arielle martins
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Art Attack

Arielle Martins se inspira no cerrado de Brasília e na cultura brasileira pra criar ilustrações que contam histórias

Arielle Martins desenvolve ilustrações autorais para editoriais e publicidade, e também produz obras visuais em pintura digital desde 2019.

Aos 26 anos de idade, ela vive e trabalha na cidade de Brasília, no Distrito Federal, e produz um trabalho que tem como base as narrativas e cultura brasileiras e sua cidade natal: “O imaginário das minhas ilustrações busca envolver memórias afetivas do inconsciente coletivo e se inspira principalmente no aspecto lúdico das narrativas brasileiras, muitas vezes usando de uma aparência fantasiosa para destacar símbolos culturais. As narrativas se inspiram também no Cerrado e numa investigação sobre a cultura Brasiliense, cidade e bioma onde moro, ela diz.

Sua área de formação é a Arquitetura e Urbanismo, curso que ela concluiu em 2017, e que contribui pelo seu interesse pela arte e pela aplicação dela nos espaços. Apesar de suas ilustrações serem todas digitais, o processo de criação de suas obras envolve criar narrativas e rascunhos iniciais diretamente no papel.

A brasiliense também atua como ilustradora e diretora criativa no Acaiá Estúdio, com trabalhos de ilustração para aplicação em paredes ou painéis. O Acaiá Estúdio já teve os seus projetos publicados na Casa Vogue e Archidaily e uma proposta de ilustração vencedora do concurso Arte na Praça, exposta hoje em forma de mural no Aeroporto Internacional de Brasília.

ENTREVISTA ARIELLE MARTINS

Arielle Martins concedeu ume entrevista exclusiva ao FTC onde falou um pouco mais sobre como se envolveu com a ilustração, sobre seu processo criativo e dificuldades da carreira. Acompanhe a seguir:

FTC: Sua formação é na área de Arquitetura. Como surgiu seu interesse pela ilustração e como foi a sua transição pra essa atividade?

Arielle: Hoje eu percebo que a ilustração sempre esteve nos meus interesses e em tudo que eu fiz, também na faculdade de arquitetura, apesar de nunca ter pensado nisso como uma ocupação. Meu ensaio teórico foi, em parte, ilustrar algumas cidades que o escritor Italo Calvino descreve no livro Cidades Invisíveis, por exemplo.

Quando me formei passei algum tempo trabalhando com arquitetura, com bastante contato com obra. Surgiu uma oportunidade de ilustrar para um mural em um dos projetos e a partir daí comecei a estudar as minhas possibilidades de trabalho com a ilustração até que migrei de vez.

 FTC: Pode contar pra gente um pouco do seu processo criativo no seu dia a dia?

Arielle: O processo varia muito. Às vezes tenho bastante prazo, às vezes prazo nenhum e isso interfere no dia-a-dia. A fase que eu mais me demoro e que mais curto é estudar e propor briefings e toda a pesquisa por trás. Sempre tem uma intenção, algo que eu preciso defender durante o processo.

Gosto de me perguntar qual a história e como eu posso contá-la, como influenciar na percepção e sentimentos das pessoas que vão ter contato com a ilustração, o que e como o olho percebe aquela composição. Eu costumo escrever bastante nessa fase do processo. Só depois é que começo a rabiscar ou começo a brincar com as formas direto do digital.

FTC: Conta pra gente alguma coisa bacana que a carreira de ilustradora já te proporcionou e se você tem algum outro grande sonho que gostaria de realizar nessa área!

Arielle: É bem legal poder participar de projetos que envolvam um produto físico em que as pessoas possam interagir. Ano passado eu desenvolvi uma estampa de uma camisa com a marca Dane-se, de Brasília, que teve um resultado muito legal. As ilustrações que desenvolvo para mural também viram uma “interface comunicante” no espaço, mas acho que estou começando, ainda quero realizar muitos sonhos nessa área.

FTC: O que te dá mais prazer no seu trabalho? E o que dá menos?

Arielle: O melhor são as possibilidades de trabalhos diferentes que surgem e que me surpreendem sempre porque posso conhecer pessoas e histórias que vão enriquecer a minha percepção e repertório, além de poder trabalhar de qualquer lugar do mundo. A parte ruim, no momento, tem sido o desconforto que várias horas diárias sentada trazem, se você não investe na sua área de trabalho desde cedo!

FTC: Quando viu que dava pra viver disso, ou não dá? Quais as dificuldades nessa carreira?

Arielle: Acho que como qualquer carreira freelancer, a ilustração tem suas dificuldades, como a instabilidade e a autonomia no trabalho, que pode ser bem desafiador porque sentar e desenhar é apenas uma pequena parte do trabalho, entre resolver burocracias, lidar com clientes, etc. A obrigação de se manter sempre criativo (principiante em tempos como os que estamos vivendo no momento) também é uma questão complicada.

FTC: Que dicas você daria para alguém que quer iniciar nessa área?

Arielle: Acho importante refletir sempre sobre o seu trabalho, suas intenções e como tudo isso se encaixa no mercado, analisar quais são as possibilidades, fazer um planejamento financeiro. Acho legal reservar um tempo para projetos pessoais também e continuar aprendendo, ouvindo as pessoas e se capacitando.

Acompanhe o trabalho de Arielle Martins através do site e do perfil da artista no instagram.