Lettering: Conheça as técnicas desse estilo de tattoo com a artista Gabriela Droguett
A artista Gabriela Droguett é especialista em desenhos de letras e encontrou nesta arte o seu estilo. Confira entrevista!
Você já parou para pensar na diferença entre caligrafia, lettering, handlettering e tipografia? Já falamos sobre isso aqui, mas sempre vale a pena relembrar: a caligrafia é um tipo de arte visual, muitas vezes chamada de “a arte da escrita bela”. É escrever à mão e dar forma aos sinais de uma maneira harmoniosa, expressiva e habilidosa, tornando qualquer trabalho artesanal e exclusivo.
O lettering é o desenho de letras e palavras com um propósito, podendo ser feito com caligrafia, desenho à mão ou tipografia digital. O lettering feito à mão também é chamado de handlettering. Já a tipografia está relacionada aos tipos de letras (fontes) que já conhecemos e também a criação de novas letras. Ela engloba a organização, estilo e aparência.
E hoje vamos dar ênfase justamente no Lettering, que é a arte de desenhar letras, que parece ter encontrado uma outra arte perfeita, a tatuagem. Os dois têm circulado juntos e o resultado não poderia ser diferente: tattoos escritas cada vez mais exclusivas.
Nós, do Tattoo2me Magazine, resolvemos falar com máxima propriedade sobre o assunto. Conversamos com a artista Gabriela Droguett, de quem somos fãs, e temos a honra de poder aprender com seu trabalho. E hoje, em parceria com o FTC, apresentamos ela aqui. Vem com a gente!
GABRIELA DROGUETT, O INÍCIO
Gabriela nos deu uma verdadeira aula sobre Lettering e tatuagem. Enquanto conversávamos sobre sua carreira e suas técnicas de trabalho, a artista preparava as malas para, em poucos dias, desembarcar em Toronto. Soteropolitana, Gabriela, junto com mais 4 artistas, inaugurou o estúdio Cinc, localizado em Salvador. Foi nesse clima pré-viagem que nossa conversa alcançou voo.
“Quando comecei a tatuar há mais de 10 anos, os tatuadores não costumavam tatuar frases, letrinhas. ‘Onde já se viu um negócio desse?!’, eles me diziam. E como eles não gostavam, os meninos do estúdio começaram a me passar esses trabalhos. Eu fazia toda a escrita. E aí pensei: bom, vou fazer as escritas mais lindas, o mais incrível possível. Os trabalhos ficavam bonitinhos e as pessoas começaram a me procurar por isso. E em 2011, eu decidi que eu ia estudar sobre, mergulhar de cabeça, fazer uns cursos. Fiz design gráfico, de caligrafia, entre outros para melhorar meu trabalho. Comecei a estudar fontes, diagramação, parágrafos e começou assim. Foi um encontro.”
Gabriela nos contou que fez o caminho inverso: primeiro veio a tattoo e depois surgiu o amor por desenhar letras.
“A tattoo escrita pra mim é muito forte: Você resume tudo que está te movendo em uma única palavra, ou em duas ou três, ou em um texto. A tattoo escrita tem uma bagagem enorme! Eu fico até um pouco sentida vendo as pessoas fazendo tattoo escritas com tanto carinho e cuidado. Não é só a tattoo, é tudo que está por trás, toda uma história resumida. É uma palavra que significa todo um mundo pra aquela pessoa. Eu dou muita importância tanto pra quem escreve uma letra ou para quem fecha uma costela inteira com o salmo 91, por exemplo.”
SOBRE A ESCRITA
Ficamos super curiosos para saber como a artista lida com a escrita, com as letras.
“Não tem uma palavra que eu mais gosto de escrever. Mas tem letras que eu adoro desenhar. Por exemplo, adoro m minúsculo, o S maiúsculo. Tem umas letras que eu tenho mais paixão. O z minúsculo… o O eu gosto muito, dá pra variar bastante. E sabe o mais engraçado? É que as pessoas acham que eu escrevo daquele jeito. Eu não escrevo assim! Aquilo é um desenho que eu faço. É um desenho de letra. Minha letra mesmo é uó! O Lettering é o desenho de letra. É o que eu faço hoje.”
LETTERING, A TÉCNICA DE GABRIELA DROGUETT
Mas Gabi, conta pra gente! Existem técnicas para escrever ou se cria conforme a inspiração?
“Olha, existe uma técnica e você depois constrói em cima dela. Eu sempre digo que a gente tem que construir para depois desconstruir. Eu sempre faço uma grade, eu estruturo as letras e esboço o que quero e vou moldando. Não é escrever, é desenhar uma escrita. Eu estruturo bastante antes de fazer o acabamento. Toda escrita tem uma base, uma altura padrão e se o cliente te der liberdade, fica muito melhor. Já criei muitas letras e faço muitas cursivas. É preciso entender a essência da letra. O T, por exemplo, é um bastão cortado.
Tem que saber como se constrói uma letra, a forma básica de como as letras se estruturam. E como eu faço mais letras cursivas, comecei a fazer curso de caligrafia de bico de pena. Tem que estudar mais e aprimorar. Eu gosto de fazer com que cada tattoo seja única. Quanto mais se aprende, mais fácil fica.”
O que é mais difícil de fazer? Letra grossa ou letra fina?
“No geral, letras finas são mais difíceis. A grossa você pode ajustar, variar, ir engrossando aos poucos. A fina você faz e tá ali. Então, a fina é um pouco mais complicada.”
Qual é um mundo perfeito para quem trabalha com Lettering?
“O mundo perfeito é você ter cada vez mais liberdade. Mas em relação à escrita, os clientes sempre buscam uma referência e acabam ficando presas à outras letras. Então, é bom sair um pouco do que a gente vê na internet, por exemplo. Meus clientes são muito abertos e o mundo ideal é esse: fazer coisas diferentes. Quanto mais aberta a pessoa está, mais única a tattoo será!”
C’INK TATTOO
O estúdio inaugurado em Salvador tem um time de peso: além de Gabriela Droguett como uma de suas residentes, o estúdio conta com Milena Correia, Nely Tattoo, Carol Hidalgo, Mirna Garcia e Reka Bittencourt.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Gabriela Droguett, acompanhe o seu Instagram!