Com certeza você já ouviu falar de Leonardo da Vinci. Sabe que ele é reconhecido como um dos mais completos artistas de todos os tempos. Leonardo era pintor, mas além das obras de artes, também utilizava sua genialidade e talento na medicina, engenharia, arquitetura, matemática, astronomia e física.
O ano de 2019 marca os 500 anos da sua morte. O italiano era um dos maiores expoentes do Renascimento, movimento cultural, intelectual e artístico que representou a transição entre a Idade Média e a Modernidade. Mas você sabia, por exemplo, que Da Vinci viveu seus últimos anos na França e provavelmente morreu de derrame cerebral aos 67 anos? Pois é!
Estivemos recentemente na França e visitamos o Vale de Loire, passando pela cidade e castelo onde foi morada do grande gênio, e hoje trazemos algumas curiosidades sobre sua vida. Além de criar um roteiro bem bacana inspirado nos destinos onde Leonardo passou os últimos anos de sua vida, selecionamos algumas infos bem legais. Vem com a gente:
1 – LEONARDO FOI CRIADO POR PARENTES
A possível casa de infância de Da Vinci no vilarejo de Anchiano, na comuna italiana de Vinci, Toscana, Itália.
Leonardo di Ser Piero “da Vinci” nasceu em 15 de abril de 1452, em Vila de Vinci, na Toscana, Itália. Leonardo era filho da camponesa solteira Caterina Lippi, que pouco sabe-se sobre sua vida, e do tabelião Piero da Vinci.
Seus pais não eram casados, e ele acabou sendo educado pelo pai e por parentes próximos, como sua madrasta e avó, já que sua mãe entregou a guarda do menino ao pai quando ele tinha apenas 5 anos de idade. Muitas fontes dizem que se ele tivesse sido criado em uma união estável dos dois, Leonardo teria seguido os passos do pai e sido um simples tabelião, como todos os homens da família.
2 – DA VINCI NÃO É SEU SOBRENOME REAL
Apesar de todos acharem que “da Vinci” é o seu sobrenome, isso não é real. Leonardo nasceu na comuna de Vinci, na Toscana (a cerca de 32 quilômetros de Florença) e teve esse sobrenome agregado ao seu devido ao vilarejo onde nasceu. Traduzindo para o português, seria algo como ‘Leonardo da Vila da Vinci’, que se resumiu em algo como Leonardo da Vinci.
3 – DA VINCI JÁ FOI PRESO
Quando tinha 12 anos, Da Vinci mudou-se para Florença com o pai. Foi lá que começou a se interessar pela arte e pela engenharia, guiado pelo artista florentino Andrea del Verrocchio, com quem trabalhou por cerca de uma década até mudar de cidade novamente.
O Batismo de Cristo de Andrea del Verrocchio: é o primeiro trabalho importante de Leonardo como aprendiz. Da Vinci Fez a pintura junto com seu mestre Verrocchio.
Aos 24 anos, enquanto ainda trabalhava com Verrocchio, Leonardo, junto com outros 3 jovens, foi acusado anonimamente de cometer sodomia (homossexualidade). As punições por sodomia eram duras (incluindo prisão, exílio ou morte), mas felizmente para Leonardo, um dos outros acusados tinha ligação com os poderosos Medici; e todos foram libertados sob “a condição de que nenhuma outra acusação fosse feita”.
Na época, a homossexualidade era considerada crime em Florença. O italiano passou pouco tempo na prisão e foi inocentado, mas precisou pagar multa e aguentar a humilhação pública. Da Vinci desapareceu por dois anos. Ele ressurgiu para receber uma pintura comissionada (era para uma capela em Florença em 1478).
4 – A HOMOSSEXUALIDADE DE DA VINCI
Em um ensaio de 1910, Sigmund Freud analisou as memórias registrada por Leonardo em seus cadernos, concluindo que os desejos homossexuais reprimidos do artista eram “sublimados” em sua arte – e, que isso explicavam por que ele havia deixado tantos trabalhos inacabados. Mas Leonardo teve vários jovens amantes ao longo de sua vida. (Freud explica!)
Dois anos após as acusações de sodomia, ele desenhou em seu caderno um rabisco de um homem mais velho e um menino se encarando. “Fioravante di Domenico, de Florença, é meu amigo mais querido”, escreveu ao lado do desenho, “como se ele fosse meu…”. A frase inacabada sugere uma verdadeira intimidade emocional entre os dois.
As preferências sexuais de Leonardo também foram refletidas em seus desenhos e pinturas, que mostram muito mais interesse no corpo masculino do que na mulher (enquanto ele retratou muitos homens em retratos nus de corpo inteiro, quase todas as mulheres são representadas vestidas e da cintura para cima). Leonardo parecia muito à vontade com seus desejos – ao contrário de Michelangelo, que sofria com sua própria sexualidade. Seu status de outsider possibilitou sua marca única de criatividade, bem como as pinturas e experiências pioneiras que fizeram dele uma figura tão importante.
