Os bordados de Raquel Rodrigo vão além dos panos: eles ocupam fachadas de casas e muros em Madrid, Valência e outras cidades da Europa. A artista e cenógrafa espanhola usa técnicas de ponto cruz em grande escala para criar as imagens que usa como forma de intervenção urbana.
As obras são preparadas previamente, e só depois levadas para as ruas. Raquel utiliza fios grossos e borda com as mãos, cruzando os fios em uma malha de arame. Depois disso, o trabalho é fixado na superfície escolhida.
“Desde a infância eu sou autodidata, eu sempre gostei de máquina de costura. Anos mais tarde, fui contratada para decorar a fachada de uma loja chamada Café Costura e tive a ideia de trabalhar com linhas. Como a loja era de costura, eu bordei a entrada do prédio.”
O efeito estético produzido brinca com o velho e o novo. Ao mesmo tempo em que os bordados florais remetem a tradições antigas, eles também trazem a ideia de modernidade, lembrando pixels.
A evocação do passado pessoal de cada espectador é parte dos objetivos do projeto. “Eu gosto de criar emoções com os desenhos, e o que me entusiasma neste trabalho é que todos, homens ou mulheres, jovens ou idosos, têm uma relação com ponto cruz. As pessoas lembram de quando suas avós bordavam ou quando elas mesmos o faziam quando eram pequenas “, conta Raquel.
O processo de trabalho da sua chamada ‘Arquicostura‘ também caminha entre o virtual e o tradicional. A artista mede a fachada e, em seguida, cria a composição no computador. Para projetar o padrão de costura, pixeliza a imagem e a adapta ao tamanho real.
Os bordados oferecem também uma dimensão tátil. Raquel Rodrigo quer que seu trabalho seja acessível para pessoas com deficiência visual, e por isso combina diferentes tipos de materiais e dimensões de fio para criar sensações ao toque.