Por que o azul é a cor favorita da maioria das pessoas do mundo?

Por que o azul é a cor favorita da maioria das pessoas do mundo?

Segundo estudos, o azul é a cor favorita de 45% das pessoas do mundo, possui 111 tons diferentes catalogados, além de estar associado a calma, simpatia, harmonia e fidelidade. A cor é considerada a mais popular em todas as civilizações.

MAS DE ONDE VEM ISSO?

Na década de 1920, pesquisadores estavam prestes a abandonar o entendimento da pergunta: “Qual é a sua cor favorita?” As respostas pareciam muito particulares para serem estudadas de forma substantiva. Mas à medida que as ferramentas estatísticas e a padronização das cores melhoraram durante as décadas que se seguiram, uma ideia lenta, mas mais certa sobre o assunto começou a surgir.

E O RESULTADO ERA: TODOS GOSTAVAM DE AZUL.

Estudos já em 1941 indicavam que as matizes azuladas eram as preferidas. A predileção não se limitava a uma determinada geografia ou gênero ou até mesmo a afiliação política. Embora esses estudos e pesquisas tinham um longo caminho para descrever essa distribuição das preferências das pessoas através das cores, outro mistério permanecia:

POR QUE ESSAS PREFERÊNCIAS EXISTIAM EM 1º LUGAR? 

De acordo com pesquisas realizadas pelos psicólogos Stephen E. Palmer e Karen Schloss nos últimos sete anos, a resposta não é encontrada em nosso DNA. Seu estudo, publicado em 2010, mostra que a preferência de uma pessoa por uma determinada cor pode ser definida pela média de quanto ela gosta de tudo e dos objetos que se associam a essa cor.

Sua inclinação pelo laranja, depende de como você se sente sobre as abóboras, cones de trânsito e Cheetos; Para o verde, ele varia de acordo com seus pensamentos sobre grama, notas de dinheiro/ dólar americano e brócolis, por exemplo.

“Acontece que, se você olhar para todas as coisas associadas ao azul, elas são principalmente positivas”, explica Schloss, professor assistente de psicologia da Universidade de Wisconsin-Madison. “É muito difícil pensar em coisas azuis negativas. Muitas coisas que relacionamos ‘azuis’ e ruins não são realmente tão azuis, são muitas vezes mais roxas ou mais amarelas do que azul.”

Também associamos o azul em grande parte ao céu e à água (bem como itens mais mundanos, neutros e positivos, como canetas e jeans), aumentando a preferência média pela cor mais do que pelo restante do arco-íris. Além disso, essas associações não se limitam a uma determinada região do planeta.

“Céu claro e água limpa, são especialmente coisas que todos experimentamos universalmente”, diz Schloss. “Não importa onde você esteja no mundo, se o dia está claro e ensolarado, é bom estar lá fora, o céu é azul. E a água que fica clara vai ser azulada. Isso não quer dizer que não há diferenças culturais, mas essa prevalência de coisas azuis positivas parece ser um pouco consistente”.

A COR FAVORITA

De todas as cores, o azul é o mais apreciado por homens e mulheres. Não é surpresa, então, que muitos artistas como Louise Bourgeois , Yves Klein e Wassily Kandinsky – expressaram preferência pelo tom. De acordo com outros psicólogos, a popularidade da tonalidade também pode ter raízes em nosso desenvolvimento evolutivo. Nos dias de caça e coleta, aqueles atraídos para coisas positivas – como, digamos aí em cima, o céu claro e água limpaeram mais propensos a sobreviver e, ao longo do tempo, essa preferência pela cor azul pode ter se tornado mais forte.

Esta teoria também mostra um outro padrão que emergiu do estudo das preferências de cores. Assim como o azul sempre sai no topo das pesquisas, o amarelo escuro e derivações quase sempre acaba no final. “Essas cores tipo mostarda, oliva, marrom, têm coisas positivamente associadas a elas”, observa Schloss, “mas também têm em sua maioria, associações negativas – sempre ligadas à resíduos biológicos e coisas grosseiras”.

A teoria de Schloss e Palmer também nos mostra que há variações entre os indivíduos – algo que não poderia ser explicado se as preferências fossem feitas em nosso DNA. Porque, enquanto a maioria das pessoas preferem azul, há também uma parte significativa da população que gosta mais do vermelho ou verde, por exemplo.

Não é algo estático, que já ‘nascemos’. “Não é uma coisa que prevê preferências de cor, é o resumo de todas as coisas que experimentamos em nossa vida”, diz Schloss. “O legal sobre essa teoria é que ela pode explicar por que as preferências de cores diferem entre as pessoas – e por que elas mudam ao longo do tempo”.

Em um estudo de 2013, a dupla tentou alterar essas preferências das pessoas ao formar intencionalmente novas associações com o vermelho e o verde. Metade dos participantes apresentou 10 objetos vermelhos como positivos (com rosas e morangos maduros) e 10 objetos verdes negativos (ao associar catarro e vômito, por exemplo); os outros, associaram vermelhos como negativos (globos oculares sangrentos e feridas abertas) e verdes como positivos (árvores e kiwi). Funcionou para ambos os grupos de teste, embora não permanentemente – as mudanças desapareceram no dia seguinte.

Schloss também descobriu que as preferências de cores variam dependendo da época do ano, vinculadas à mudança das estações. Normalmente, as cores de amarelos de outono-dourado, castanhos, vermelhos escuros – são as menos apreciadas na roda de cores. Mas os levantamentos realizados no outono revelam uma maior preferência por essas sombras escuras e quentes, quando os participantes os associam mais com momentos festivos e comemorações mensais.

E os gostos podem mudar ainda mais rapidamente. No dia das eleições, por exemplo, a preferência por cores partidárias muda. “Eu acho que a noção de uma cor favorita faz parecer que poderia ser um traço estável em um indivíduo”, diz Schloss. “O que estamos descobrindo é, que sim, pode haver alguns aspectos estáveis das preferências de cores. Mas eles também são dinâmicos e refletem as mudanças nas preferências das pessoas e as coisas que estão em suas mentes em um determinado momento no tempo”.

Como diz a filosofia, a energia tem que circular, certo? Assim também deve ser com as cores!

Imagens: Unsplash. Texto traduzido e adaptado do site Artsy

SHARE