria suas obras com tinta spray. “É uma maneira simples de criar uma parede em um lugar onde eu preciso, e é transparente, então a pintura parece muito mais interessante em alguns lugares”, ele diz.

Evgeny conta inclusive que no início da sua experiência com o material transparente, ele costumava recriar obras que já produzia habitualmente no meio urbano. Mas com o tempo percebeu que talvez criar painéis com temas de animais poderia chamar mais atenção do público que não tinha uma identificação inicial com o grafite.

A intenção passou a ser retratar algo que estava próximo às pessoas. O primeiro animal criado por ele em meio à natureza foi o esquilo, que depois foi seguido pelo urso-polar e pelo dinossauro.

Sobre a diferença entre grafitar uma parede e o plástico transparente, ele diz que o filme se move ocasionalmente com o vento e que é preciso criar maneiras de tentar evitar essa movimentação no momento da criação das obras.

Além disso, o artista mantém o fundo de suas obras transparentes para integrá-las ao ambiente externo, o que faz com que ele tenha que se concentrar ainda mais em não cometer erros durante o processo. Ele ainda explica que normalmente leva de três a quatro horas para finalizar um trabalho.

Ches conta que as pessoas normalmente têm boas reações aos seus animais grafitados, e que com o destaque que as obras alcançaram na internet também surgiram alguns questionamentos em relação aos resíduos dos seus painéis na natureza.

Em relação a isso, ele diz que remove os painéis depois de alguns dias para garantir que o ambiente natural não seja prejudicado com os resíduos plásticos. O autor considera essa atitude como parte de um processo natural. “O cellograffiti é mais para fazer fotos interessantes“, explicou ele.

Outra característica interessante do seu grafite é a possibilidade das pessoas acompanharem o processo de produção das obras, e não somente apreciá-las depois de prontas. “Quando eu pintava algumas obras de arte, as pessoas vinham e assistiam ao processo. Elas estavam muito interessadas porque não tinham visto essa técnica antes“. Além de oferecer aos expectadores interessados uma nova técnica artística, Ches espera que todos que encontrarem seu trabalho tenham ‘emoções positivas’.

Além de Moscou, sua cidade atual na Rússia, ele também já levou a série para Bali, na Indonésia. No vídeo a seguir é possível acompanhar o processo de confecção de uma de suas obras, onde o artista descreve com mais detalhes como iniciou seu processo com o “cellograffiti”.

Se quiser conhecer ainda mais o trabalho de Evgeny Ches, acesse seu site e acompanhe o seu perfil no Instagram.

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