No tempo da fotografia com filme, as pessoas só conheciam o resultado das fotos que tiravam depois que elas eram reveladas, o que podia levar de poucas horas até alguns dias. Quando isso acontecia, na maioria dos casos, era tarde para melhorar uma foto desfocada, corrigir um enquadramento ou eliminar um objeto indesejado. Entretanto, com o advento da fotografia digital, pode-se rapidamente verificar a qualidade de um retrato captado, refazê-lo ou, realizar a sua edição, por meio de programas específicos para a finalidade.
Edição de imagens
Os primeiros programas de edição de imagens basicamente permitiam recortar, redimensionar e realizar algumas correções de cores, além de aplicar filtros básicos e outras funções simples. Com o passar do tempo, novas funcionalidades foram sendo lançados e muitos programas se transformaram em verdadeiros estúdios de tratamento digital.
Já o uso da inteligência artificial permite gerar imagens a partir de uma infinidade de dados, os quais podem ser combinados da forma que o usuário desejar. É possível, inclusive, criar fotografias de eventos que não aconteceram de fato, como mostra um estudo da ExpressVPN sobre os chamados deepfakes (do termo em inglês), isto é, falsificações criadas por computador por meio da técnica do aprendizado profundo (deep learning, em inglês).
Podemos citar alguns exemplos marcantes de como essa nova tecnologia já foi implementada: a foto que viralizou na internet algum tempo atrás do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de joelhos beijando a mão de Xi Jinping, presidente chinês; o Papa vestindo uma jaqueta branca super estilosa e até Donald Trump sendo preso por policiais. Esse tipo de imagem falsa é apenas uma amostra do potencial que a técnica tem para mudar a forma como nos lembramos dos eventos ou mesmo nos fazer lembrar de coisas que nunca existiram.
Outro caso interessante e recente foi o do fotógrafo alemão Boris Eldagsen, que, se recusou a ganhar o prêmio Sony World Photography ao afirmar que havia produzido a imagem premiada por IA – e para ele, isso não era fotografia. Boris disse que a enviou de propósito para “testar” os jurados: “Eu competi para provocar, para saber se as competições estão prontas para a chegada da IA. Não estão”, afirmou.
Inteligência humana + experiência e domínio da máquina = combinação imbatível
Desde a sua invenção, no início do século XIX, a fotografia tem sido utilizada para diversas finalidades. No meio jornalístico, publicitário ou artístico, as imagens captadas começaram a precisar de alterações por diversos motivos. Os programas de edição surgiram então, para simular as ferramentas que já existiam nos laboratórios fotográficos.
Anos mais tarde, surge a IA, que apesar de muitas preocupações, também oferece benefícios para os fotógrafos profissionais. Atualmente, os algoritmos podem, por exemplo, ajudar a identificar novas tendências e insights, são extremamente bons em imitar padrões de comportamento humano e em aprender processos para automatizar tarefas repetitivas da rotina, como reduzir o ruído, mantendo a imagem em alta qualidade. Mas embora estas funcionalidades possam aprimorar ou criar inúmeros aspectos do processo, sempre faltará a criatividade, a emoção e a interação humana que tornam a fotografia uma forma de arte única e valiosa.
Com tantos recursos digitais à disposição, tem sido possível realizar trabalhos que deixariam os inventores da fotografia maravilhados ao ver o nível de sofisticação que a invenção atingiu. E tudo isso sem precisar ser um expert (muito embora isso ajude bastante). O salto evolutivo que a fotografia deu com a entrada no mundo digital foi o maior de sua história, não apenas pelas novidades tecnológicas introduzidas, mas também pela abertura de um mundo de incríveis possibilidades que só o tempo irá nos revelar.