Haruhiko Kawaguchi
Art Attack

Haruhiko Kawaguchi fotografa casais embalados a vácuo para falar de amor

Haruhiko Kawaguchi

Haruhiko Kawaguchi é um fotógrafo que encontrou uma forma bem pouco tradicional de registrar casais. Nascido e criado em Tokyo, ele fotografa pessoas em situações claustrofóbicas para falar sobre afetividade.

Haruhiko é mais conhecido como Photographer Hal, e já registrou mais de 80 casais para sua série intitulada “Flesh Love”. O artista contou para o Pen que sua intenção é “envolver os pares em nada além de si mesmos para mostrar o quão próximos eles são e o amor que compartilham”.

No início do projeto, em 2009, todas as fotos eram feitas em um estúdio com fundo branco instalado na cozinha da casa do próprio artista. Com o passar dos anos ele sofreu algumas transformações e a partir de 2016 o cenário das fotos passou a ser o lugar onde os pares apaixonados haviam se conhecido.

FLESH-LOVE, A PRÉ-PRODUÇÃO DOS ENSAIOS

O processo de preparação para os ensaios pode levar até duas horas. Mas a partir do momento em que o casal é colocado na embalagem, o tempo para as fotos serem tiradas é de aproximadamente dez segundos. Depois que ambos entram nas bolsas plásticas, o ar é aspirado com um aspirador de até que não sobre mais oxigênio. Hal conta que normalmente não dá tempo de fazer mais do que duas capturas de imagem até que o saco tenha que ser aberto.

Uma dúvida que pode surgir em relação ao trabalho do fotógrafo é como ele consegue encontrar casais dispostos a se colocarem em uma embalagem plástica a vácuo. Em entrevista à Vice ele revelou que os conhece em bares, baladas, em qualquer lugar e a qualquer momento. E que sempre leva consigo algumas de suas fotos para mostrar pros possíveis candidatos a modelos.

Ele também disse que é essencial deixá-los tranquilos em relação ao significado e segurança de seu trabalho. Hal conta com o auxílio de um ajudante a todo momento para fazer a abertura do plástico em caso de emergência.

Todavia, ele conta que ninguém nunca se feriu durante os ensaios: “Na maioria dos casos, o único problema que enfrentamos é quando um modelo não cabe na bolsa. As “embalagens” são construídas especificamente para cada pose. Antes de tirar uma foto, todo mundo parece sentir medo. Mas quando as fotos terminam, todos parecem estar animados e se divertindo”, ele diz.

Em algumas das fotos os pares românticos aparecem nus, e em outras não. E quem decide isso são os próprios modelos. O fotógrafo afirma que faz parte da proposta respeitar como os casais se sentem mais a vontade para serem registrados, e conta também que normalmente eles levam algumas opções de roupas, e que o “nu” é só mais uma dessas opções.

AMPLIANDO A ESCALA

E em uma proposta mais recente, o japonês passou a embalar não somente casais, mas famílias inteiras e suas casas: “Assim, o artista vai além do tema único do amor e considera a família, a vida suburbana, igualmente sufocante. Uma vez definida a montagem, Haruhiko Kawaguchi instala pais e filhos, aspira o oxigênio e inicia a contagem regressiva, segundo a LM Magazine.

O método incomum de registrar relações afetivas então ganhou uma nova escala. Kawaguchi espera que o projeto empacote “não apenas o casal, mas também a casa deles, e espera ver o relacionamento deles com a sociedade através do vácuo“.

E a pré-produção desses ensaios é consequentemente muito maior. O japonês primeiro procura locais que gostaria de fotografar e levanta possíveis ângulos para os disparos. A seguir ele mede a casa e demais elementos do entorno e utiliza plástico de construção para criar as grandes bolsas que serão “seladas”, segundo o Trendland.

Ele também conta que o clima é um fator chave na etapa de tirar as fotos, já que as diversas “bolsas de ar” que se formam dentro de uma casa são capazes de romper o plástico. E o vento, por exemplo, deve estar soprando na direção da câmera para a casa para criar um maior efeito visual de vácuo. Ensaios como esse podem durar das sete da manhã às três da tarde, segundo o artista.

Independentemente da dimensão que decidiu trabalhar, Hal defende que seu trabalho artístico continua sendo pautado pelo amor: “Eu quero expressar amor através do meu trabalho. Porque tudo no mundo é baseado no amor. E somente o amor pode ter o poder de reunir todas as coisas, mesmo com todas as diferenças. Portanto, devemos cada vez mais espalhar o amor e o vínculo afetivo pelo mundo, conclui.

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