As ilustrações autorais pintadas em porcelanas trazem como tema o feminino, o místico e muitas inspirações na natureza. A criadora da ideia é Pâm Moraes, diretora de arte e ilustradora de São Paulo, que há um ano trocou os papéis pelas peças delicadas feitas à mão.
Pâm é a responsável pelo fantástico Pamelitas, seu estúdio handmade que nasceu em 2015 e desde então traz mais cores para a casa das pessoas. Tudo começou quando ela foi demitida do trabalho. Com um misto de medo, alegria e tempo disponível, ela fez um curso de cerâmica, arte pela qual sempre se interessou. Durante o curso, conheceu a pintura em porcelana e nunca mais parou.
A artista conta um pouco ao FTC a sua trajetória até aqui, a participação em feiras handmade pelo Brasil, como o Jardim Secreto e a Fêra Féra, além de nos dizer como tem sido espalhar a sua arte por aí. Confira entrevista exclusiva:
FTC: Queria que vc falasse um pouco sobre você e como chegou até a Pamelitas.
O Pamelitas é resultado de uma realização pessoal que eu não sabia onde encontrar e nem o que era. Eu sempre trabalhei em agências de propaganda como Diretora de Arte, mas acho que eu nunca me encaixei muito nesse mundo. Eu gostava do que eu fazia, mas eu não me identificava com a rotina e o modo de trabalho. Era engraçado, mas eu não conseguia me imaginar com 40 anos e ainda trabalhando com aquilo, porém não tinha a menor ideia do que eu poderia fazer e nem sabia por onde começar.
O tempo foi passando, eu estava ali na agência infeliz e ficando deprimida e aí o universo me ajudou e eu fui finalmente demitida. E por mais que o meu desejo na época era ser mesmo demitida, bate um medo muito forte na gente nesse momento.
São muitas crenças que a gente aprende durante a vida. Nos ensinam que temos que ter sempre um emprego estável, CLT e que mudar de carreira perto dos trinta anos não é possível. Eu tinha tudo isso e ainda o medo de ficar sem grana e ter que voltar pra agência. Só que eu resolvi que dessa vez ia ser diferente, eu não ia para qualquer emprego e, o mais importante, eu ia usar o tempo ocioso para me redescobrir.
No começo foi muito difícil me soltar e fazer literalmente qualquer coisa, mas eu comecei recordando de coisas que eu gostava de fazer na infância. Sempre gostei de desenhar e,principalmente, desenhar em coisas, em objetos. Eu desenhava em guarda-roupa, bancos, parede. Tudo era superfície. E além disso, eu sempre gostei de argila. Juntava moedinha para comprar a massa e ficar fazendo potes.
Tendo isso em mente, eu tratei de comprar canetas e procurar um curso de modelagem em cerâmica. Nisso eu caí numa oficina de pintura em porcelana, matriculei, realizei o curso e desde então nunca mais parei.
Atualmente eu não estou apenas com o Pamelitas, eu tenho um outro trabalho e divido o meu tempo entre os dois. E isso significa muito esforço, poucas horas de sono e também muita realização porque eu encontrei o que buscava.
FTC: Há quanto tempo cria e quais materiais utiliza?
Tem pouco mais de um ano. O primeiro prato que eu pintei e vendi foi o da baleia e por isso ele virou símbolo da marca. Eu pinto qualquer superfície de cerâmica ou porcelana. As técnicas são de pintura em porcelana mesmo, com pigmentos e óleos próprios.
Eu não uso caneta. Misturo apenas pena, decalques e pincel e depois tudo é queimado em forno industrial. E todas as peças levam metais preciosos como ouro e platina. Resumindo, os pratos não são apenas decorativos eles também são utilitários.
FTC: Qual a influência das cores nos seus trabalhos?
A paleta que eu gosto de utilizar é sempre delicada, viva e doce, mas acho que ela equilibra bem com os temas que eu gosto de pintar, pois são assuntos fortes: feminino, místico e natureza.
FTC: Está tocando algum projeto específico atualmente?
2017 vai ter muita novidade. Tenho uma parceria novamente com a Noni SP que faz peças manuais, tem a loja online que quero implementar e uma linha de copos de vidro.
FTC: O que é arte para você e como você definiria a sua arte?
A arte pra mim é auto-conhecimento e expressão. Foi através dela que eu encontrei a minha essência e é a forma que eu me conecto com as outras pessoas. O meu desejo com o Pamelitas é tocar na alma das pessoas.
O momento perfeito pra mim é observar a expressão do rosto das pessoas mudando ao pegar um prato meu. E é a mesma cara que eu faço quando eu termino uma peça. Então, acho que a minha arte transforma sentimentos e humor.
FTC: Da onde vem as inspirações das suas peças?
Nossa, é muito vasto. Acho que o principal é você prestar atenção ao seu redor. Eu sempre falo que é você estar presente, entender o que está acontecendo agora do seu lado. Cidade, pessoas, viagens e artes num geral inspiram quem está conectado com elas.
“Há um ano eu não sabia o que ia fazer com a minha vida e agora eu tenho certeza de como eu quero viver daqui pra frente. Não foi fácil essa pequena trajetória, parece que vivenciei um turbilhão de emoções e aprendizados. Vontade de desistir? Várias vezes. Mas ai eu recebo carinho dos que reconhecem o meu trabalho e penso que o que eu faço faz sentido para outras pessoas também. Você pode achar que a vida tá te sacaneando, mas na verdade ela está te dando a oportunidade de ser melhor. Apenas continue a fazer aquilo que faz bem para o seu coração.”
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