Inspirado por objetos antigos, Laurindo Feliciano cria ilustrações impressionantes com estilo vintage
Inspirado pela sua coleção de livros antigos, revistas, cartões postais e cartas, Laurindo Feliciano cria ilustrações impressionantes com estilo vintage. São colagens, texturas e imagens retrôs que nos deixam nostálgicos diante de tanta modernidade.
Conhecemos o artista por conta da capa do livro “Já Matei por Menos” da Juliana Cunha, editado pela Lote 42. Desde então, acompanhamos cada uma de suas obras e nos apaixonamos pelo seu jeito único de expressar as coisas. Incrível, não? Batemos um papo com o artista mineiro que mora há 10 anos na França:
FTC: Como você começou a criar suas ilustrações?
Laurindo: Penso que nenhum artista se define como tal da noite para o dia. Meu trabalho é o resultado de um longo e rigoroso processo de pesquisa e maturidade. Comecei, como grande parte dos ilustradores, desenhando sem medida de tempo ou espaço durante minha infância e ao longo da adolescência, sendo mandado inúmeras vezes à diretoria da escola por desenhar durante as aulas.
Demorou um certo tempo para que eu assumisse a ilustração como atividade principal e eu só me tornei ilustrador profissional em 2008. Essa é provavelmente a disciplina que engloba mais aspectos da minha personalidade, já que meu background é design de produto e arquitetura.
FTC: Seu trabalho é permeado por referências retrôs e vintage, diferentemente de qualquer ilustrador que já vimos. De onde vem a inspiração?
Laurindo: Meu processo criativo é intimamente ligado à questão da memória, tanto individual quanto coletiva. Nada mais natural que eu busque inspiração no passado. Revistas, livros e cartas antigas, tem um valor incalculável para mim. Cada vez que desenvolvo uma nova pesquisa essas texturas e cores d’outrora invariavelmente me deixam perplexos. Mas não é somente o lado estético que me interessa, geralmente folheando uma revista antiga me perco na leitura de algum artigo, fatos diversos ou crônicas, que acabam me inspirando e enriquecendo minhas referências.
Alguns diretores de arte com os quais trabalho regularmente perceberam isso e exploram essa minha curiosidade natural, me deixando livre para abordar certos temas à minha maneira. Um bom exemplo disso são os últimos trabalhos realizados para a crítica literária do jornal The Financial Times, na Inglaterra.
FTC: Como as cores influenciam nos seus projetos e no seu dia-a-dia?
Laurindo: Essa pergunta me faz lembrar minha última visita ao Brasil. Minha irmã gêmea Tatiana Caju, me entregou uma pasta que estava perdida com desenhos antigos, alguns realizados quando eu tinha apenas 11 anos de idade. O que salta aos olhos não é meu traço, mas a maneira natural como eu associava as cores.
Essa é seguramente a maior força do meu trabalho e minhas composições se constroem através disso. No meu dia a dia prefiro cores neutras, principalmente branco e tons naturais de madeira associados à toques de cores quentes. Estou no processo de mudança, vou deixar Paris para me instalar à 1 hora da capital, na Bourgogne, onde um novo estúdio me espera com paredes imaculadas e muita luz natural.
FTC: Se você pudesse definir a palavra arte, como descreveria?
Laurindo: Cada cultura define arte à sua maneira. Me recuso à aceitar definições meramente estéticas ou ligadas à definições de beleza, que são tão efêmeras quanto à própria arte. Para mim arte é a sublimação do espirito reagindo à propria existência. Eu adoraria poder descrever em palavras o que me ocorre em certas ocasiões de pleno processo criativo, onde me vejo transportado para outra dimensão e meu corpo parece não obedecer à ordem natural do tempo ou de limites da fadiga física.
No Facebook: Laurindo Feliciano. Muitas de suas artes também são vendidas em sua loja online.