Pilar Rodriguez já ilustrou embalagens da marca Granado e cadernos da papelaria Cícero. Conheça seu trabalho
Pilar Rodriguez é uma ilustradora brasileira que têm em seus trabalhos uma forte inspiração botânica. Nascida em Salvador, mas criada no Rio de Janeiro, foi aos poucos que descobriu a pintura e fez dela a sua principal atividade. Formada em Publicidade e Propaganda pela ESPM – Rio, trabalhou por muitos anos como redatora em agências, mas sempre mantinha atividades paralelas.
Buscava aulas de caligrafia, cerâmica e até fotografia experimental, na época em que as câmeras analógicas como as lomos eram febre. Pilar adorava testar resultados aplicando água sanitária nos negativos e buscando novos efeitos para as imagens, usando até asa de borboleta para fotografar.
Assim, a arte sempre esteve presente em sua vida, até que a maternidade despertou nela essa escolha pela pintura. Foi em 2012, após o nascimento de sua filha Lia, que Pilar resgatou um estojo de aquarela que tinha ganhado de seu irmão e começou a arriscar pinceladas para dominar a técnica de tinta e água. Os primeiros desenhos foram feitos em papéis de tamanho pequeno e usando o Pinterest como fonte de inspiração.
“Quando dei as primeiras pinceladas no papel, me encantei. Aos poucos fui encontrando meu estilo própria e minha temática”, conta. Com a experimentação, veio a confiança para pintar em escalas maiores. Isso trouxe uma necessidade de ampliar a intensidade das cores e a inserção da tinta acrílica. Hoje, a artista mescla as duas técnicas e criativa como é, passou também a usar colagens em alguns trabalhos mais recentes.
Olhando pelo seu perfil no Instagram, percebemos muita presença botânica e ilustrações de folhas de bananeira e outras plantas, em uma paleta majoritariamente verde. Este tema ganhou mais força nas pinturas de Pilar a partir de sua primeira exposição individual, realizada em 2018 na Fábrica Bhering, com o nome de “Selváticas”.
Com a chegada de sua filha, a rotina de trabalho mudou. Antes, como redatora, Pilar chegava sempre tarde em casa, quando a pequena já estava dormindo. Hoje, como pintora em tempo integral, consegue acompanhar mais o ritmo da criança e conciliar seu tempo entre trabalho e maternidade.
DIA A DIA E INSPIRAÇÕES DE PILAR RODRIGUEZ
O dia começa com uma lista de tarefas e o tempo para a pintura só começa depois do check-list. “A intenção é resolver primeiro todas as coisas que puder antes de começar a pintar, pra não ter interrupções. Acho que em média consigo pintar de 4 a 5 horas por dia”, explica. Sua preferência é para trabalhar à luz do dia, quando consegue ter uma visão mais exata das cores.
O talento de Pilar e sua arte, que reflete bastante uma atmosfera típica brasileira, abriram portas para que surgissem parcerias com marcas como Cícero e Granado. Para a artista, esta é uma maneira de expandir sua arte e alcançar novas pessoas. Ela também fala da satisfação de ver suas criações estampadas em produtos no mercado e desconstrói a ideia de que um artista não pode fazer coisas mais comerciais.
Poder viver da sua arte é algo que traz muita satisfação para Pilar. Talvez por isso, sua paixão tão transparente se estende para todo o processo da pintura: pesquisa de referências, captura de fotos, sketches, estudo de cores, escolha dos pincéis e o preparo do ateliê.
“É engraçado porque durante o próprio ato de pintar, passo por momentos de angústia, irritação, onde preciso tomar decisões, muitas vezes descartar uma parte onde apareceu um resultado interessante e passar tinta por cima em prol da pintura toda. Sempre entendo que isso é pintar, então no final das contas, esses sentimentos também entram nesse ‘pacote das coisas que me dão prazer’”, conta.
Super inspirador né? Nós adoramos ter esse bate-papo com a Pilar e conhecer um pouco mais a respeito dessa artista brasileira! Para encerrar, deixamos na íntegra algumas de suas leituras e artistas favoritos:
FTC: O que tem lido, ouvido, visto, quais são seus artistas preferidos no momento?
Lido – Tenho ao lado da cama um livro lindo da Yoko Ono chamado “Acorn”, “O Tempo” de Clarice Lispector e “Só Garotos” da Patti Smith.
Ouvido – New Order, Depeche Mode, Still Corners, Chromeo, War on drugs, The Clash, Tracy Chapman, Stevie Wonder, Tame Impala, Paul Simon, Toto, Genesis. Gosto muito de bandas de Pernambuco, como Academia da Berlinda, Banda Eddie, A banda de Joseph Tourton e Otto. E clássicos nacionais: Caetano Veloso, Jorge Mautner, Gal Costa, Gonzaguinha, Pepeu Gomes, Novos Baianos, Leo Jaime, Fagner… e por aí vai a miscelânea.
Artistas que admiro – O âmbito da pintura é repleto de artistas incríveis, então separei aqui aqueles que mais exercem influência sobre meu trabalho e estão sempre presentes nos meus estudos: Cristina Canale, Lucia Laguna, Hilma Klint, Hurvin Anderson, Katherine Bradford, Lee Krasner, Cecily Brown, Peter Doig, Alice Neel, Tracey Emin, Feliz Vallotton, Luiz Zerbini, David Hockney, Henri Rousseau.
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