Um espaço criado para dar voz à arte exclusivamente feminina: este é o Coletivo Piscina, projeto apaixonante que cumpre a missão de divulgar uma explosão de autenticidade feita por artistas mulheres, inspirando mentes e corações a sentirem beleza, encantamento e doses deliciosas de surpresas visuais.
por Matilde Cunha
O FTC teve o prazer de entrevistar Nataly Callai, cineasta, Paula Franchi, arquiteta, e Ana Luiza Fortes, atriz, um trio de mulheres digno de uma criatividade borbulhante que, através da própria amizade e troca de ideias, tiveram essa sacada maravilhosa de passar para frente todo o brilhantismo artístico feminino.
Ao longo da entrevista, compartilhamos com muito orgulho obras inspiradoras de algumas das artistas que embelezam o Coletivo Piscina. Confira:
por Júlia Brümmer
FTC: Como vocês se conheceram e quais são os sonhos que possuem em comum?
Nataly: A gente se conheceu em Florianópolis, em 2014, trabalhando juntas no teatro. Olhando em retrospectiva, ali já tinha muito da energia da Piscina: uma equipe de artistas mulheres, numa peça inspirada na Sylvia Plath.
Acho legal pensar sobre o que a gente tem em comum, o que nos uniu em primeiro lugar e que faz com o que o projeto tenha sentido para as três (o interesse na ‘questão’ artistas mulheres, uma afinidade de gosto), mas também tenho achado interessante pensar nas nossas diferenças, como elas se manifestam nas nossas escolhas e como a gente aprende ou muda de ideia uma com a outra.
Apesar de muitas vezes ser cansativo, lidar com elas pressupõe uma “fé” no coletivo – no ato de trabalhar em grupo – que acho bonita.
por Camila Novello
FTC: Como surgiu a ideia do Coletivo Piscina e qual a principal proposta do projeto?
Paula: Nós nos tornamos amigas na montagem do monólogo, e sempre conversávamos muito sobre as nossas artistas favoritas, trocávamos achados – das já consagradas a meninas brasileiras que estavam começando e descobríamos na internet.
Quando a ideia da Piscina aconteceu, vimos como a possibilidade de ampliar isso que já acontecia entre nós e que parecia tão fundamental. E ainda ajudar novas artistas a encontrarem um público maior e se manterem confiantes. Foi tudo muito rápido. Da primeira conversa ao site no ar foram três dias.
Ana: A principal proposta é criar um espaço de difusão do trabalho de mulheres artistas, e que esse espaço possa inspirar outras mulheres (nós três, inclusive) a criar e a mostrar suas obras.
por Júlia Brümmer
FTC: Quais as influências que estão por trás da ideia?
Paula: As influências mais diretas são o Girls Only e o The Ardorous.
por Sabrina Gevaerd
FTC: Qual o critério utilizado para realizar a curadoria das artistas?
Ana: Mesmo quase 2 anos depois, a nossa relação com as obras ainda é bem pessoal e o que move as nossas escolhas são os trabalhos que nos afetam, que olhamos e temos vontade de mostrar para o mundo.
Para nós é bem importante que as obras “falem por si”, no sentido de que o nosso critério de escolha está relacionado totalmente com a obra. É arte feita por mulheres, mas considerando sempre o aspecto artístico em primeiro lugar.
por Nadia Maria
FTC: A quê vocês atribuem a autenticidade do trabalho?
Ana: A autenticidade na arte contemporânea é um conceito bastante discutido e difícil de medir. Depois que o Marcel Duchamp trouxe um urinol para dentro do museu os artistas passaram a trabalhar a ideia de cópia de outra forma, subvertendo a noção da obra original.
No caso da Piscina, buscamos sempre olhar para os trabalhos que nos mandam com muita atenção e carinho, mas cada vez mais nossas escolhas se direcionam para um tipo de trabalho que consegue nos surpreender, seja pelas escolhas dos materiais, pela complexidade do conceito por trás da obra, pelo humor…
Então nesse caso, a autenticidade tem a ver com uma capacidade de desafiar de alguma forma o nosso olhar.
por Marcela Cantuaria
FTC: O que desejam passar para o público?
