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Cairo: Onde ver arte na capital do Egito?

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Na capital egípcia, a arte é vista como o cão de guarda da democracia e as ruas refletem a cultura local;

Localizada às margens do rio Nilo, Cairo, a capital do Egito, é um importante centro político, econômico e cultural. Conhecida como a “Cidade dos Minaretes”, pela existência de muitas mesquitas na região, abriga as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge, que datam o século 26 A.C.

Mas além dos passeios aos templos, dos artefatos e das múmias reais que contam a história da rica civilização, há um mundo de arte e cultura na cidade à espera para ser explorado. Hoje trazemos então, alguns locais fora dos circuitos habituais da capital egípcia e cheios de arte para te inspirar. Confira:

1 – Praça Tahir e arredores

O graffiti surgiu no Egito como forma de liberdade de expressão durante a revolução política de 2011. Com as mudanças, as paredes da cidade se transformaram em um livro de história visual.

Em torno da Praça Tahrir, incluindo as paredes da Universidade Americana, do Lycée el horreya e do campus grego, bem como nos blocos de concreto que a polícia instalou para impedir os protestos, cartazes, grafites e murais, até hoje, reagem aos eventos. 

Muitas mensagens ainda estão lá para lembrar dos acontecimentos que o Egito testemunhou na última década. E apesar de sua “coleção” mudar constantemente, ainda é possível ver a evolução retratada através da arte.

Com a conquista das ruas e espaço público em geral, grafites e murais aparecem cada vez mais em Cairo. Imagem por Claudia Wiens

Um dos mais famosos murais é o da Universidade Americana do Cairo (AUC, na sigla em inglês), particularmente na rua Mohammed Mahmoud, usado por ativistas “como um jornal” durante a revolução.

Desde 2011, estes muros foram apagados pelo menos 4 vezes. Os grafites então, mudam frequentemente. Os egípcios gostam de compartilhar as artes nas redes sociais e, sempre que algo é apagado, artistas voltam correndo para pintar como um lembrete da violência da revolução.

Graffiti de Ganzeer criado em 2013 na rua Mohammed Mahmoud / Getty Images

Até hoje, intervir nas ruas do Cairo não é tarefa fácil. Os graffitis locais aparecem e muitas vezes desaparecem; muros são derrubados pelas autoridades; parte do que permanece vira relíquia ou são os criados por artistas estrangeiros comissionados.

Para mostrar que a arte faz parte do caráter e da linguagem visual do povo egípcio, cores vivas e o estilo caligráfico continuam em busca de decorar a cidade, como mostram os carrinhos de vendedores ambulantes.

2 – Pelas ruas da cidade

Além de mensagem políticas, revolucionárias e tabus sociais, a cultura pop, poemas e alguns ícones da região, como o jogador de futebol Mo Salah, escritor Naguib Mahfouz e a cantora Om Kalthoum, são temas da arte de rua no Cairo.

O “Rei Egípcio” ganhou até um tour pela vila Nagrig, onde cresceu e jogou futebol pela primeira vez. O passeio leva os visitantes para ver o famoso graffiti no café Zahrat el-Bustan e El-Hadabaem, oferece um bate-papo regado a chá com os moradores locais mostra a vida no interior do Egito.

A maioria dos murais que permanecem são de artistas estrangeiros comissionados, como o da dupla brasileira “Acidum Project ” a caminho de Gizé. edo sérvio Artez, que mistura fotorrealismo com ilustração.

3 – EL Seed

O distrito de Manshiyat Naser, apelidado de “cidade do lixo”, é habitado por muitos coletores. Para homenagear a comunidade copta Zabbaleen e o seu eficiente sistema de reciclagem, o artista El Seed criou um mural gigante que cobre cerca de 50 edifícios. É uma obra anamórfica baseada na caligrafia árabe, que só é visível a partir de um ponto muito preciso na montanha Mokattam.

O mural, no bairro de Manshiyat Naser, é um testemunho da resiliência do espírito humano face à adversidade. 
Instalação pirâmides de Gizé por El Seed;
eL Seed’s artwork in Cape Town, South Africa

A famosa instalação “Perspectiva” em estilo ‘caligraffiti’ é resultado de sua paixão pela arte de rua e de sua origem árabe. El Seed também usa estas características em outras peças espalhadas pela cidade.

4 – Zamalek

Zamalek é a área mais cosmopolita do Cairo, cheia de lojas, bares, cafeterias e restaurantes modernos. Inclusive, é um dos raros locais onde se consegue tomar uma cerveja (vá até o NiloNile Zamalek Hotel Rooftop, tem uma vista deslumbrante). Suas ruas escondidas abrigam diversas galerias de arte que valem a pena serem visitadas como:

  • Ubuntu Art Gallery: pequeno espaço com mais de 50 trabalhos de artistas locais;
  • Demi Art Gallery: obras de arte contemporâneas;
  • Zamalek: o melhor local para aprender sobre artistas locais estabelecidos e emergentes;
  • Al Masar: principal galeria de arte moderna e contemporânea do Egito, com exposições de artistas pioneiros;
  • Picasso: exibe uma incrível diversidade de gêneros artísticos e diversas exposições e coleções;
  • Lehnert & Landrock: criada por estrangeiros há 90 anos, a livraria e galeria de arte também possui esculturas, cartões postais e fotografias do Egito na década de 1920;
Galeria Ubuntu. imagem via Facebook;

O Corredor 26 de Julho é o principal caminho da ilha. Zamalek também está cheia de jardins, parques e palácios ao longo do Nilo. Cheio de estrangeiros, é uma boa escolha para mulheres que viajam sozinhas e querem passear sem serem perturbadas.

Nossa dica é: tome um café no Antique Khana, decorado com muitas antiguidades ou no Sufi Cafe, com toque egípcio, que fica dentro de um apartamento antigo e por isso é composto por várias salas diferentes; procure por livros de egiptologia na Livraria Diwan; visite as lojas de antiguidades como a Nostalgia Art Gallery (especializada em litografias e objetos de arte) e a Noubi; experimente o cardápio do Zooba e os clássicos da comida de rua egípcia em um ambiente divertido; compre artesanatos feito à mão na Fair Trade Egypt.

O cardápio do Zooba traz os clássicos da comida de rua egípcia em um ambiente divertido;

5- Darb 1718, uma visita artística no Cairo Antigo

Moataz Nasr, um famoso artista e ativista egípcio, montou seu estúdio em um bairro da classe trabalhadora do Cairo Antigo. Convertido em espaço cultural multidisciplinar em 2008, o Darb 1718 conta hoje com dois espaços expositivos, um teatro, uma sala de projeção de filmes independentes, um palco, jardins, residência de artistas, para celebrar a mudança do Egito através da arte.

Dicas Valiosas

  • Planeje bem seu passeio. Faça uma lista dos lugares que quer visitar e como se deslocar, já que o trânsito em Cairo pode ser caótico em algumas áreas.
  • Use calçado confortável para caminhar; calças e blusas de manga comprida (ombro de fora quase equivale a sair no Brasil só de sutiã); e ande com lenço/xale na bolsa caso precise usar, em respeito à cultura e religião.
  • O comércio no Cairo fica aberto até tarde, muitas vezes até o dia seguinte às 5. Então você pode fazer suas compras no mercado Khan el Kalili até de madrugada;
  • Beber é anti-islâmico, e não é todo lugar que é bem visto. Nos bares locais só vão homens e a cerveja é barata. Já nos internacionais entram mulheres;
  • Tome cuidado ao falar sobre política e religião – o Egito é especificamente complexo neste assunto;

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