Carros, edifícios, paisagens: Tudo pode se transformar em silhuetas humanas nas colagens de Johanna Goodman
Com um toque de humor e uma coletânea de referências visuais distintas, as colagens de Johanna Goodman criam composições que desconstroem a silhueta humana e dá novos corpos às figuras que ela retrata.
A artista, que vive na cidade de Nyack, em Nova York, iniciou sua graduação na Escola de Artes da Universidade de Boston, mas concluiu seus estudos na área da Ilustração na Escola Parsons de Design, no ano de 1992. Ela trabalha como ilustradora freelancer desde então.
Johanna conta que cresceu em Long Island, uma ilha também situada no estado de Nova York, e que respirava arte desde pequena. “Meus pais não eram artistas de profissão, mas definitivamente eram artistas latentes. Eles eram bem pouco convencionais e tinham uma reverência por arte e artistas – os dois andavam por aí com os artistas pop nos anos 60 e iam a aberturas de arte o tempo todo antes de eu aparecer e acabar com a festa”, ela conta.
ESPAÇO DE TRABALHO
Atualmente ela mantém um estúdio na sua própria casa, onde seu marido, que é escultor, também trabalha (inclusive ela o conheceu durante a faculdade). “Eu amo meu estúdio. É a sala da frente da minha casa e tem luz e ar e eu posso ver o que está acontecendo lá fora”, ela conta.
E acrescenta que não precisa de muito para desenvolver seu trabalho: “Tenho meu cavalete, minha escrivaninha de computador, minha mesa improvisada de estamparia, minha mesa de costura e minha “estação” de colagem. Sou muito grata pelo que tenho. É tudo o que preciso”.
E ela gosta da interação que ela e o parceiro podem usufruir no cotidiano trabalhando em casa. “O estúdio do meu marido é no andar debaixo do meu e eu gosto de ouvi-lo trabalhar. É uma colônia de artistas de duas pessoas”, diz Johanna.
PROCESSO CRIATIVO DE JOHANNA GOODMAN
As colagens criadas pela americana misturam elementos do corpo humano com cenas e objetos variados, e ela afirma que está mais interessada em saber a interpretação que o público dará para as suas obras do que realmente passar uma mensagem pré-definida. “Eu não sou o tipo de pessoa que sente que eu tenho algumas coisas realmente importantes e profundas que preciso transmitir ao espectador“, ela diz. “Eu prefiro que o espectador transmita para o trabalho ou para mim”.
Antes de se dedicar às colagens ela já praticava desenho e pintura. E as colagens surgiram a partir de encomendas. As ideias vinham inicialmente dos clientes, mas foram dando espaço às intenções de Johanna. “Essas colagens deram a ela a liberdade que ela sentia falta em sua pintura, enquanto mantinha alguns elos para o retrato através dos rostos e corpos”, segundo o site WePresent.
Portanto, seu processo criativo começa com a verificação das possibilidades do material com o qual ela está trabalhando, e não se iniciam com um objetivo específico. “Você vê onde os materiais levam você, com base no que você encontra e como você responde a isso“, ela afirma.
Nesse processo ela encontra uma imagem que atrai sua atenção e cria a partir dela. E ela sempre tenta incluir essa imagem nas suas composições. A artista conta que qualquer elemento pode inspirar um trabalho futuro, e que até uma rachadura na rua de sua casa já foi fotografada e se transformou em uma colagem. “Eu apenas tento seguir meu instinto e fazer um trabalho que me estimule, e espero que ele traga a mesma sensação para o público”, afirma.
E essa espontaneidade pode ser encarada como a maior responsável pela qualidade de seu trabalho. “Minhas colagens são relativamente novas e eu realmente curto o processo de não planejar muito à frente e não saber o que vou usar em seguida. É realmente intuitivo e surpreendente e, às vezes, totalmente confuso, o que é um verdadeiro prazer”, ela diz.
INSPIRAÇÃO
Ela afirma que sua prática artística é quase um trabalho de catalogadora, que pesquisa imagens e as unem de maneira não óbvia, misturando inclusive referências atuais com antigas: “Sinto que uma imagem antiga está desaparecendo e precisa de atenção. Ele também me dá a oportunidade de usar imagens diferentes, e não modernas, e não de bom gosto, e não de nossos padrões atuais”.
A falta de tempo para se dedicar ao trabalho é uma das “inspirações” de Johanna, que conta que aprendeu a trabalhar com muito mais agilidade desde que se tornou mãe: “Desde que tive filhos, aprendi a valorizar o meu tempo. Eu posso trabalhar tão rápido agora que às vezes chega a ser constrangedor. Eu geralmente termino e entrego trabalhos antes do prazo final”.
Com a sua experiência de décadas atuando como artista visual, a americana dá alguns conselhos para quem está se inserindo na área: “Insista o quanto for preciso. E aprenda a deixar a rejeição sair de você. Apenas faça o seu melhor trabalho”.
Para conhecer mais silhuetas inusitadas e outros trabalhos, visite o site e o perfil de Johanna Goodman no Instagram.
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