5 – GAY, VEGETARIANO, DISPERSO E HEREGE
Na biografia de da Vinci escrita por Walter Isaacson, o autor define o artista com a seguinte frase: “O maior gênio da história era filho ilegítimo, gay, vegetariano, canhoto, muito disperso e, às vezes, herético”. Isaacson também afirma que da Vinci era um grande ativista pelos animais, do tipo que faria inveja aos militantes de hoje.
Porém, recentemente, um estudo conduzido pela Galleria degli Uffizi, em Florença, descobriu que da Vinci era ambidestro. O estudo teve como base um desenho feito por da Vinci em 1473, quando tinha 21 anos.
Uma análise das duas frases escritas no desenho levou pesquisadores a concluírem que ele era capaz de escrever com as duas mãos. A historiadora de arte Cecilia Frosinini disse em entrevista à agência de notícias Reuters que o artista “nasceu canhoto, mas foi ensinado a escrever com a mão direita desde muito jovem.”
6 – UMA BELEZA FÍSICA INIGUALÁVEL
Quando jovem, Leonardo da Vinci chamava atenção por ser dono de uma beleza física inigualável. É difícil conseguir visualizar todas essas características na imagem que conhecemos de da Vinci, já que a maioria das pinturas que o retratam são dele já mais velho. Relatos antigos apontam que Leonardo tinha cabelos louros, nariz arrebitado e olhos azuis.
7 – AUTODIDATA
O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci é um desenho famoso que acompanhava as notas feitas pelo artista por volta do ano 1490 num dos seus diários, em que ele descreve as proporções do corpo humano masculino.
Se Leonardo fosse um filho legítimo, notário na época, ele teria sido enviado para uma escola ou Universidade para estudar clássicos e humanidades. Em vez disso, ele visitou brevemente uma escola medieval local para aprender matemática comercial. Além disso, ele era em grande parte autodidata. Deixado a si mesmo, o artista desenvolveu uma abordagem empírica para aprender sozinho o que priorizava a experiência, a observação e a experimentação.
Desta forma, ele se libertou do conhecimento pré-concebido, foi tecnicamente não-escolarizado; se aproximou do mundo e de seus projetos variados, com uma curiosidade honesta e desenfreada. Aparentemente orgulhoso desta abordagem, ele assinou um documento como “Leonardo da Vinci, discípulo da experiência” e estava livre para entrar em qualquer uma das artes criativas, como poesia, desenho, etc.
Ainda assim, durante toda a sua vida, Leonardo parecia um pouco ambivalente sobre sua falta de educação formal. Embora ele se auto-depreciava se referindo a si mesmo como um “homem iletrado”, ele também se orgulhava de sua metodologia única.
8 – O GÊNIO POLÍMATA
A Última Ceia é a interpretação visual de Leonardo de um evento narrado em todos os quatro Evangelhos (livros do Novo Testamento cristão). O que torna a obra-prima tão marcante é a perspectiva a partir da qual ela é pintada, o que parece convidar o espectador a entrar na cena dramática.
Polímatas são pessoas que têm conhecimento em vários assuntos. E Leonardo era uma dessas. Entre suas obras mais famosas e conhecidas estão “A última ceia” e “Mona Lisa”. Mas as suas criações não pararam por aí.
Ele realizou inúmeros estudos no que diz respeito às mais diversas áreas, como arquitetura, engenharia civil, Matemática, escultura, óptica e até anatomia humana, além de ser um ótimo escultor, cientista, engenheiro, anatomista, escritor e mais. Para ele, nenhuma barreira poderia ser erguida entre a ciência e a arte, ou entre o coração e a mente.
9 – SEU ESTÚDIO FOI UM FRACASSO
Estúdio de Da Vinci em Château de Chambord
Enquanto ele pôde ser considerado uma das figuras mais famosas do Renascimento e, talvez, de toda a história humana, Leonardo não teve uma carreira particularmente bem-sucedida, embora seu talento fosse reconhecido. Quando ele finalmente estabeleceu sua própria oficina em 1477, deixando de ser assistente de Verrocchio, foi um fracasso comercial; Leonardo recebeu apenas três comissões, duas das quais nunca foram concluídas e uma nunca iniciada. Dentro de poucos anos, ele fechou seu estúdio para procurar trabalho em outro lugar.
Mais tarde em sua vida, patronos proeminentes de famílias importantes como os Borgias, Estes e Sforzas, bem como papas católicos e reis franceses, encomendaram obras de arte de Leonardo, bem como projetos militares e arquitetônicos. Sua curiosidade implacável (e talvez perfeccionismo) dificultou sua produtividade.
10 – MICHELÂNGELO ODIAVA DA VINCI
O rival mais jovem de Leonardo, Michelangelo, publicamente ridicularizava o artista mais velho por sua incapacidade de concluir um trabalho. Mal-humorado, trabalhador e celibatário, Michelangelo, detestava da Vinci. Certa vez, chegou a xingar e provocar da Vinci ao vê-lo na rua.
