Tammy Kanat é uma artista têxtil que vive e trabalha na cidade de Melbourne, na Austrália, e se dedica a traduzir as paisagens do seu país através de grandes tapeçarias em formatos orgânicos que dispõe de uma bela cartela de cores.
A australiana passou a se interessar pela tapeçaria em um momento curioso. Em entrevista para a Material Soul, ela revelou que estava decorando sua casa e precisava de uma peça têxtil para uma de suas paredes. Após muito pesquisar, ela não encontrou nenhum item que a agradasse e decidiu que poderia confeccionar sua própria peça.
E então, no ano de 2011, ela se matriculou no Australian Tapestry Workshop, um centro internacional de excelência de tecelagem. Conhecido como ATW, ele é o único espaço desse tipo na Austrália e um dos poucos no mundo dedicado à produção de tapeçarias tecidas à mão.
Após 12 anos atuando como designer de joias, Tammy abandonou a profissão e passou a se dedicar exclusivamente à aprendizagem e aperfeiçoamento das suas habilidades na tecelagem manual.
MATERIAIS E FERRAMENTAS DE TRABALHO
A artista utiliza fios artesanais e diferentes tipos de lãs, juntamente com grandes aros de madeira com formas irregulares para interpretar elementos naturais que podem se assemelhar a vegetações, pedras e diferentes matérias encontradas na natureza.
Além disso, existe uma preocupação em se manter sustentável durante o processo: “Reciclar lã e fibras é sempre uma alta prioridade no meu trabalho. Meu estúdio é coberto de material! Muitas vezes encontro o que estou procurando no chão. A reciclagem aumenta o processo criativo à medida que você usa o que tem disponível, o que faz você ultrapassar os limites”, diz Tammy Kanat.
Ela também desenvolve outros projetos que fazem o uso de teares na construção de suas tapeçarias manuais: “Novas formas, texturas, materiais e cores são todas as áreas que eu gostaria de continuar a explorar e desenvolver”, ressalta.
CORES E TÉCNICAS
As cores são um elemento focal na sua obra: “A cor é uma parte essencial do meu trabalho. Brincar com tons diferentes e com formas imperfeitas é muito importante para o meu trabalho parecer orgânico e não artificial, experimentando métodos que resultam em texturas diferentes, criando uma escultura tecida”, complementa.
Um fato interessante sobre sua produção é que Kanat resgata técnicas pouco utilizadas e que estão próximas de desaparecer para aplicar em suas peças. “Eu acredito que tecelagem é uma forma de arte em constante evolução e atemporal, e uma forma encantadora de compartilhar o que me rodeia“, revelou para o My Modern Met.
No ano de 2014 ela abriu sua primeira exposição solo. Intitulada ‘The Spirit’, a mostra exibiu artes de parede tecida à mão, vasos e esculturas que consolidaram a tecelã como uma artista têxtil.
PROCESSO CRIATIVO
O processo criativo da australiana é intuitivo, sem previsão do possível resultado: “O processo de tecelagem é semelhante à meditação. Eu me perco no ritmo do meu trabalho. Isso limpa minha mente, diminui a respiração e faz meu coração ficar calmo. Observar a peça evoluir e crescer no tear é muito gratificante”.
Tammy acredita no potencial de trazer novas ideias à arte têxtil contemporânea. “Acredito que experimentar é a melhor maneira de descobrir novas metodologias. Não acredito que a tecelagem tenha técnicas erradas, elas são apenas resultados diferentes. Novamente, há uma liberdade na tecelagem, e você pode explorar essa forma de arte sabendo que não há erros”, ela diz.
A tecelã ainda complementa que a maior qualidade do seu trabalho é gerar identificação com o expectador: “Não se trata da metodologia perfeita ou dos materiais mais caros. É a capacidade de mover ou tocar alguém”.
ENSINO DA TÉCNICA
Além de confeccionar suas peças, a tecelã também ensina o ofício através de oficinas e workshops, e conta que é gratificante gerar o sentimento de felicidade e satisfação nas pessoas ao concluírem uma peça: “Elas conseguem explorar uma parte de si mesmos que nunca souberam que tinham”.
Seu processo de ensino segue a organicidade do seu trabalho, e ela acredita que todo mundo é criativo, e que ter a mente aberta para experimentar as possibilidades é a única experiência necessária para começar a prática manual.
Questionada pela Color me Quirky sobre qual conselho daria para artistas iniciantes, ela afirma: “Eu diria a qualquer artista que não perca o contato com o motivo de você ter embarcado originalmente em sua jornada artística. É ótimo que outras pessoas possam apreciá-lo, mas no fundo seu melhor trabalho é quando você permanece fiel a si mesmo”.
Pra acompanhar os projetos futuros de Tammy Kanat, acesse o site e o perfil da artista no Instagram.