Durante sua residência artística Ampparito trabalhou com diversos tipos de tecidos alterando suas cores e características físicas
Ampparito é um artista urbano espanhol, que procura usar a arte como meio para reflexão e questionamentos. Com suas intervenções – daquelas que nos fazem olhar duas vezes para um mesmo lugar para checar o que acabamos de ver – o artista busca justamente criar novas experiências e situações, subvertendo objetos, realidades e significados.
Durante uma residência de duas semana em Barcelona, no B.Murals, Ampparito estudou a respeito de bandeiras e seus propósitos. Seu objetivo era criar bandeiras com diferentes tecidos e cores. Para isso, fez experimentos nos tecidos a partir das instruções contidas em suas etiquetas de lavagem, aquelas etiquetas brancas de roupas.
Além de transformar as cores originais das peças, o artista também inverteu os papéis de peça principal e etiquetas. Em uma de suas criações, as pequenas tirinhas de instruções de lavagem das peças tornam-se as protagonistas, estampadas em letras grandes, como se fossem o produto principal e não apenas um detalhe escondido.
Ao fazer isso, ele subverte o uso de peças e por aqui, enxergamos uma outra reflexão que o esse trabalho pode gerar, sobre a nossa relação com as roupas. As etiquetas brancas geralmente são cortadas por nós assim que compramos uma peça, mas elas trazem informações sobre onde a roupa foi feita e como cuidar dela para prolongar sua vida útil.
São dois temas que têm sido discutidos na moda atualmente; como cuidar melhor de suas roupas e procurar saber em quais condições ela foi feita. Escolher tecidos melhores e comprar peças um pouco mais caras, mas com qualidade, levam a comprar menos, mas de forma consciente. Para fechar o ciclo, é legal saber como e por quem aquela peça foi costurada. Cada vez mais pessoas têm se atentado a esses fatores, nem sempre fáceis de se atingir.
Em relação às outras bandeiras, nas quais o artista brinca com as cores e muda seus aspectos físicos, ele diz que o intuito é testar barreiras ligadas às bandeiras, tidas como ícones nacionais, e observar quando elas têm um significado de poder ou quando são vistas apenas como pedaços insignificantes de pano.
Ampparito diz ainda que todo esse projeto, apelidado de Sobreexposicions i Cura, foi inspirado por uma frase que sua avó costumava dizer: “O difícil não é ter alguma coisa, mas mantê-la”. É uma frase que tem tudo a ver com os tempos em que vivemos hoje, de relações e posses descartáveis, não?
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