Thiago Tomé é um cara talentoso. Além de ser coordenador de design na Ana Couto Branding, é ilustrador e possui um estilo próprio diversificado e original. É só dar uma olhada em seu trabalho para entender o que estamos falando.
Não tem como não gostar de suas pessoas, bichos e monstros, sempre interessantes, curiosos e adoráveis. Conversamos com ele para saber mais de suas inspirações:
FTC: Como você começou a criar suas ilustrações?
TT: Desde sempre, eu acho. Minhas memórias mais remotas são da infância, desenhando heróis e imaginando histórias. Eu passava dias inteiros fazendo isso. Acho que toda criança desenha, só que eu cresci e continuei desenhando.
FTC: Suas ilustrações e artes envolvem diferentes estilos e referências. De onde vem a sua inspiração?
TT: Sobre os estilos diferentes – comecei com uma educação mais clássica: desenho de observação, pintura a óleo, anatomia. Hoje acho que encontrei um jeito mais solto de desenhar, que tem mais relação com alguma ideia do que com a forma. Então, minha inspiração pra desenhar vem dessa relação diária com o mundo e as pessoas em volta.
FTC: Quais são seus 3 sites favoritos no momento?
TT: Tenho uma relação de amor com a Confeitaria, uma publicação independente de literatura que consegue reunir de um jeito despretensioso muitas vozes diferentes. Gosto muito do site Butdoesitfloat, que é uma espécie de repositório de imagens e tenho vício moderado pelo meu feed do Tumblr.
FTC: Como as cores influenciam nos seus projetos e no seu dia-a-dia?
TT: Eu levo bastante tempo decidindo as cores certas para cada projeto — e gosto do contraste que um ponto de cor faz com uma paleta mais acinzentada. Eu me dou melhor com as massas de cor do que com as linhas. Pensar na relação diária com as cores me faz lembrar da vida em São Paulo, e na pequena felicidade que é encontrar indícios de cor nessa cidade.
FTC: Se você pudesse definir o seu trabalho em poucas palavras, como descreveria?
Atualmente, estou ilustrando bastante editorialmente. Ilustrei por um ano uma coluna muito interessante na revista Hardcore e foi um processo um pouco novo pra mim, porque as ilustrações surgiam das referências do autor da coluna. Normalmente quando eu crio algo autoral, sempre existe muito de mim, de alguma forma. E, nesse caso, o texto vem primeiro (a ilustração é uma interpretação /representação dele). Não é um trabalho de dentro pra fora, mas de fora pra dentro.
No sentido de que preciso encontrar entre minhas referências as que façam sentido para aquele universo também. E isso, inevitavelmente, me faz ver coisas que eu não veria normalmente, me faz buscar outros olhares além do meu, e isso amplia o meu mundo também.
Tive experiências parecidas quando ilustrei, recentemente, para a revista Trip e para a Folha de SP. Também ilustro regularmente para a Confeitaria e para aLagarta, fazendo esse exercício.
O mais legal é que esse esforço de olhar pelo olhar do outro refletiu também no meu trabalho autoral, porque encontro caminhos que não explorava antes.
FTC: Uma frase que leva para a vida.
TT: May beauty be above me, may beauty be below me, may beauty be all around me – inspirado numa prece de origem navaja.
FTC: Fale sobre seu último trabalho ou aquele que anda te dando orgulho.
TT: Estou cuidando do projeto gráfico do primeiro livro da Confeitaria (“Amor | Pequenas Estórias”). Participo como ilustrador e como editor de arte. Tem sido muito legal trabalhar com tanta gente diferente e talentosa. Tem muitos ilustradores e amigos que eu admiro por lá, como o Arthur Daraujo, o Magenta King, a Juliana Vomero e o Murilo Martins.
São quase 60 pessoas ao todo, entre autores e ilustradores, um super time e um super desafio pra mim (imagina a responsabilidade). É uma honra estar tão bem acompanhado.
Acho que faz tempo que um trabalho não me ensinava e me dava prazer dessa forma. E olha que eu gosto muito do que faço, então pra superar minhas expectativas é porque foi uma experiência e tanto. Em breve, o livro sai e a gente vai poder repartir com todos. (Já está com pré venda pelo Instagram.) Não vejo a hora!
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