Para Mbaye Babacar Diouf, a religião é uma riqueza. Discreto, o pintor, designer e escultor, é um dos mais notáveis artistas senegaleses de sua geração. Nascido em Pikine, em 1983, desde criança gosta de desenhar.

Na adolescência, já acreditava que seus traços poderiam dar vida à arte. Hoje, sua abordagem artística traz infinitos detalhes que exigem um olhar atento – e tem como característica dois aspectos.

Por um lado, de forma voluntária, espontânea ou inconsciente, ele cria signos que nos lembram hieróglifos ou letras de civilizações antigas, com profundo questionamento sobre o conceito de ritmo. Este simbolismo gráfico remete às noções de memória, identidade, código, misticismo e impressão.

Por outro, traz como tema a condição humana, a relação do indivíduo com os outros ou com o seu ambiente social, dando vida à personagens com silhuetas desenhadas como principal elemento, oferecendo composições únicas e originais.

Relação íntima entre símbolos e mente humana

As obras, singulares e minuciosas, acabam tendo uma proximidade entre a escrita e o desenho, artes visuais e literatura. Na maioria das vezes, utiliza caneta hidrográfica finíssima diretamente em tecido ou folhas de papel de um caderno, que são montadas posteriormente lado a lado como uma grande tela.

Mbaye conta que gosta de reproduzir sinais do alfabeto árabe, aprendidos desde a infância na escola corânica. “Isso reforça minha arte. Não escrevo cartas legíveis, mas me inspiro em suas especificidades”, diz.

Infinitos detalhes nas obras de Mbaye Babacar Diouf

O trabalho de Mbaye Babacar Diouf também faz parte da coleção particular do Estado do Senegal. Depois de receber vários prêmios nacionais, em 2010, sua carreira internacional começou a decolar; foi selecionado para a Bienal de Dakar. Em 2014, Diouf participou da grande exposição “Imago Mundi” da Coleção Luciano Benetton.

Em 2016, pela La Galerie Africaine, as portas se abriram ainda mais. Com seu talento, acabou no Institut du Monde Arabe em Paris e, desde então, participa de diversas exposições e feiras pelo mundo todo. O artista mora e trabalha em Dakar.

Embaixador cultural do Senegal, já fez parte da equipe nacional de karaté do seu país e foi várias vezes medalhista africano nesta disciplina.