Caras do Sítio: Lou e Luci trocaram a cidade pelo campo e usam recursos disponíveis para criar peças únicas sustentáveis para decoração

Caras do Sítio: Lou e Luci trocaram a cidade pelo campo e usam recursos disponíveis para criar peças únicas sustentáveis para decoração

Caras do Sítio: os dois largaram a vida na cidade em busca da paz do campo e contam como foi essa transição. Eles também fazem um belo trabalho com madeira de descarte, dando um novo significado a ela com objetos de longa duração. 

Com o stress das cidades grandes e com a mentalidade das novas gerações de olhar mais para si mesmo, vivendo com menos e com mais qualidade, muitas pessoas sonham em largar a vida entre as paredes de concreto urbano e viver em locais mais tranquilos, mais perto da natureza.

Foi isso que Lou e Luci fizeram, mas com muita transparência, deixando de lado as utopias de uma transição de moradia. Cansados da vida na cidade, resolveram juntar suas bagagens – pessoais e profissionais – e se mudaram para um sítio, na área rural de Florianópolis, Santa Catarina.

Lucimar Antonio Vanni tem 36 anos, é de Chapecó (SC) e é eletrotécnico, tendo trabalhado por muitos anos como representante de uma empresa francesa de controle de energia. Lourenço Wilk, 43 anos, de Santa Bárbara do Sul (RS) é autodidata, publicitário e designer. Juntos há 15 anos, eles são os Caras do Sítio.

Luci no trabalho pesado 

OS CARAS DO SÍTIO

Eles contam que o processo de se mudarem para o sítio não foi algo repentino, do dia para a noite. No começo, alternavam alguns dias da semana entre a cidade e o fim de semana no sítio. Mas era um ritual bem cansativo, já que o sítio fica a 100km da cidade e além da mudança pessoal, tinha a mudança de cinco companheiros de quatro patas. Hoje, são oito cachorros e uma gata, que amam a liberdade de correr pela vasta área verde.

Quando se mudaram, descobriram que a vida no sítio era uma vida comunitária. Apesar de estarem longe da cidade, sempre que precisam recebem ajuda de algum vizinho e vice-versa. Seja para dar uma força na hora da colheita ou para ajudar em algum problema de energia. “Foi surpreendente a forma como fomos recebidos, totalmente sem preconceito. O nome “Caras do Sítio” surgiu quando começamos a prestar atenção em como o pessoal da comunidade se referia a nós”, contam.

Estoque de madeiras para recuperar

O contato com a terra também trouxe conhecimentos. Apesar de Lou ter vivido na zona rural até os 16 anos, nunca teve muito conhecimento sobre plantio. Quem ficou animado dessa vez foi Luci, que aprendeu técnicas e foi atrás da certificação orgânica. Assim, no sítio eles começaram a plantar e colher o próprio alimento.

E essa decisão foi algo que trouxe benefícios ao sítio também, já que quando chegaram, a terra era uma plantação de milho depredada. Aos poucos, com técnicas de agrofloresta, a natureza foi se regenerando, florescendo e atraindo animais.

Coisas do sítio: “A convivência com as pessoas que sempre foram do interior nos deram um aprendizado incrível, sobre como é viver em comunidade e compartilhar”.

Mel, Samba, Olívia, Ringo e Teckel, parte da turma canina do sítio

Apesar de alguns perrengues vez ou outra, como ficar atolado na estrada de terra, lidar com a falta de energia, insetos, e planejar a captação de água direto da fonte (100% potável), Lou e Luci vivem com o melhor dos dois mundos: a calmaria do sítio, o contato com a natureza, e as facilidades da tecnologia. Para eles, a internet foi algo que facilitou essa transição, já que eles conseguem fechar contratos de trabalho online e também podem ter acesso aos vícios modernos como Netflix.

Uma das melhores coisas da vida rural, segundo os dois, é a percepção do tempo. “Aqui a vida parece acontecer mais devagar. Claro que o tempo é igual pra todo mundo, mas a percepção aqui no sítio parece que faz as coisas durarem mais”.