Nataly: O que a Piscina quer mostrar é algo bem simples: mulheres artistas existem, elas podem fazer (e estão fazendo) coisas incríveis. Acho que o projeto familiariza o público com uma arte que não é concebida segundo a male gaze, ajudando a desmistificar algumas coisas, como a ideia de que algo produzido por uma mulher seja “de mulherzinha” (algo tão problemático), que vá interessar somente a outras mulheres – ao passo que um artista homem pode falar pela humanidade.
FTC: Com o que vocês se inspiram?
Paula: Na minha vida, no geral, tenho sentido cada vez mais a importância de estar perto da natureza, mesmo que por pouco tempo, e ouvir o silêncio que vem das coisas vivas.
Ana: Eu me inspiro muito com pessoas, com conversas, pequenos gestos, ideias.
Nataly: A arte me inspira mais do que a vida, eu acho. Mas é sempre mais uma questão (e às vezes um esforço) de me manter “acordada”, aberta para as coisas, do que as coisas em si.
FTC: Qual tem sido o maior aprendizado desde o nascimento do Coletivo Piscina?
Ana: Um dos maiores aprendizados tem sido afinar o nosso olhar para as escolhas que fazemos em relação aos trabalhos selecionados e conciliar todos os desejos que temos para a Piscina com a nossa distância geográfica e nossos projetos pessoais. Algumas coisas estão acontecendo muito rápido e outras em um ritmo mais lento. Entender esses tempos e como lidar com eles é o nosso desafio atual.
por Juli Ribeiro
FTC: Citem 5 coisas que não conseguem viver sem.
Paula: Café da manhã, amigos e família, dormir, um projeto paralelo, experimentos manuais.
Ana: Liberdade, dormir, lip balm, livros, pessoas.
Nataly: Ideias, palavras, tempo, música, paixão.
por Luana Dornelas
FTC: Um filme, uma música e um livro que poderiam lhes representar.
Ana: Vou falar dos recentes, pra não me perder muito. Filme: O que está por vir, da Mia Hansen-Løve; Música: qualquer uma da Cat Power; Livro: Os detetives selvagens, do Roberto Bolaño.
Paula: No momento estou lendo “A Amiga Genial” da Elena Ferrante. Não estou numa fase muito musical agora mas agora me veio “A Mulher do Fim do Mundo” da Elza Soares, que foi uma música que ouvi muito ano passado e me deixa arrepiada. Filme, me veio a cena final de “Mommy”, do Xavier Dolan.
Nataly: Também tô pensando no que pode me representar no momento. Os filmes da Claire Denis (Desejo e Obsessão, talvez), Dance with me (The Modern Lovers), os diários da Susan Sontag.
FTC: Uma frase que sustenta o Coletivo.
Nataly: Acho difícil pensar em uma frase que defina o coletivo, mas gosto muito desse trecho de uma entrevista da Sheila Heti pra New Yorker. Acho que tem a ver com “sustentação”. Pra mim é isso que sustenta a Piscina ou qualquer outro projeto artístico com o qual eu venha a me envolver.
“Oh god, not networking. I mean something closer to love. Like, who are the people who I art-love? That means admire and want to share my brain with and make part of my brain”.
por Fernanda Liberti
por Tamires Garcia
por Ana Fortes
por Romina Guarda
por Janis Lima
por Giow Rosetti
por Thaís Bianca Bonini
por Brunna Mancuso
por Laíza Ferreira
por Gisela Navarro
por Pauline Zenk
por Tatiana Kolenczuk
Acompanhe e conheça mais sobre o Coletivo Piscina através do site, perfil no Instagram, ou página no Facebook.
No espaço da Piscina você encontra todos os links para acessar os sites de cada artista, basta acessar a plataforma! Para mostrar seu trabalho, envie o link para o seu portfólio, com nome, idade e cidade para ([email protected]).
por Clarice Gonçalves
Comments are closed.