Buenos Aires também é a cidade dos grafites, da arte de rua e possui até um tour oficial gratuito
Assim como Londres, São Paulo e Nova York, Buenos Aires também é a casa de muita arte urbana, intervenções e grafite. Conheça os responsáveis por transformarem a cidade cinzenta em incríveis obras artísticas
Nos anos 80, os grafites eram considerados vandalismo e protesto. No entanto, a partir dos anos 90, os muros de Buenos Aires começaram a abrigar um dos movimentos de arte urbana mais ativos da América Latina.
Artistas de todo o mundo começaram a chegar na cidade portenha para transformar paredes cinza em um museu ao ar livre. Foi a partir desse fenômeno que o governo de Buenos Aires criou o Color BA, um festival de arte urbana, no qual artistas locais, nacionais e internacionais são convocados para a criação de megamurais e intervenções, desenvolvendo um novo significado e apelo à cidade. Na última edição deste festival, foram pintados cerca de 2.500 metros quadrados.
Por onde andamos na cidade percebemos cores: são grafites, colagens, enormes murais, stickers e muita arte que envolve a cidade toda, até nos bairros mais turísticos. Quem presta atenção nas ruas com certeza não deixa passar desapercebido as mensagens das obras.
PASSEIOS E VISITAS GUIADAS GRATUITAS
Dessa forma, os grafites tiveram tanta importância na cidade, que o Governo de Turismo de Buenos Aires decidiu oferecer passeios e visitas guiadas gratuitas para todos os gostos: desde uma rota tradicional para conhecer os grafites de Barracas, La Boca, San Telmo e Abasto, os clássicos da cidade, até uma rota emergente pelos bairros de Coghlan, Villa Urquiza, Colegiales e Palermo, com murais modernos onde as paredes falam e contam histórias.
Aqui estão algumas referências do muralismo em Buenos Aires, que também conseguiram se tornar artistas reconhecidos internacionalmente. Conheça:
MARTIN RON
Ele foi um dos primeiros a pintar um grande mural na capital argentina: em um plano de 412 metros quadrados que continua a capturar olhares. Martín pinta elementos da vida real que ele mistura com elementos mais surreais: sua arte fala de seu entorno, das coisas que acontecem, ele não é estranho aos problemas e eventos do mundo.
Os temas vão desde grandes personagens da vida popular argentina (Ernesto Sábato, Isabel “La Coca” Sarli, Carlos Tévez, etc.) até a ênfase na natureza e a incidência dos seres humanos em sua degradação e possível salvação.
No exterior, sua criatividade estava incorporada nas paredes da Malásia, Bélgica, Estados Unidos, Estônia e Inglaterra. Para saber mais sobre seu trabalho: @ronmuralist
TANO VERON
Tano Veron é professor e ilustrador de designer gráfico e também é um renomado artista de rua argentino. Por vários anos, invade a cidade com mensagens positivas e atenciosas, através de colagens e murais em larga escala. Ele começou em 2015 a deixar suas mensagens nas paredes: pôsteres com estética cumbiera e letras grandes.
A primeira foi: “Seja feliz (não foda o seu vizinho)”, no bairro de Palermo, e agora eles são reconhecidos com um olhar em qualquer parte da cidade. Para conhecer seu trabalho, siga-o nas redes: @tanoveron.
HOLA PUM PUM
Pum Pum é designer gráfica e uma das artistas mais reconhecidas no campo da arte urbana em Buenos Aires, embora prefira permanecer anônima. Enquanto no início do ano 2000 muitos artistas optaram pelo spray como material principal, Pum Pum inovou com tintas e pincéis de látex, em murais inspirados em sua figura.
Seus personagens bidimensionais icônicos são o resultado de uma influência eclética que varia de Hello Kitty a Black Flag, uma banda de punk rock, e ela consegue representá-los através do uso de cores fortes e traços finos. Para saber mais, você pode segui-la em: @holapumpum
PROYECTO PERSIANA
É uma organização de artistas de rua, muralistas e grafiteiros cujo objetivo é converter as cortinas sem brilho das lojas do centro de Buenos Aires em um espaço visual onde os visitantes se sentem desafiados pela arte urbana.
Santiago Cavanagh é o fundador desse movimento artístico e, como vizinho do bairro de San Nicolás, costumava andar diariamente nas calçadas, quando as lojas já estavam fechadas. Foi por experiência própria que ele propôs essa intervenção. Além disso, busca romper a ideia negativa do grafite, associada a violações e deterioração de edifícios. Para saber mais, você pode acompanhar o movimento nas redes sociais como @proyectopersiana.
GUILLERMO PACHELO
Ele é um artista contemporâneo, muralista e pintor. Reconhecido por suas mensagens positivas, que nasceram em resposta à agressividade: repudia tanto as que estão gravadas nas paredes quanto as que circulam nas redes sociais. Com seu grafite, ele tenta cobrir, de fato, as mensagens que foram escritas nas ruas da cidade e “não se somam”.
De sensibilidade e otimismo, usando cores vivas e traços simples, seus trabalhos buscam ressignificar os valores consagrados na vida urbana, devolvendo-os de maneira simples. Veja mais das suas intervenções em: @guillepachelo
MILU CORRECH
Nascida em Buenos Aires e, depois de ver uma pintura incrível nas paredes de sua cidade, decidiu participar de uma oficina de mural para iniciar seus próprios trabalhos. Em 2017, Milu conseguiu se destacar pelo site especializado Street Art Today, na Holanda, posicionando seu mural feito em Quilmes, entre os sete melhores do mundo.
Seu trabalho como muralista concentra-se principalmente em figuras mitológicas e antropomórficas, fundindo iconografia clássica, antiga e latino-americana com personagens de mitos modernos. Para conhecê-la: @milucorrech.
Da próxima vez que for para Buenos Aires, não deixe de fazer o tour gratuito dos grafites! Para saber mais sobre a arte urbana de BA e as visitas guiadas sem custo algum, acesse o site oficial do Turismo da cidade.
Mais dicas sobre Buenos Aires no FTC aqui.