Acredita-se que as vestes e maneiras suntuosas do autor de Mona Lisa, assim como sua homossexualidade mais libertária, possam tê-lo irritado. Leonardo reclamava do seu oponente dizendo sobre a musculatura exagerada em suas esculturas.
11 – ANOTAÇÕES
Estudos de embriões (1510–1513) nos quais retrata imagens impossíveis de se ver na época, mas completamente atuais.
O artista tinha o hábito de registrar tudo em seus cadernos, desde rascunhos, pensamento, emoções até outros tipos de reflexões. Algumas anotações eram escritas utilizando códigos e até de trás para frente. Entre os rascunhos de seus cadernos, também estavam desenhos.
Havia anotações que mostravam desenhos de espelhos côncavos que concentrariam raios de luz a partir de diversos ângulos, ajudando a entender mais sobre o funcionamento da Óptica. Teoremas iniciais referentes à inércia, à força e à ação/reação também foram encontrados entre os rascunhos do artista.
Da Vinci também chegava a ficar noites inteiras em hospitais a fim de saber como era a funcionalidade do corpo. Dessas observações, passava para o papel por meio de desenhos de partes do corpo humano e seus detalhes de estudos de observação.
São mais de 6.000 páginas de reflexões, piadas, inspirações e planos de invenção durante sua vida. Atualmente, alguns dos escritos originais de da Vinci estão alojados na Biblioteca Real de Windsor, na British Museum Library, no Victoria and Albert Museum e no Institut de France.
12 – INVENÇÕES
O gênio criou também invenções a frente do seu tempo e que depois de muitos anos (e séculos) é que tomaram forma propriamente dita, passando por alguns ajustes.
Entre os itens estão um modelo de paraquedas, asa-delta, tanques blindados, escavadeiras, robô, aparelho para mergulho submarino e até uma ponte giratória. Da Vinci até tentou desenvolver a primeira máquina que voava com homens, em 1498.
13 – LEONARDO NUNCA TERMINOU A MONA LISA
La Gioconda, é a esposa de Francesco del Giocondo. A pintura foi criada em tinta a óleo sobre madeira. O tamanho original é de 77 x 53 cm, de propriedade do Governo da França e fica exposta no Louvre, em Paris, França.
Embora Leonardo fosse sempre muito ativo, nunca teve muita pressa em terminar projetos individuais. Muitas pinturas e outras obras foram abandonadas pelo artista ou consideradas incompletas, incluindo um de seus projetos mais famosos, a Mona Lisa.
Quando Leonardo morreu em 1519, alguns historiadores especulam que a pintura pode ter sido terminada pelo seu assistente e amigo próximo, Salai. Uma doença debilitante poderia ter resultado em paralisia do lado direito que teria dificultado seu trabalho nos últimos anos de sua vida.
Sobre o quadro, existem inúmeras teorias. Usando um software de reconhecimento facial, pesquisadores da Universidade de Illinois e da Universidade de Amsterdã determinaram que ela está 83% feliz. Outra teoria sugere que Mona Lisa estava sendo entretida por palhaços e músicos enquanto Leonardo a pintava.
14 – O RETRATO DE UM HOMEM DE GIZ VERMELHO
Foto: AP/ Alessandra Tarantino
Embora muitos artistas notáveis como Leonardo, incluindo Van Gogh, Monet, Cézanne, Picasso e Matisse, produziram numerosos autorretratos, Da Vinci deixou apenas um, o ‘Retrato de um Homem de Giz Vermelho’, que o artista desenhou com aproximadamente 60 anos de idade.
15 – MORTE DE DA VINCI
Leonardo da Vinci morreu aos 67 anos, em 2 de maio de 1519, em Cloux, na França. Atualmente, você pode visitar o Castelo de Clos Lucé, que permite uma verdadeira imersão na vida e obra de Da Vinci.
Você pode andar pelos seus cômodos (inclusive pelo quarto onde o criador italiano morreu), vendo ainda hologramas representando o artista, e também maquetes com várias de suas criações como engenheiro – tais como protótipos de um antepassado do helicóptero, de um carro de combate e de uma escavadora.
Anexo ao castelo, um agradável parque permite uma tranquila caminhada em meio a reproduções de criações de Leonardo.
Reza a lenda que uma passagem subterrânea secreta ligava o Château du Clos Lucé ao Château d’Amboise, residência oficial da realeza francesa, permitindo assim encontros secretos entre o Rei Francisco I e Leonardo da Vinci (a natureza de tais encontros permanece um mistério).
Fato é que é no Castelo Real de Amboise (mais precisamente dentro da Capela de Saint-Hubert) que está o túmulo do multifacetado artista italiano.
A vida desse artista é muito incrível e cheia de informações frente a seu tempo. E você, sabe de alguma coisa legal pra compartilhar com a gente? Deixa aqui nos comentários!
Fontes: Artsy, Galileu, Mundo Educação, Mental Floss, Leonardo Da Vinci Net Facts, Wikipedia.
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