Entre as coisas que duram mais, estão aquelas materiais. Lou e Luci contam que a vida no sítio trouxe uma reflexão a respeito de estilo de vida. Se antes eles se sentiam sempre ansiosos, em busca de acumular dinheiro, trocar de carro a cada ano, hoje veem que essa busca desenfreada encontrou um limite.

Com a mudança para o sítio, surgia um pequeno problema: como pagar a internet, plano de saúde, energia elétrica e outras coisas essenciais para viver com um conforto mínimo? Apesar de ter simplificado o seu estilo de vida, ainda assim havia coisas que era preciso, mesmo plantando a maior parte do que consomem (alimentos orgânicos). Foi daí que surgiu a ideia dos produtos dos Caras do Sítio. “Na verdade, foi colocar em prática algo que há muito tempo sonhávamos em fazer. Basicamente recuperar madeira e transformá-las em outra coisa, algo útil, bonito, durável”.

Em todos os produtos que desenvolvem, prezam pela durabilidade, funcionalidade e design. A maior parte das matérias-primas com as quais trabalham (70%) vem de construções antigas, como casas e galpões abandonados. O resto é proveniente de cercados e árvores caídas. E o desperdício não tem vez; qualquer pedaço de madeira que sobrou vai se transformar em algo novo, seja um apoio para copo ou uma luminária, acessórios para cozinha, tabuleiros de jogos, vasos, bancos, e uma outra infinidade de coisas.

Atualmente, muitas empresas encomendam lembrancinhas personalizadas, por valorizarem o trabalho manual e o trabalho com reaproveitamento de materiais.

PRODUTOS CARAS DO SÍTIO

Tábua de corte 

“Nossas peças são uma mistura de tudo que vivemos até aqui, das séries e filmes que assistimos, dos quadrinhos que lemos, das conversas, das viagens que fizemos.”

Dominó 

Todas são peças lindas, únicas e feitas à mão. Uma delas, que ganhou destaque na Casa Cor deste ano em Santa Catarina, pelo arquiteto Rico Mendonça, é o jogo de dominó. Além dela, outras peças podem ser encontradas na loja on-line dos Caras do Sítio, como tábua de cozinha, porta-celular, luminárias, porta-facas e outros, todos feitos de madeira reaproveitada.

Vela de cera de abelha 

Afiador de faca 

Tábua de corte 

Puxador de massa

Além disso, há também parcerias com outras marcas, como a L’odorat, de cosméticos naturais, para onde eles fazem produtos como saboneteira, pincel de barbear e tampa de madeira para velas.

Já para a Viking, o produto fornecido é a cera de abelha, uma receita exclusiva do Luci, feita a partir dos produtos locais, respeitando o meio-ambiente e as próprias abelhas. Alguns nomes grandes, referência no mercado, também já fecharam parceria com os Caras do Sítio, como Schneider Electric, Cimes Construtora e Portobello Shop.

Luminária caótica 

Luminária de ripas 

Vaso toco martelinho 

Pincel de barba 

Abridor prego 

Moldura em madeira recuperada

Vaso lâmpada reciclada 

Livro 

Placa Carpe Diem 

As roseiras do sítio 

Janela reciclada 

“A maioria das coisas que estamos vivendo no sítio são ótimas e depois de prová-las, é muito difícil (impossível, eu diria) voltar a vida de antes. Tem alguns velhos hábitos que não morrem: Netflix, Whatsapp, Facebook e Instagram… são drogas em cápsulas que a gente não consegue se livrar. E vou falar que tem horas que tudo que você quer é um hambúrguer desses de shopping!”

Uma vez visto, nunca mais poderá ser desvisto, diz Lou, referindo-se a uma brincadeira que costuma fazer. Para eles, voltar à agitação da cidade não está nos planos. Para Lou e Luci, eles estão no caminho certo. Encontraram felicidade no que fazem e a tão desejada paz.

Confira todos os produtos dos Caras do Sítio pelo site e acompanhe a sua jornada pelo Facebook e Instagram!

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