Morre aos 84 anos o artista Christo, que ficou conhecido por embrulhar monumentos do mundo todo ao lado de sua esposa, Jeanne-Claude

Morre aos 84 anos o artista Christo, que ficou conhecido por embrulhar monumentos do mundo todo ao lado de sua esposa, Jeanne-Claude

Christo é o nome artístico de Christo Vladimirov Javacheff. O artista tem origem búlgara mas vivia em Nova York, nos Estados Unidos, há mais de 50 anos. Ele faleceu de causas naturais em sua casa, no Brooklyn, no final do mês de maio de 2020, aos 84 anos de idade.

Juntamente com sua esposa, Jeanne-Claude, o artista ficou conhecido por envolver em tecido monumentos e grandes elementos urbanos e naturais por todo o mundo. A dupla se conheceu na década de 1960 e a partir de então passou a dividir vida e obra.

Christo nasceu na cidade de Gabrovo, na Bulgária, e estudou na Academia de Belas Artes de Sofia. Em 1958 ele se mudou para Paris, na França, onde conheceu sua companheira. Na cidade eles tiveram seu único filho, Cyril, e se casaram. E em 1964 a família se mudou para Nova York, onde viveram até o fim de suas vidas.

Jeanne-Claude faleceu em 2009 devido a um aneurisma cerebral, aos 74 anos de idade. A partir de então seu companheiro deu seguimento ao projeto artístico da dupla, concretizando outras intervenções artísticas do tipo site specific, que é quando uma obra é pensada para ser instalada em um local pré-designado.

Desde 1994 eles usam oficialmente o nome Christo para identificar a autoria de suas obras. Os projetos artísticos do casal envolviam anos de planejamento, grande tempo de execução e também altos orçamentos.

OBRAS E INTERVENÇÕES URBANAS DE CHRISTO

A dupla alcançou ganhou grande destaque com a intervenção Surrounded Islands, concluída em 1983, que envolveu 11 pequenas ilhas na Baía de Biscayne, no sul da Flórida, com polipropileno rosa. A intervenção criou a impressão de que as ilhas eram flores tropicais flutuantes, segundo o ArchDaily.

Outra grande obra deles foi a intervenção na PontNeuf, que cruza o Rio Senna, em Paris, em 1985. “O ‘empacotamento’ da Pont-Neuf a transformou, por 14 dias, em uma obra de arte. As cordas mantiveram o tecido na superfície da ponte e preservaram as formas principais, acentuando o relevo, enfatizando proporções e detalhes do Pont-Neuf, segundo o site da dupla.

The Umbrellas é o título de uma obra temporária realizada em dois países ao mesmo tempo. Ela refletia sobre as semelhanças e diferenças nos modos de vida e no uso da terra em dois vales no Japão e nos Estados Unidos. O casal fixou 3.100 guarda-chuvas na Califórnia nesse trabalho que foi concluído em 1991.

Outro projeto de grande destaque dos dois foi realizado no ano de 1995 na cidade de Berlim. Eles “empacotaram” com plástico o prédio do Reichstag, que abriga o parlamento federal da Alemanha. Por um período de duas semanas o tecido destacou os volumes e proporções da estrutura, revelando a “essência” do Reichstag.

A instalação The Gates ocupou o Central Park de Nova York em 2005. Os 7.503 portais com tecidos alaranjados suspensos pareciam um “rio dourado aparecendo e desaparecendo pelos galhos das árvores”, segundo o site dos artistas.

A LIBERDADE COMO PREMISSA

O tecido foi empregado em muitos dos projetos. E o que leva à escolha do material são propriedades como a “fragilidade e a impermanência”, segundo eles. E essas características se relacionam com outro grande ponto de suas obras: A liberdade. “Nosso trabalho trata sempre de liberdade, disse certa vez Jeanne-Claude ao DW, completando: “Ela é a inimiga da posse e da durabilidade“.

Christo afirmou, também em entrevista ao DW, que a liberdade é inimiga da propriedade. “Os seres humanos gostam de estar próximos de coisas que são únicas como eles são, de coisas que não vão acontecer de novo. Os projetos têm uma qualidade de fragilidade e ternura, como nossas próprias vidas ou nossa própria infância. Eles não podem ser substituídos ou repetidos, ele diz.

Por conta da efemeridade dos trabalhos, cada um deles recebe uma vasta documentação que vai permitir que ele seja “exposto” posteriormente.

“Tais exibições não substituem os projetos. Elas apenas os documentam. E através delas deveríamos ver as conexões com todos os trabalhos – pois eles são conectados, e não separados. A realidade comum a esses projetos é o fato de haver tantos níveis de percepção envolvidos. Creio que essa seja a ideia central do nosso trabalho – o fato de que ele não pode ser separado, disse Christo.

O artista faleceu antes de ver concluído seu projeto de embrulhar o Arco do Triunfo, em Paris, com tecido azul reciclável. O projeto foi idealizado em 1962 e seria concretizado em setembro de 2020. Todavia, sua inauguração foi adiada para o segundo semestre de 2021 por conta da pandemia de Covid-19.

Christo e Jeanne-Claude deixaram um site onde é possível conhecer e apreciar o legado artístico do casal.

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