Cernesto Cernandez é artista americano, mais conhecido como Cern One. Cern começou sua arte pelas ruas com letras inspiradas em grafites no início dos anos 90. Desde então, cria com diversos materiais e estilos. Ele, que já pintou murais colaborativos pelo mundo todo, diz que adora São Paulo e o Brasil. Suas obras tem estilo aquarelado e até parecem possuir um efeito “blur” (desfoque) por conta das tintas que escorrem.

A mistura de realismo com fantasia é característica de sua técnica. Conhecemos o seu trabalho ao participar do Street Art Tour em Cape Town e o entrevistamos para saber mais sobre suas inspirações:

FTC: Cern, como você acha que as cores influenciam o seu trabalho?

Cern: As cores me influenciam de diversas maneiras. Na arte visual, elas são linguagem, um idioma próprio. Refletem o nosso próprio mundo e criam um outro quando as juntamos. Elas nos fazem sentir diferentes a cada momento e mensagem. Muitos pais e crianças por exemplo, as tem como regra quando são atribuídas a um gênero (menina/menino). Eu gosto de experimentá-las.

E mais do que apenas utilizar as cores na minha arte, eu as uso em minha vida todos os dias, com roupas e alimentos, por exemplo. Elas tem muita força e é incrível como as pessoas tem medo delas. Aqui em NY, por exemplo, estamos entrando no inverno e é impressionante o número de pessoas que já estão usando mais preto e cinza do que qualquer outra cor.

FTC: Com o que você se inspira?

Cern: Costumo dizer que eu sou super inspirado, algo assim. Porque sempre que eu acordo, penso nas pessoas que eu amo e nas possibilidades de um novo dia. E quando eu não estou me sentindo tão positivo, eu me inspiro para ter esse sentimento, ficar bem. Eu sou inspirado pelos meus sonhos que se tornaram realidade e pela possibilidade de que muitos deles ainda vão virar realidade.

FTC: O que você vê em comum em todos os seus projetos?

Cern: A experimentação. Eu sempre estou tentando algo novo. Mesmo se estou fazendo uma técnica já conhecida ou explorando um tema que não é novidade para mim, eu tento me desafiar para algo novo. Isso é regra.

FTC: Conta algo sobre o projeto Ballunatics, arte grafite com balão!

Cern: O Ballunatics ou Bahloon Mindstate são títulos que uso para as minhas mais recentes esculturas. Começou com a colaboração de um velho amigo, Addi Somekh que possui a New Balloon Art. Eu primeiro tinha pintado um mural baseado em fotos de seu trabalho para a The Balloonhat Experience, um projeto bem inspiracional que Addi fez com um grande amigo, o fotógrafo Charles Eckert.

Addi e eu começamos então a criar juntos. Eu então comecei a espalhar minhas bexigas grafitadas como intervenções urbanas e instalações com luzes e outros materiais. Ainda fico empolgado com as possibilidades e as ideias que temos na mente. É super bacana fazer os infláveis funcionar, pois sempre me lembram a sensação de quanto a nossa vida é delicada que nem um balão: a gente nunca vai saber qual a sua duração, por isso, tem que aproveitar a diversão.