eSports: as mulheres no CBLOL
Fenômeno pop cultural do Brasil, não é novidade que os eSports (esportes eletrônicos) representam uma multidão de fãs em nosso país. Segundo informações divulgadas pela Pesquisa Game Brasil 2022, 74,5% dos brasileiros são adeptos de jogos digitais — isso inclui todas as plataformas, como consoles, smartphones, PC, tablet, dentre outras.
Mas, o que talvez muitos não saibam, é a força da audiência feminina na cena dos games em solo nacional, já que dados da referida pesquisa indicam que 51% do público gamer do país é composto por mulheres.
Por outro lado, ainda que as estatísticas da Pesquisa Game Brasil sejam fortes indicadores da força feminina na comunidade de jogos virtuais, é fato que o protagonismo não é das mulheres, visto que a maioria das equipes competitivas de eSports são formadas por atletas do sexo masculino.
Porém, ainda que essa influência não seja tão impactante, como ocorre na indústria da música, felizmente o cenário tem começado a se transformar no que se diz respeito à inclusão das mulheres no segmento profissional dos esportes eletrônicos: tanto na formação das equipes de jogo quanto nas transmissões de grandes eventos.
No Brasil, parte desse movimento deve-se a iniciativa de um dos maiores circuitos de eSports no âmbito nacional, o Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL). Realizado desde 2012, o CBLOL é a casa de um dos games mais populares de eSports, o League of Legends (LoL).
Jogo popular do gênero battle arena, desenvolvido e publicado pela empresa Riot Games, o LoL se tornou uma verdadeira febre na comunidade gamer na última década, reunindo assim elementos fundamentais para a quebra de paradigmas nos eSports.
A inclusão das mulheres nas transmissões do CBLOL
Além de contar com equipes de altíssimo nível e organização administrativa de primeiro mundo, um dos grandes trunfos do CBLOL foi ter compreendido a força do público feminino junto à modalidade.
Tudo começou em 2017, quando a Riot Games contratou a streamer Tawna. Com mais de 225 mil seguidores na plataforma Twitch, ela foi apresentadora e repórter do CBLOL até 2019. Na ocasião, com a saída de Tawna, outra mulher entrou: a apresentadora/repórter Rafaela Tomasi.
No ano seguinte, a Riot Games ampliou o seu leque de oportunidades e trouxe duas comentaristas especializadas em LoL para o programa “Depois do Nexus”, Letícia Motta e Ravena Dutra. Vale ressaltar que, logo de cara, ambas receberam muitos elogios da crítica e do público.
Para quem não sabe, “Depois do Nexus” é transmitido no canal oficial do CBLOL no YouTube, que já conta com aproximadamente 1,5 milhão de seguidores. Hoje, a atracão é a principal referência no circuito nacional.
Projeto do CBLOL abre portas para as mulheres na cena competitiva
No ano passado, após o CBLOL adotar o sistema de franquias, as equipes passaram a pensar em projetos a longo prazo que vão além dos resultados conquistados nas competições — já que esse modelo não tem rebaixamento, assim como acontece nas maiores ligas do esporte norte-americano.
Sendo assim, como uma forma de criar alternativas para o crescimento do circuito nacional de LoL, franquias de ponta do CBLOL passaram a abrir cada vez mais portas para as mulheres em seus respectivos elencos de jogo.
Dentre distintas ações realizadas, podemos citar como exemplo a equipe da LOUD, que contratou a jogadora Elizabeth “Liz” no ano passado. Assim como o time da INTZ, que no mesmo período trouxe para o seu elenco de competições a atleta Tainá “Yatsu”.
Além disso, a fim de facilitar a adaptação de jogadores e jogadores, a Riot Games e as franquias deram sinal verde para o CBLOL Academy, o campeonato de base do League of Legends Brasileiro. Um passo muito importante para o progresso da modalidade no país, já que também abre caminho para a revelação de novos talentos no circuito.
Afinal, por que o CBOL é um dos circuitos mais fortes do país?
Além das ações e projetos importantes para o crescimento do LoL no país, o resultado do ótimo trabalho de engajamento do CBLOL com os públicos masculino e feminino está nos números.
No ano passado, de acordo com informações publicadas no site “op.gg” (plataforma especializada em divulgar rankings, dados e estatísticas do universo League of Legends), o servidor online brasileiro de LoL chegou a ser o quinto mais acessado por jogadores ranqueados no mundo.
Com tanta popularidade, o campeonato passou a ganhar destaque em outros setores do entretenimento nacional, como por exemplo nas apostas esportivas e nas transmissões de TV por assinatura.
O mercado de apostas no CBLOL já ocupa espaço importante na seção de eSports das principais plataformas especializadas do país, com dezenas de mercados para apostar; tanto em modo pré-jogo quanto no sistema de odds ao vivo para todas as disputas do torneio — tamanha é a representatividade do CBLOL para a comunidade gamer nas apostas esportivas.
Já no setor de TV a cabo, o CBLOL é sucesso de audiência desde 2017 nos canais SporTV. Não por acaso, recentemente a Riot Games e a emissora do Grupo Globo renovaram o vínculo de parceria até 2024.
A cereja do bolo que faltava
Como efeito do sucesso da modalidade no país, nos últimos anos, muito se discutia a necessidade de o CBLOL ter o seu próprio espaço para competições e eventos — assim como ocorre em grandes circuitos de eSports em outros países.
Contudo, para a alegria dos fãs brasileiros, neste ano a Riot Games inaugurou a sua própria arena de competições, na eclética São Paulo.
Bem localizada, ela está instalada na Barra Funda, região que também é conhecida por abrigar alguns dos principais bares descolados na cidade.
Muito mais do que apenas um espaço para jogos, a arena do CBLOL de 4.500 m² tem capacidade para 150 espectadores e impressiona pela estrutura moderna, com escritórios integrados e alta tecnologia dos equipamentos instalados.