Cores marcantes, elementos tradicionais e minimalismo se misturam nos bordados da chilena Karen Barbé
Quando conhecemos o trabalho de Karen Barbé, a combinação de cores é um elemento que logo chama a atenção. Fazendo o uso de uma série de referências tradicionais e diferentes técnicas de bordado, a chilena afirma que une “uma vasta tradição têxtil com um toque contemporâneo” em sua obra.
Além de desenvolver seu trabalho artístico, Karen também é designer, fotógrafa, ministra aulas e workshops de bordado manual. E a formação profissional da artista teve grande influência na qualidade estética de suas peças.
O COMEÇO
Karen Barbé teve seu primeiro contato com o bordado ainda na infância, através de sua mãe, que praticava diversas atividades manuais como costura, tricô, bordado e pintura. Por conta disso foi muito natural para ela adentrar nesse universo.
Com formação em Design, ela se dedicou ao universo corporativo por mais de dez anos antes de decidir se dedicar à sua arte, o que aconteceu no ano de 2007. A experiência adquirida como Designer Têxtil desenvolvendo projetos para clientes no Chile, Europa, América do Norte e Ásia agregou muito à sua obra atual. Nesse período ela desenvolveu suas habilidades em todo o processo de criação, desde o conceito, passando pelo desenho, produção e chegando à etapa de fotografia de produto.
INSPIRAÇÕES DE KAREN BARBÉ
Karen mantém seu ateliê na cidade de Santiago, no Chile, e revela que o local tem grande relevância na sua obra: “Por um lado, a América do Sul está cheia de cores e toneladas de luz solar que fazem todas as cores parecerem mais brilhantes e com grande contraste… Então, por outro lado, a incerteza de viver no Chile, rodeada por vulcões de um lado e um vasto oceano do outro e ser continuamente abalado por tremores e terremotos, nos moldaram em uma cultura de perda e humildade”, ela diz.
Essa imensidão de cores, juntamente com as incertezas vindas das intempéries naturais, faz com que seu foco profissional seja trazer uma sensação de aconchego do lar ao espectador independente de onde ele esteja. E ela afirma que sua intenção é justamente transportar essa sensação de acolhimento para superfícies têxteis.
Seu trabalho já foi descrito como simples, geométrico, sofisticado e até mesmo com um toque escandinavo. Mas a artista admite que gosta de encará-lo como “simples, doce e despretensioso e que sempre tem uma história colorida para contar”.
Além do ambiente, suas inspirações vêm de diferentes fontes como memórias pessoais, imagens antigas que retratam situações familiares, fotografias ou qualquer outro tipo de representação do passado. Depois de criar os primeiros esboços baseados nessas referências visuais, ela começa traduzir as imagens para a linguagem do bordado, imaginando como elas seriam se fossem tecidas. “Ao mesmo tempo, muito do meu trabalho é investigatório no sentido de explorar os limites de pontos, cores, grades, superfícies e processos”, ela diz.
ENSINANDO A TÉCNICA
Uma das maiores dificuldades que Karen observava nos seus alunos que estavam em fase de aprendizagem de bordado era em relação à composição de cores. A partir dessa observação surgiu a ideia de criar um workshop cujo assunto fosse o tema central. O workshop evoluiu para o seu livro, chamado Color Confident Stitching, que a própria autora chama de uma versão expandida dessa oficina. Além dele, a artista já lançou outras publicações que têm a técnica têxtil e a criação de paletas de cores como temática.
A relação que a chilena desenvolve com o bordado manual é comparada por ela mesma a uma conversa ou a aprender um novo idioma. Ela conta que quando começamos a bordar temos uma grande preocupação com cada ponto individualmente, como se estivéssemos escolhendo as palavras corretas para pronunciar. Mas à medida que estreitamos nossa relação com a técnica o processo de bordar se torna mais fluido: “Somente depois de termos repetido um único ponto centenas ou milhares de vezes é que podemos nos envolver em uma conversa interminável sem pensar se estamos ou não sendo precisos”, ela afirma.
Para ela, bordar é “quase como uma dança com técnica, forma e cor, tudo unificado entre a história, o fio e o tecido”.
Ela ainda ressalta que bordar leva muito tempo, atenção e foco, e que dependendo da intenção, mesmo áreas muito pequenas podem levar horas pare serem preenchidas. E que essa construção do desenho a partir do bordado valoriza a vida porque é lenta, e permite que “erros e correções recebam o tempo e a consideração necessários”.
Se quiser acompanhar o trabalho de Karen Barbé, acesse seu site e visite o perfil da artista no Instagram.