FTCMag Art Attack Feliciano Centurión: “estética decorativa, kitsch, feminizada e decididamente queer”
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Feliciano Centurión: “estética decorativa, kitsch, feminizada e decididamente queer”

O trabalho de Feliciano Centurión é caracterizado pelo uso de tecidos e bordados, campos, por tradição, relacionados à criação feminina e centrais na cultura paraguaia;

Nascido em San Ignacio de las Misiones, Paraguai, Feliciano Centurión (1962) foi um artista visual que viveu a maior parte do tempo na Argentina.

Seu trabalho é notoriamente marcado pelo uso de tecidos e bordados, elementos que, por tradição, estão intimamente ligados à expressão feminina e ocupam um papel central na cultura paraguaia desde a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), também conhecida como a Guerra do Paraguai, quando o país sofreu a perda de 90% de sua população masculina.

Foi durante sua infância, que Centurión foi atraído por estes ofícios, já que cresceu em uma casa de mulheres fortes que o ensinaram a fazer crochê e costurar. Através de sua arte têxtil, o artista manifestava anseios e reflexões, como um diário pessoal.

Após receber o diagnóstico positivo para HIV, Feliciano Centurión começou a explorar esse tema em sua obra, utilizando formatos cada vez menores e mais complexos.

Em tecidos bordados, expressava desejos e ideias, como em um diário íntimo

Crescido na Argentina, Centurión se exilou para escapar da ditadura de Alfredo Stroessner. Em Buenos Aires, tornou-se uma figura essencial no movimento de renovação artística que emergiu na década de 1990 ao redor do Centro Cultural Ricardo Rojas. Nesse período, sua produção artística destacou-se pela exploração da subjetividade de diversas formas, frequentemente incorporando elementos da cultura popular que antes eram vistos como inapropriados.

Em seu design incluía textos diários e imagens de flora e fauna. Sua sensibilidade foi descrita como uma “estética decorativa, kitsch, feminizada e decididamente queer”. Embora sua carreira tenha sido tragicamente breve, Feliciano Centurión permanece como uma figura central, embora pouco reconhecida, na narrativa da arte contemporânea.

Beleza cotidiana por Feliciano Centurión

Centurión morreu aos 34 anos de complicações relacionadas à AIDS em Buenos Aires, em 7 de novembro de 1996. Mesmo após falecer, seu trabalho continua sendo exibido em inúmeras exposições internacionais e nacionais. 

Em 2018, a obra de Centurión foi exposta na 33ª Bienal de São Paulo. Em 2020, a Americas Society apresentou uma exposição individual póstuma de sua obra, Feliciano Centurión: Abrigo, a primeira exposição individual nos Estados Unidos.

A obra de Centurión também está presente em inúmeras coleções particulares e na coleção permanente do Museu de Arte Blanton, do Museu Guggenheim , do Museu de Arte Contemporânea de Rosario, Museu Arte Latino-Americano de Buenos Aires, entre outros.


Para saber mais sobre Feliciano Centurión, acesse seu site.

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